A juíza federal Paula Xinis não hesitou em repreender a administração Trump por sua tentativa de atrasar a resposta a uma ordem crucial da Suprema Corte dos EUA. O caso envolve Kilmar Abrego Garcia, um homem de Maryland que foi deportado de forma equivocada para El Salvador, em condições alarmantes de uma prisão notória.
O governo tinha até sexta-feira às 9h30 para apresentar um plano concreto para o retorno de Abrego Garcia, após a decisão da Suprema Corte. No entanto, a equipe jurídica do Departamento de Justiça, faltando minutos para o prazo, solicitou uma extensão até 15 de abril, um pedido que foi diretamente rejeitado por Xinis, que enfatizou como prioridade a rápida solução do caso.
“Os EUA precisam se manifestar até às 11h30 e comparecer à audiência às 13h”, determinou Xinis, ressaltando a ilegalidade da deportação de Abrego Garcia, conforme já definido pela Suprema Corte. O juiz responsável pelo caso de imigração ordenou que sua remoção fosse suspensa, e que ele fosse trazido de volta de maneira urgente.
“Essa é a realidade”
Em resposta à pressão da juíza, os advogados do governo argumentaram que não poderiam fornecer as informações solicitadas. Em um documento apresentado logo após a nova ordem, os representantes afirmaram que era “irrealista” compartilhar detalhes sem uma revisão adequada. “As relações exteriores não podem funcionar de acordo com cronogramas judiciais, devido às considerações sensíveis de cada país”, acrescentaram.
Xinis havia dado um prazo até 7 de abril para o governo garantir o retorno de Abrego Garcia, contrabalançando a defesa da administração Trump de que a ordem judicial estava além de sua autoridade. Reiterando sua posição, ela emitiu uma ordem clara, exigindo que todas as ações necessárias fossem implementadas rapidamente.
A Suprema Corte, em uma longa ordem, deixou claro que a administração deve garantir que Abrego Garcia seja tratado como se nunca tivesse sido deportado. Essa decisão não só limita os poderes de deportação de Trump, mas também exige maior escrutínio judicial sobre suas práticas. Essa luta judicial ocorre paralelamente a decisões que permitem a deportação de membros de gangues venezuelanas, desde que possam contestar suas deportações perante um juiz.
Além disso, um porta-voz do Departamento de Justiça enfatizou que a prerrogativa de conduzir as relações externas pertence exclusivamente ao presidente, defendendo que a decisão da Suprema Corte reafirma a autoridade do executivo.
Advogados de Abrego Garcia sustentam que a administração poderia trazê-lo de volta, apontando que El Salvador age como um contratante do governo dos EUA, recebendo pagamentos significativos por manter prisioneiros. “Abrego Garcia está em El Salvador porque os EUA o mandaram para lá”, sustentaram seus advogados.
Importante mencionar que Abrego Garcia residia legalmente em Maryland junto com sua esposa e três filhos, todos cidadãos americanos. Em 2019, uma ordem judicial já havia indicado que sua deportação para El Salvador era impraticável, apontando riscos de extorsão e perseguições relacionadas a gangues. No entanto, ele foi detido em 12 de março sob acusações não comprovadas de envolvimento com a gangue MS-13, e deportado em 15 de março com outros suspeitos.

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