Carlos Slim investe 3,2% na BT: uma jogada estratégica ou apenas lucro?

A Control Empresarial de Capitales SA de CV, empresa de investimentos do bilionário Carlos Slim, confirmou a aquisição de uma participação de 3,2% na BT Group, uma gigante das telecomunicações britânicas. Curiosamente, essa compra ocorreu após a nova CEO da BT, Allison Kirkby, reverter a queda nas ações e aumentar os dividendos no último mês.
A participação da empresa de Slim ultrapassou o limite regulatório, exigindo a notificação da BT em 6 de junho, conforme um documento divulgado na quarta-feira.

Slim, que atualmente possui 84 anos, ocupa a 17ª posição na lista das pessoas mais ricas do mundo de acordo com o Bloomberg Billionaires Index. A maior parte de sua fortuna é proveniente da America Movil SAB de CV, a operadora de telefonia móvel mais significativa da América Latina. Além de sua empresa de investimentos, a América Móvil é também a maior acionista da Telekom Austria AG e mantém participação na Royal KPN NV, uma operadora da Holanda.

Um porta-voz da BT comentou que a empresa está aberta à colaboração com a investidora da família Slim e expressou boas-vindas a “qualquer investidor que compreenda o valor de longo prazo do nosso negócio”.

Segundo Arturo Elias Ayub, porta-voz de Slim, essa participação é inteiramente “um investimento financeiro, semelhante às nossas ações em várias outras empresas”.

Na liderança da BT, Allison Kirkby está determinada a cortar custos e reverter as perdas de ações que afetaram a companhia de telecomunicações britânica. No mês passado, ela surpreendeu o mercado ao anunciar um aumento nos dividendos, resultando em um salto nas ações, que atingiram uma máxima em 24 anos naquele dia. Além disso, Kirkby delineou um plano para cortar 3 bilhões de libras (equivalente a R$ 20,7 bilhões) em custos anuais até 2029.

As ações da BT apresentaram um aumento de 1,1% nas negociações de Londres na quarta-feira, encerrando o dia a 129,40 pence, o que representa uma alta de 4,7% no ano.

A trajetória de riqueza de Slim está intimamente ligada ao êxito de suas investidas em telecomunicações, que começou com a aquisição da Telefonos de Mexico em 1990 através de um processo de privatização governamental. Desde então, ele tem adquirido companhias telefônicas pelo continente latino-americano e se aventurado em serviços sem fio, oferecendo planos acessíveis de telefonia celular pré-pagos, criando o que se conhece como América Móvil. Contudo, suas tentativas de expansionar este modelo de negócios para a Europa a partir de 2013 encontraram obstáculos e menos sucesso.