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Trump propõe Robert F. Kennedy Jr., ativista antivacina, como secretário da Saúde
Kennedy já afirmou que as vacinas são um “crime contra a humanidade” e promete desafios à saúde pública. Uma seleção polêmica que pode agitar o cenário político dos EUA.
O presidente eleito Donald Trump está prestes a nomear Robert F. Kennedy Jr. para liderar o Departamento de Saúde e Serviços Humanos, uma decisão que colocaria um renomado cético de vacinas e crítico da indústria farmacêutica em uma posição crucial na política de saúde do país.
A informação foi originalmente reportada pelo Politico, que mencionou uma fonte próxima aos planos de Trump, com a CNN confirmando que o cargo já foi oferecido a Kennedy.
Kennedy é conhecido por suas opiniões não convencionais sobre saúde pública, especialmente sua contestação à segurança e eficácia das vacinas, opiniões que vão contra as diretrizes da comunidade médica tradicional.
No auge da pandemia de Covid-19, Kennedy desferiu ataques contundentes, chamando as vacinas de “crime contra a humanidade” e traçando paralelos com o Holocausto, o que provocou reações veementes, inclusive de sua esposa, a atriz Cheryl Hines.
Além disso, ele manifestou planos de trabalhar com Trump na remoção do flúor da água potável, desafiando décadas de consenso em saúde pública.
A seleção de Kennedy para o cargo seria um verdadeiro divisor de águas na política, pois, se aprovado pelo Senado dos EUA, ele exerceria uma influência significativa sobre os assuntos de saúde pública, medicamentos e nutrição, potencialmente desestabilizando diversas indústrias com sua abordagem radical.
Após a divulgação da notícia pelo Politico nesta quinta-feira, as ações das principais fabricantes de vacinas despencaram: a Moderna caiu até 7%, a Pfizer 3% e a Novavax 5%.
Karoline Leavitt, porta-voz da transição de Trump, comentou em entrevista à Fox News: “Trump busca um espaço para Kennedy em sua próxima administração”.
“RFK Jr. é uma mente independente e um líder em seu campo. Precisamos de mais disso em Washington, DC,” declarou Leavitt. “Embora eu não possa detalhar sua função específica, posso garantir que ele focará em restaurar a saúde da América sob a administração Trump.”
Kennedy, que vem de uma proeminente linhagem democrata, optou por salvar sua candidatura presidencial independente e apoiou Trump durante a eleição, viajando pelo país para impulsionar sua campanha.
A seleção de Kennedy para o cargo de secretário de saúde representaria uma aliança inesperada entre dois ex-rivais. Trump afirmou que permitiria que Kennedy tivesse liberdade de ação na área da saúde, adaptando seu famoso slogan para “Tornaria a América Saudável Novamente”.
Dias antes da eleição, Kennedy assegurou que Trump lhe prometeu “controle sobre as agências de saúde pública”.
Cargo influente
Como chefe do HHS, Kennedy teria em suas mãos um vasto departamento federal, supervisionando mais de 100 programas em medicina, saúde pública e serviços sociais, como os Centros de Controle e Prevenção de Doenças e a Administração de Alimentos e Medicamentos.
O HHS foi central na resposta federal à pandemia de Covid-19, e Trump enfrentou críticas severas por sua gestão do surto em seu primeiro mandato.
A supervisão dessa agência colocaria Kennedy no centro de alguns debates polêmicos que moldarão a próxima administração, incluindo direitos reprodutivos e seguros de saúde.
No que diz respeito aos cuidados de saúde, Trump já salientou sua intenção de buscar uma alternativa ao Obamacare, embora tenha negado o desejo de eliminá-lo completamente, afirmando que possui “conceitos de um plano” quanto a isso.
Os secretários anteriores do HHS sob a administração de Trump incluem Tom Price, que se afastou após polêmicas sobre gastos controversos, e Alex Azar, que teve desentendimentos com Trump após os eventos do ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021.
Manchetes escandalosas
A campanha presidencial de Kennedy não foi isenta de controvérsias, já que foi marcada por várias manchetes sensacionalistas: desde a exibição de um cadáver de urso no Central Park até incidentes inusitados envolvendo uma baleia encalhada e uma motosserra.
Kennedy, de 70 anos, é descendente do ex-senador Robert F. Kennedy e sobrinho do ex-presidente John F. Kennedy, ambos assassinados na década de 1960. Trump, por sua vez, prometeu um inquérito sobre esses assassinatos para reabrir os casos.
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