Em um movimento surpreendente, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, declarou estar aberto a participar da iniciativa de paz proposta por Donald Trump, revelando também interesse em negociações diretas com a Rússia.
Essas declarações foram feitas antes de um importante encontro na Conferência de Segurança de Munique com o vice-presidente dos EUA, JD Vance. Os preparativos estão em curso para que negociadores dos EUA, da Europa e da Ucrânia realizem conversas entre Trump e o presidente russo, Vladimir Putin, com a meta de pôr fim ao conflito que já se arrasta há mais de três anos.
“Estamos prontos para negociações com os EUA, nossos aliados — e, após estabelecermos uma posição sólida, partiremos para o diálogo com os russos”, afirmou Zelensky em entrevista à imprensa na sexta-feira, na Baviera.
Líderes presentes em Munique estão atentos a como o governo de Trump conduzirá esse processo de diálogo com Putin. Enquanto Trump busca uma resolução rápida para a guerra, isso poderia significar concessões significativas à Ucrânia e, potencialmente, um afastamento dos europeus das discussões.
Em relação ao encontro com Vance, num momento crucial em que os EUA estão reavaliando sua estratégia para a guerra, Zelensky expressou que “valoriza profundamente nossa parceria”, mas fez questão de ressaltar que a presença americana na Europa é vital para conter a ameaça russa.
“O receio de não termos apoio dos EUA é palpável”, destacou Zelensky. “Isso é preocupante.”
A equipe de Zelensky está preparando propostas para um esboço de acordo que permitiria aos EUA acesso a minerais ucranianos em troca de garantias de segurança. Recentemente, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, esteve em Kyiv para discutir um acordo econômico essencial para assegurar o contínuo apoio de Washington.
No entanto, líderes europeus se veem diante de dificuldades em acompanhar a volatilidade nas posições da equipe de Trump. Vance, em uma declaração ao Wall Street Journal, indicou que o envio de tropas americanas para a Ucrânia ainda é uma opção se Moscou não negociar de boa-fé.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, comentou que as novas declarações trouxeram “elementos adicionais” à posição dos EUA e que Moscou aguarda esclarecimentos de Washington.
Em Varsóvia, o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, reiterou que a ambição da Ucrânia em recuperar todos os territórios perdidos desde 2014 “não é realista”, sugerindo que os termos das negociações ainda estão sendo elaborados e que os europeus devem ser parte desse diálogo.
“Parte das negociações incluirá nosso presidente, Zelensky, Putin — e, sem dúvida, a Europa estará envolvida”, concluiu Hegseth.

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