Um ataque ousado de drones orquestrado pela Ucrânia em território russo deixou as autoridades do Kremlin em estado de alerta, expostas a uma vulnerabilidade inesperada de sua frota aérea nuclear, que estava a milhares de quilômetros longe do campo de batalha.
No último domingo, a Ucrânia realizou uma operação surpreendente contra bombardeiros russos de longo alcance, atingindo bases aéreas na Sibéria e desestabilizando o arsenal que Moscou utiliza para bombardear a Ucrânia. Essa ação sublinha a capacidade crescente da Ucrânia de atacar alvos estratégicos em território russo, que antes eram considerados fora de alcance.
Embora ninguém acredite que esse ataque mude o rumo da guerra de Vladimir Putin, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky não hesitou em comemorar a operação, que ele descreveu como “brilhante”. Planejada meticulosamente ao longo de um ano e meio, a ação utilizou veículos aéreos não tripulados lançados de caminhões, marcando um feito sem precedentes nos três anos de conflito.
O impacto nos bombardeiros, como os Tu-160, Tu-95 e Tu-22 M3, foi significativo, uma vez que esses tinham sido considerados ativos menos vulneráveis. O Ministério da Defesa da Rússia confirmou danos em cinco bases aéreas com várias aeronaves danificadas, enquanto Kiev alega que mais de 40 aviões foram atingidos. A discrepância nos números indica uma guerra de informações, mas a preocupação é palpável.
Mesmo um dano à frota de bombardeiros estratégicos Tupolev Tu-95, em operação desde os anos 50, pressiona ainda mais os recursos restantes, que são cada vez mais escassos. Como argumenta Douglas Barrie, pesquisador militar, essa frota já representava a menor parte da tríade nuclear da Rússia e agora está ainda mais reduzida.
O especialista Dmitry Stefanovich observou que, embora os bombardeiros sejam utilizados em missões convencionais, o ataque terá consequências mesmo sobre a força nuclear da Russia, que depende de mísseis balísticos intercontinentais e submarinos, os quais desempenham papel mais crucial.
Pessoas próximas ao Kremlin afirmam que a operação não deve alterar significativamente a capacidade nuclear da Rússia, mas sim expor uma falha em sua defesa. Segundo o analista político Vladimir Pastukhov, os recursos que sobraram ainda são suficientes para atender às demandas do conflito na Ucrânia.
O cerne da questão é a percepção: o que antes era visto como uma força invulnerável agora é questionado, e o arsenal nuclear russo se torna alvo legítimo para a Ucrânia. Thomas Withington, no Royal United Services Institute, sublinha que a Rússia falhou em proteger ativos estratégicos vitais, como as bases dos bombardeiros.
Restrições de exportação impostas pelo Ocidente complicam a recuperação de peças e tecnologia essenciais para reparar o equipamento danificado. Uma auditoria da Bloomberg revelou dependência de componentes ocidentais, os quais Moscou não conseguiu substituir pelos domésticos ao longo dos anos, e a situação se torna ainda mais crítica agora com as sanções.
A degradação das capacidades aéreas russas é uma boa notícia para os governos europeus, que enfrentam dificuldades em acompanhar a produção de guerra de Putin, especialmente em relação às defesas aéreas. A eliminação dos bombardeiros estratégicos também diminui a ameaça para os aliados da OTAN, conforme substancialmente destacam especialistas.
Esse ataque representa não apenas uma ação militar, mas uma mudança significativa na dinâmica do conflito, reafirmando que a Rússia não é invulnerável e que a Ucrânia está disposta a ir até onde for necessário para garantir sua soberania.

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