A Ucrânia está pressionando para que a Europa nomeie rapidamente um enviado para as negociações de paz com os EUA e a Rússia, conforme declarado por Ihor Zhovkva, um dos principais assessores do presidente Volodymyr Zelensky.
“Essa decisão precisa ser tomada com urgência”, destacou Zhovkva, que é vice-chefe do escritório de Zelensky, durante uma entrevista à Bloomberg. “Espero que isso aconteça logo após a reunião em Paris. Precisamos agir, e não hesitar.”
Embora Zhovkva não tenha revelado nomes, ele enfatizou a necessidade de um representante que possua um nível de liderança equivalente ao de Zelensky, do presidente dos EUA Donald Trump e do presidente russo Vladimir Putin.
Zelensky, falando aos repórteres através de videoconferência dos Emirados Árabes Unidos, também reafirmou a necessidade de um “representante da Europa” para facilitar as conversas.
A reação dos líderes da UE foi de surpresa com a velocidade com que Trump está pressionando para que as negociações com Putin se iniciem, em um contexto onde oficiais dos EUA e da Rússia têm um encontro marcado na Arábia Saudita ainda esta semana.
O presidente francês, Emmanuel Macron, convocou uma mini-cúpula urgente neste dia 17 em Paris, reunindo vários líderes europeus, incluindo o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, para discutir a posição da Ucrânia e possíveis aumentos nos gastos com defesa na Europa.
Embora não se aguarde uma decisão formal, espera-se que sejam discutidas as respostas à posição dos oficiais dos EUA na Conferência de Segurança de Munique, onde claramente limitou as ações militares que Washington está disposto a realizar na Europa.
Macron teve uma conversa telefônica com Trump de aproximadamente 20 minutos antes da reunião, conforme informado pela presidência francesa, e planeja atualizá-lo após a cúpula.
Além disso, os EUA também têm buscado aproximação com países europeus para entender melhor quais garantias de segurança estariam dispostos a oferecer à Ucrânia, buscando definir um acordo de paz sustentável. A administração Trump está particularmente interessada em saber como os aliados reagiriam se forças de manutenção da paz fossem atacadas por Moscou.
Se os EUA persistirem na rapidez das ações, a Europa pode correr o risco de ser marginalizada em negociações que poderão moldar o equilíbrio de segurança no continente por anos, a menos que apresente um plano concreto em breve.
Oficiais de Kiev e da Europa expressaram que desejam que haja um consenso sobre garantias de segurança antes de qualquer contato com a Rússia, ressaltando que a Ucrânia não aceitará acordos que não sejam fruto de sua própria participação nas negociações. Para que a Europa possa ter influência na mesa de discussão, é necessário que traga propostas concretas e defina quem está realmente representando seus interesses.
Por outro lado, alguns oficiais europeus expressaram descontentamento com o fato de que muitos Estados membros da União Europeia foram excluídos da reunião em Paris. A presidente da Eslovênia, Natasa Pirc Musar, criticou o formato da cúpula, afirmando que ele transmite a “mensagem errada”, sugerindo que o consenso da UE sobre a Ucrânia e outros tópicos pode estar se desintegrando.
Os líderes da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do Conselho Europeu, Antonio Costa, foram convidados a representar o bloco, junto ao chefe da Otan, Mark Rutte.

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