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Warner Bros enfrenta bilionário fiasco com “Esquadrão Suicida” nos games
Warner Bros reporta um prejuízo impressionante de US$ 200 milhões. Um verdadeiro fiasco no setor de jogos!
David Haddad, o CEO de videogames da Warner Bros, fez uma visita aos escritórios da Rocksteady Studios em Londres no meio de fevereiro para discutir a situação da empresa. E diferente de encontros anteriores, onde reinavam eufemismos, desta vez Haddad não ficou em cima do muro. Com semanas após o lançamento, seu mais recente jogo, “Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça”, afundava.
Embora os detalhes sobre o colapso do jogo tenham sido escassos, duas fontes que preferiram o anonimato indicaram que as dificuldades foram severas. Em 9 de maio, durante uma teleconferência, a Warner Bros. anunciou um prejuízo de US$ 200 milhões (R$ 1,06 bilhão), colocando o título como um dos maiores fracassos da indústria dos jogos.
De acordo com entrevistas com quase vinte pessoas que pediram anonimato, o desenvolvimento de “Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça” foi marcado por atrasos constantes, uma visão instável, e mudanças que não alinhavam com a cultura do estúdio. Um porta-voz da Warner Bros. Games se recusou a dar comentários.
Esse grande rombo pode influenciar negativamente não só a Warner Bros, mas também desestimular investimentos semelhantes no mercado de games por empresas tradicionais de mídia. Joost van Dreunen, professor de negócios de videogames da Universidade de Nova York, já vê essa possibilidade se concretizando.
Cenários por trás do prejuízo
Esse grande fracasso acontece em um momento delicado para o CEO David Zaslav. A empresa-mãe da CNN, HBO e TNT lida com desafios como quedas nas vendas publicitárias e pressões financeiras das salas de cinema. Nos últimos dois anos, as ações da Warner caíram de US$ 26 em abril de 2022 para mais de US$ 8 no dia da teleconferência.
A divisão de jogos tinha potencial para ser um alicerce positivo com o sucesso de Hogwarts Legacy, que vendeu mais de 24 milhões de cópias. Mas ao invés disso, a Rocksteady trazia um estigma de fracasso. Zaslav descreveu o lançamento como uma “decepção” que “ofuscou” todo o restante do trimestre.
A Warner Bros tem lutado por anos para transformar suas franquias da DC Comics em sucessos, tal como a Disney faz com suas propriedades. O filme “Esquadrão Suicida”, lançado em agosto de 2016, arrecadou impressionantes US$ 750 milhões mundialmente, mostrando que a marca tinha potencial. A empresa logo se viu sob pressão para aproveitar essa notoriedade, levando os executivos a interromper o desenvolvimento de um jogo menor e focar nos titãs do mercado.
Crise criativa profunda
A Rocksteady, conhecida por sua saga aclamada de “Batman: Arkham”, se viu em uma encruzilhada. Em 2016, cofundadores Jamie Walker e Sefton Hill optaram por uma mudança de direção drástica. O protótipo de um jogo de quebra-cabeça multiplayer, então chamado “Stones”, foi descartado em favor de “Esquadrão Suicida”. A ideia seria lançar algo até 2020.
Numa época em que os serviços online estavam em alta devido a títulos como “Destiny”, a Warner Bros pressionou pela transição para um jogo online, mesmo sem a Rocksteady ter esse histórico. Assim, a proposta de um jogo multiplayer com conteúdo em tempo real tomou forma.
Com um crescimento acentuado da equipe, de 160 a 250 integrantes em sete anos, a administração da Rocksteady se tornou um desafio. Ao contrário do que muitos podiam imaginar, esses novos ventos criaram uma cultura difícil de gerenciar.
Desafios e cultura tóxica
Durante o desenvolvimento do jogo, o estúdio manteve tudo em sigilo, até mesmo os novos contratados, que se mostraram surpresos ao descobrir que estavam trabalhando em um projeto multiplayer. A pressão levou muitos a deixarem a equipe.
Com mudanças contínuas de foco e conceitos, algumas ideias começaram a criar confusão em relação ao próprio jogo. O próprio personagem “Capitão Bumerangue”, por exemplo, teve seu modo de combate alterado de corpo a corpo para o uso de armas de fogo, o que gerou questionamentos dentro da equipe.
A demora em finalizar o projeto levou a uma cultura de “positividade tóxica”, onde as preocupações eram minimizadas e as críticas não eram bem-vindas. Muitos na equipe sentiam que os mesmos problemas que afetaram outros jogos de grande orçamento estavam se repetindo aqui.
Mudanças de liderança
Enquanto o desenvolvimento enfrentava turbulências, novidades na liderança surgiram. Hill e Walker deixaram a Rocksteady em 2022, e a equipe de gestão foi passada para Nathan Burlow e Darius Sadeghian. Essa mudança deixou a equipe intrigada e, em busca de novos horizontes, Walker e Hill fundaram um novo estúdio, prometendo liberdade criativa.
O grande lançamento
Após a saída dos cofundadores, “Esquadrão Suicida” foi apresentado ao público em uma vitrine digital. A recepção foi morna, com críticas enfatizando a experiência genérica e repetitiva do jogo. As expectativas começaram a despencar.
A Warner Bros adiou o lançamento, levando a especulações sobre se a Rocksteady poderia mudar a direção do jogo. Porém, já era tarde demais.
Em fevereiro de 2024, o público recebeu “Suicide Squad”, mas a expectativa não foi correspondida. Críticos o avaliaram com 60 de 100 no Metacritic, e o jogo não conseguiu atrair um público significativo, mesmo com uma campanha de marketing agressiva.
Apesar disso, a Warner Bros não se deixará abater. Com o setor de jogos crescendo exponencialmente, Haddad expressou interesse em mais colaborações entre estúdios e novas oportunidades. A equipe da Rocksteady está agora colaborando numa nova versão do diretor de “Hogwarts Legacy”, enquanto se planeja um novo jogo single-player, retornando assim às raízes da produtora.
“Acredito que eles terão outra chance,” comentou Doug Creutz, analista da TD Cowen. “Com sorte, será algo que se alinhe aos talentos que eles já demonstraram.”
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