Os assessores de investimento de Wall Street estão a um passo de uma revolução: a chegada dos ETFs (fundos de índices) com exposição direta ao Bitcoin (BTC). Essa mudança é vista como um marco significativo para o mercado de criptomoedas, prometendo atrair volumes massivos de capital, tanto institucional quanto do varejo.
O cenário otimista em torno desses produtos financeiros está alimentando a mais recente tendência de alta da principal criptomoeda global, à medida que gestores de patrimônio se preparam para alocar uma fração de seus trilhões de dólares nos promissores ativos digitais.
Com uma guinada regulatória no horizonte, é esperada a aprovação da Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) para esses fundos, possivelmente ainda em janeiro, após anos de negativas.
Essa luz verde representa uma possível redenção para os defensores do setor, um ano após a queda da exchange FTX que gerou uma crise sem precedentes e consolidou a resistência crítica das finanças tradicionais.
Com a participação de gigantes como BlackRock, Fidelity e Invesco, o mercado de ETF spot de Bitcoin pode se transformar em um colossal mercado de US$ 100 bilhões, segundo estimativas da Bloomberg Intelligence.
A aproximação do lançamento do primeiro ETF de Bitcoin nos EUA levou a Galaxy Digital Holdings a organizar uma conferência, em parceria com a Invesco, reunindo cerca de 300 profissionais de investimento para discutir alocação em Bitcoin.
Expectativa no ar
Jeff Janson, assessor da Summit Wealth, já está se preparando para a aprovação. Ele afirma ter sido procurado por investidores de todas as idades, demonstrando grande interesse.
“Acredito que a aprovação da SEC é iminente. Quando isso acontecer, o interesse institucional será substancial,” declarou Janson, cuja empresa administra aproximadamente US$ 550 milhões.
Embora muitos ainda se recuperem das turbulências pós-FTX, que esfriaram o entusiasmo por criptomoedas, o potencial de um ETF renova as esperanças.
Após a queda do império de Sam Bankman-Fried, muitos investidores comuns se distanciaram do mercado. Mesmo com as recentes altas, o Bitcoin permanece longe de seus recordes de preços de 2021.
Enquanto isso, gestores de fundos de hedge, como Paul Tudor Jones, mantêm silêncio após a disseminação de desinformação sobre ETFs de Bitcoin, que acabou prejudicando as expectativas positivas.
No entanto, o novo sentimento otimista decorre de mudanças nos incentivos do setor e do apelo das criptomoedas em desafiar o sistema financeiro convencional.
No momento, apenas ETFs de Bitcoin baseados em futuros estão disponíveis, com custos que podem impactar os lucros. Aqueles que buscam “Bitcoin puro” estão acessando por plataformas como Coinbase ou Robinhood, fazendo com que os assessores de investimento fiquem para trás nas movimentações.
Um ETF tem potencial para ser um divisor de águas, como afirma Chuck Cumello, que tem recebido muitas perguntas de investidores sobre a disruptiva natureza de um ETF de Bitcoin.
“Negociar um ETF será simples e acessível para nossos clientes,” afirmou o presidente e CEO da Essex Financial Services, em Connecticut.
Instituições sob o olhar atento
A escolha de tickers aparentemente “sem graça”, como IBTC e BTCO, revela que o foco dos emissores de ETF pode ser na captação de clientes institucionais.
“Tickers mais criativos geralmente miram investidores de varejo mais jovens, que podem não ser a principal audiência para esses fundos,” apontam Eric Balchunas e James Seyffart, da Bloomberg Intelligence.
Na Compass Financial Advisors, em Indiana, Chris Swanson e James Weber elaboram carteiras-modelo personalizadas, integrando alocação em ativos alternativos como criptomoedas nas estratégias de investimento de seus clientes.
A expectativa é que, com o lançamento dos ETFs à vista, as apostas em cripto cresçam significativamente.
“Estamos focados em garantir um bom desempenho para nossos clientes, e acreditamos que isso será um diferencial no mercado,”
Chris Swanson, assessor da Compass Financial Advisors
No entanto, a fundadora da Pence Wealth Management, Laila Pence, destaca a diminuição do interesse por moedas digitais entre os clientes mais jovens após os altos da pandemia. “Com o S&P e Nasdaq performando tão bem, por que arriscar?” pergunta ela, enfatizando a confiança no desempenho das ações.
Por outro lado, para os otimistas do mercado cripto, a normalização dos ETFs pode validar uma classe de ativos que enfrenta ceticismo. A maior transparência e liquidez pode oferecer a confiança necessária para novos investidores, potencialmente mudando a dinâmica do mercado, conforme argumenta a Coinbase.
“A adoção do Bitcoin poderá ser profundamente transformada com os ETFs, indo além do fluxo imediato para esses produtos. No entanto, reconhecemos que isso levará tempo,” conclui a exchange em seu relatório.
You must be logged in to post a comment Login