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Zelensky cobra Trump por plano para pôr fim à guerra na Ucrânia

Presidente ucraniano desafia Trump a apresentar soluções para encerrar o conflito. “Queremos saber se manteremos a soberania!”

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Volodymyr Zelenskiy, líder da Ucrânia, durante uma entrevista em Kiev, Ucrânia, na quarta-feira, 3 de julho de 2024. Zelenskiy afirmou que Donald Trump deveria expor sua estratégia para finalizar rapidamente o conflito com a Rússia, enfatizando que qualquer sugestão deve respeitar a soberania da nação (Julia Kochetova/Bloomberg)

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, fez um apelo direto a Donald Trump, desafiando-o a divulgar seu plano para encerrar rapidamente a guerra contra a Rússia. Em uma declaração incisiva, Zelensky frisou que qualquer proposta deve garantir a soberania da nação ucraniana.

“Se Trump realmente sabe como encerrar essa guerra, ele tem a obrigação de nos dizer hoje”, afirmou Zelensky em uma entrevista à Bloomberg Television em Kiev, nesta quarta-feira. “Para nós, é crucial entender se haverá riscos à nossa independência. Queremos estar prontos para isso”, acrescentou.

Donald Trump, ex-presidente dos EUA e líder nas pesquisas para as eleições de novembro contra Joe Biden, se vangloriou de que conseguiria pôr fim ao conflito até a data de sua posse em janeiro. Durante um debate televisionado na semana passada, Trump criticou os bilhões de dólares que foram enviados para defender a Ucrânia, argumentando que Kiev “não está vencendo a guerra”.

Em uma conversa que durou quase uma hora, Zelensky expressou frustração quanto aos atrasos na entrega de armas dos aliados ocidentais. Ele se mostrou “potencialmente pronto” para se encontrar com Trump e ouvir as propostas que virão de sua equipe.

Nossa vida

“Eles não podem planejar minha vida e a vida do nosso povo e de nossos filhos”, declarou Zelensky. “Nós queremos entender se, em novembro, teremos o sólido apoio dos EUA ou se estaremos abandonados”, completou.

A relação entre Zelensky e Trump tem sido tumultuada. Trump acusou Zelensky de corrupção durante seu mandato e, logo após sua eleição em 2019, pressionou-o a investigar alegações que envolviam Biden — um movimento que culminou em seu primeiro impeachment.

Steven Cheung, diretor de comunicações da campanha de Trump, respondeu às perguntas da Bloomberg nesta quarta-feira, afirmando que o potencial candidato republicano “tomará as medidas necessárias para restaurar a paz e reforçar a força e a dissuasão dos EUA no cenário global”.

Zelensky refutou a ideia de que a Ucrânia está em um impasse, desconsiderando o termo para descrever a guerra. Ele assegurou que as forças ucranianas estão em uma posição de vantagem em comparação com alguns meses atrás, enfatizando que uma nova contraofensiva depende da chegada do armamento necessário.

“Não se trata de um impasse, mas de uma situação complicada”, destacou ele. “Um impasse sugere que não há saída, mas um problema pode ser resolvido com vontade e recursos. Nós temos essa vontade, mas as ferramentas ainda não chegaram”, lamentou.

Com a invasão em larga escala do Kremlin agora em seu terceiro ano, os estoques de armas e munições ucranianas têm diminuído, enquanto o exército russo capitalizou ganhos incrementais desde o início do ano.

Embora Zelensky tenha agradecido o pacote de ajuda de US$ 61 bilhões aprovado pelo Congresso dos EUA, que havia sido adiado por seis meses, ele criticou a lentidão na entrega dos equipamentos à linha de frente.

“Essa é a maior tragédia desta guerra: há um atraso significativo entre a decisão e a ação real”, declarou Zelensky.

Na quarta-feira, os aliados da Otan concordaram em fornecer pelo menos € 40 bilhões em ajuda militar para a Ucrânia ao longo do próximo ano, mas não fizeram promessas concretas para os anos seguintes, conforme informado por diplomatas da aliança.

Otan

Na próxima semana, Zelensky estará na cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte em Washington, onde fará lobby por mais sistemas de defesa aérea Patriot e buscará ampliar os acordos de segurança, já firmados com 20 aliados, incluindo a UE, Reino Unido, Alemanha e EUA. Embora a Ucrânia deseje um convite para se juntar à aliança de defesa, Zelensky reconhece que “sabemos que não conseguiremos isso”.

“Se não conseguirmos a adesão, gostaríamos de ver algo que se assemelhe a um convite”, disse Zelensky, ressaltando que isso servirá como um forte sinal de que ninguém teme Putin e que todos confiam na liderança dos EUA.

O presidente ucraniano também sugeriu que a China pode ter um “papel vital” na resolução deste conflito, dado que Moscou é extremamente dependente do mercado chinês para suas exportações. Ele propôs que EUA e China, ao superarem suas diferenças, poderiam trabalhar juntos para pôr fim à guerra.

Depois que o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, pediu que Zelensky considerasse um cessar-fogo durante sua primeira visita a Kiev desde o início da guerra, o líder ucraniano rejeitou a proposta, explicando que aqueles que defendem essa ideia não sabem como um cessar-fogo funcionaria na prática.

“Ninguém tem uma resposta concreta”, afirmou Zelensky. “Não estou fazendo acusações, apenas explicando”, completou.

Zelensky se absteve de comentar sobre o desempenho de Biden no debate da semana passada, que ele assistiu. Em vez de discutir política interna, ele concentrou-se nas posições de cada candidato em relação à Ucrânia.

Entretanto, ele observou que, como ex-personalidade de TV, a mídia possui um grande poder sobre como o público percebe um líder. Para além da mera aparência, o presidente dos EUA precisa demonstrar “passos fortes e decisivos” para conquistar a confiança do eleitorado, concluiu Zelensky.

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