As montadoras europeias estão enfrentando um desafio significativo com as novas tarifas impostas pelo presidente Donald Trump e, como resultado, aumentarão os preços e planejam mover sua produção para os Estados Unidos.
A Volkswagen já anunciou que adicionará taxas de importação aos preços dos carros enviados para os EUA, em função da tarifa de 25% que incide sobre veículos importados. Esta decisão é uma resposta direta à mudança nas políticas comerciais. Por outro lado, tanto a Volvo quanto o grupo Mercedes-Benz estão considerando expandir sua produção local para contornar esses encargos, uma estratégia vital para manter sua competitividade.
As fabricantes alemãs, em particular, estão entre as mais impactadas por essas novas tarifas, que prometem aumentar os custos e complicar as cadeias de suprimento. A forte demanda por SUVs, que possuem uma margem de lucro maior, combinada com uma aceitação mais gradual de veículos elétricos pelo consumidor americano, torna o mercado dos EUA extremamente atraente para marcas como Mercedes, BMW e Porsche.
Um “Ponto de Inflexão”
Hildegard Müller, presidente da associação da indústria automotiva da Alemanha (VDA), destacou que as tarifas representam um “ponto de inflexão fundamental na política comercial” e que isso acarretará prejuízos não apenas para as montadoras, mas também para os consumidores nos EUA, que podem enfrentar “inflação crescente e uma variedade reduzida de produtos”.
A Volkswagen já comunicou aos distribuidores nos EUA sobre a imposição dessas novas taxas e a suspensão temporária dos envios por trem do México, além de reter veículos importados da Europa nos portos, conforme reportado pela Automotive News. A empresa confirmou a existência do memorando, mas evitou comentar sobre seu conteúdo.
A reação do mercado foi imediata: na última quinta-feira, as ações das montadoras alemãs caíram, com a Volkswagen e a Mercedes apresentando uma queda superior a 3%, enquanto a BMW registrou uma baixa de 4,3%.
Mudança Estratégica Necessária
Jörg Burzer, chefe de produção da Mercedes, indicou que a empresa pode transferir a fabricação de um modelo específico para sua planta no Alabama, embora ainda não tenha revelado qual. O SUV GLC, que é importado da Alemanha, é o modelo mais vendido da marca nos EUA, com mais de 64 mil unidades vendidas em 2024 — um aumento notável de 58% em relação ao ano passado.
A Mercedes também está considerando descontinuar seus modelos menores e mais acessíveis no mercado americano. A Volkswagen, por sua vez, já está fabricando os modelos elétricos ID.4 e Atlas no Tennessee, mas ainda depende da importação de veículos como ID. Buzz, Golf, Tiguan, Taos e Jetta da Europa e do México.
Em relação à BMW, que produz cerca de 400 mil veículos anualmente em Spartanburg (Carolina do Sul), a montadora ainda se vê dependente de peças importadas da Europa, como motores, o que torna sua situação ainda mais delicada.
A Volvo, empresa sueca, também irá aumentar sua produção nos EUA. A montadora já fabrica os modelos elétricos EX90 e Polestar 3 em Charleston e planeja trazer mais um modelo para a produção local, segundo informou o CEO Håkan Samuelsson.
Além disso, na Itália, a Ferrari já anunciou um aumento de até 10% nos preços de alguns de seus modelos nos EUA, o que pode significar uma elevação de dezenas de milhares de dólares.
No Reino Unido, que exporta cerca de 80% de sua produção automotiva, líderes da indústria alertaram que os consumidores americanos enfrentarão preços mais altos em marcas como Range Rover, Mini, Bentley e Aston Martin. “Esses custos não podem ser absorvidos pelas montadoras, e os consumidores terão que pagar mais ou abrir mão de marcas britânicas icônicas”, afirmou Mike Hawes, CEO da Society of Motor Manufacturers and Traders.

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