Este ano, Wimbledon dará um passo audacioso, substituindo os árbitros de linha humanos, com suas camisas listradas e calças brancas, por um sistema revolucionário de tecnologia. Serão 12 câmeras estrategicamente posicionadas ao redor da quadra para determinar se a bola caiu dentro ou fora!
Com início em 30 de junho, este Grand Slam adotará a marcação eletrônica de linha totalmente, graças à inovação da subsidiária da Sony, a Hawk-Eye Innovations. Localizada em Basingstoke, Inglaterra, a empresa utiliza inteligência artificial para rastrear a trajetória da bola e oferecer análises de jogo e arbitragem para mais de 25 esportes, incluindo beisebol e futebol.
A pressão por partidas mais rápidas e envolventes está cada vez mais forte, conforme apontado por Fumiatsu Hirai, chefe do negócio de entretenimento esportivo da Sony. Além disso, a pandemia resultou em escassez de árbitros, levando a um aumento das demissões. Árbitros humanos enfrentam hostilidade sem precedentes, incluindo ameaças de morte, em um cenário onde bullying online e apostas se tornaram comuns.
“A demanda por automação só aumenta”, afirmou Hirai de forma contundente.
Este contrato com Wimbledon representa uma vitória significativa na estratégia da Sony de expandir suas ofertas de entretenimento através da aquisição de empresas de tecnologia esportiva. A gigante japonesa está em busca de novas oportunidades para ampliar seu portfólio em tecnologia relacionada ao esporte, segundo Hirai.
“Estamos sempre abertos a oportunidades atrativas”, afirmou, aludindo a potenciais novas aquisições, embora prefira manter detalhes em sigilo.
A Hawk-Eye, fundada em 2001 por cientistas com foco em trajetórias de foguetes, foi adquirida pela Sony em 2011. Seu sistema de marcação de linha, que utiliza dados de câmeras para determinar de forma instantânea onde a bola caiu e a posição dos pés dos jogadores durante os saques, já é utilizado no Australian Open e no US Open. Vale destacar que Wimbledon já havia feito uso de suas tecnologias para auxiliar juízes anteriormente.
A tecnologia da Hawk-Eye também deverá fornecer medições virtuais da linha ofensiva na NFL em 2023.
A divisão de esportes da Sony, que registrou vendas abaixo de ¥20 bilhões (cerca de US$ 140 milhões) no ano fiscal que se encerrou em março de 2022, constitui uma parcela pequena do vasto portfólio da empresa, que gera vendas anuais em torno de ¥13 trilhões, abrangendo desde jogos e música até filmes e semicondutores.
No entanto, esse setor está apresentando um crescimento constante, superando a taxa de crescimento anual alvo de 17% nos cinco anos até março de 2027, de acordo com Hirai, que optou por não compartilhar mais informações.
Desde a aquisição da Hawk-Eye, a Sony adquiriu a empresa de análise de dados Beyond Sports em 2022, com o objetivo de proporcionar uma experiência de entretenimento esportivo mais imersiva. Em 2024, a empresa também comprou a KinaTrax, que utiliza tecnologia de captura de movimento para fornecer dados biomecânicos de desempenho aos atletas.
O mercado global de esportes deverá crescer para cerca de US$ 651 bilhões até 2028, um aumento superior a 30% em relação a 2023, segundo dados do Research and Markets, em Dublin.
Equipes esportivas estão utilizando dados biométricos para otimizar tanto as condições físicas quanto mentais dos atletas.
A Hawk-Eye, que também oferece transmissão esportiva interativa por meio de sua unidade Pulselive, agora lidera o campo da tecnologia esportiva, conforme mencionado por Mitsuru Tanaka, professor associado da Universidade Shobi.
Essa posição de liderança foi evidenciada quando a Major League Baseball optou por migrar do sistema baseado em radar da dinamarquesa TrackMan para a solução da Hawk-Eye, que rastreia tanto a bola quanto os jogadores, segundo Tanaka.
No entanto, o ritmo acelerado da inovação e as baixas barreiras de entrada nesse mercado apresentam riscos. “Há sempre o risco de a Hawk-Eye perder sua vantagem competitiva diante de novas tecnologias que possam surgir”, advertiu Tanaka.

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