Os mercados financeiros se preparam para mais uma semana de intensa volatilidade. O prolongado conflito no Oriente Médio está catalisando uma migração dos investidores para ativos de refúgio, forçando muitos a reavaliar suas previsões sobre as taxas de juros globais. O dólar americano, o iene japonês e o franco suíço – conhecidos por sua robustez em tempos difíceis – estarão no foco das atenções nesta segunda-feira, quando os mercados reabrirem às 5h em Sydney. Por outro lado, moedas mais arriscadas, como o dólar australiano, enfrentaram vendas acentuadas na abertura da semana passada e podem ver pressões semelhantes novamente. O ouro, por sua vez, registrou sua maior alta desde março na última sexta-feira.
A análise dos preços do petróleo e dos títulos do Tesouro também se tornará um ponto central, após uma semana repleta de oscilações, onde os títulos experimentaram os mais altos ganhos e perdas em anos. O índice acionário de Israel, o TA-35, voltou a registrar quedas no domingo.
As informações sobre o exército israelense, que declarou estar se preparando para “operações terrestres significativas” em Gaza, aumentam as tensões. Enquanto isso, os Estados Unidos têm mantido diálogos discretos com o Irã para evitar uma escalada do conflito. O Secretário de Estado americano, Antony Blinken, realizará uma nova visita a Israel nesta segunda-feira após uma turnê pelo Oriente Médio, que incluiu paradas na Jordânia, Bahrein, Catar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.
As consequências de uma guerra mais ampla no Oriente Médio já são tema de debate na Bloomberg Economics, que aponta a possibilidade de que isso possa empurrar a economia global para uma recessão. Este cenário conecta-se a uma lista crescente de preocupações entre os investidores sobre a continuidade dos aumentos nas taxas de juros pelo Federal Reserve e a paralisia que pode ocorrer em um Congresso dos EUA dividido.
Ed Al-Hussainy, estrategista global de taxas da Columbia Threadneedle, aponta que um cenário econômico em deterioração, aliado a grandes flutuações nas taxas de juros, “preparou o cenário” para que a volatilidade aumente globalmente. Os investidores têm os olhos voltados para a potencial expansão da guerra entre Israel e Hamas, mas, até o momento, o foco dos negociadores de moedas permanece no Federal Reserve.
Embora as medições gerais da volatilidade do mercado permaneçam em níveis moderados, a moeda suíça subiu para seu maior valor em mais de um ano em relação ao euro, enquanto o dólar americano avançou pela quarta semana consecutiva. A volatilidade das ações do S&P 500 também está em ascensão.
A incerteza no cenário americano continua a ser um fator catalisador para novas flutuações nos mercados. Um relatório de inflação que superou as expectativas aumentou as apostas em um novo aumento das taxas pelo Fed, superando as tendências em ativos de refúgio nas horas seguintes e desencadeando a maior venda diária de títulos de 30 anos desde o início da pandemia.
A medida das oscilações de preço esperadas no maior ETF do Tesouro do mundo superou as do mais significativo fundo de ações neste mês, registrando o maior valor desde, pelo menos, 2005, quando os dados começaram a ser compilados pela Bloomberg.
Adicionalmente, a Câmara dos Representantes dos EUA permanece sem liderança. Os republicanos escolheram Jim Jordan, endossado pelo ex-presidente Donald Trump, mas ele enfrenta sérios obstáculos para ser eleito presidente da Câmara, devido às preocupações de parlamentares mais moderados quanto a suas posições extremas.
Entretanto, o conflito no Oriente Médio prevalece como a maior incógnita para os investidores.
“A ansiedade toma conta, todos se perguntando qual será o desfecho. Até que realmente comecemos a nos preocupar com a oferta de petróleo, o mercado permanece em espera, com o fôlego suspenso”, afirma Jane Foley, chefe de estratégia de moeda do Rabobank.
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