Os parceiros comerciais dos Estados Unidos estão enfrentando uma nova fase da guerra tarifária com Donald Trump. O presidente, mostrando sua crescente impaciência nas negociações, deixou claro que não tem intenção de recuar.
Nos últimos dias, Trump enviou comunicados a líderes como a presidente do México, Claudia Sheinbaum, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, definindo uma alíquota de 30% a partir de 1º de agosto. Ele justificou essa decisão afirmando que o México não controla adequadamente o fluxo de fentanil e que o déficit comercial da União Europeia é inaceitável.
Com isso, o presidente deixou a porta aberta para que os países tentem negociar alíquotas mais baixas, mas ele enfatiza que, se não gostar das respostas, a situação pode se agravar.
As negociações de forma intensa começam na próxima semana, com o objetivo de evitar a implementação das tarifas punitivas. O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, já está se dirigindo ao Japão, onde as conversas sobre tarifas de veículos e produtos agrícolas estão em andamento, em busca de um acordo provisório.
Um verão tenso à vista
A fase atual da guerra comercial mostra-se dramática e repleta de riscos, com Trump mostrando-se cada vez mais impaciente. Seu compromisso de avançar com tarifas unilaterais a partir de 1º de agosto amplia a tensão entre antigas alianças comerciais, como Japão e Coreia do Sul.
Trump elevou tarifas para o Canadá e impôs uma taxa surpreendente de 50% sobre produtos do Brasil, mostrando uma flexibilidade zero nas negociações. Essa postura descompromissada está levando países a uma linha de tempo crítica – seguir as exigências do presidente ou entrar em fraca disputa.
Como lembrou Wilbur Ross, ex-secretário de Comércio, “será Trump capaz de aceitar algo diferente do que sua posição inicial?” No entanto, diante do cenário atual, ele parece visceralmente disposto a seguir com sua estratégia de tarifas.
Ao prolongar o prazo de 9 de julho para 1º de agosto, Trump manteve a pressão sobre aliados, enquanto continuava a reivindicar os impostos que estão sendo gerados com a importação.
“A armadilha do comércio”
O presidente expressou frustração com o conceito de “comércio TACO”, ou seja, a expectativa de que ele sempre cede nas ameaças de tarifas. As novas taxas, como uma de 50% sobre o cobre e uma potencial de 200% sobre produtos farmacêuticos, podem transformar essa narrativa.
Analistas, como Lars Suedekum, afirmam que isso é parte de uma estratégia de negociação. Embora a prorrogação tenha oferecido uma janela de oportunidade, a corrida para negociar com Trump torna-se cada vez mais tensa.
A Índia, por exemplo, está tentando assegurar um acordo que reduza tarifas a menos de 20%. A incerteza continua, mesmo com a viagem de Bessent ao Japão.
Expansion de conflitos
As cartas tarifárias de Trump começaram com uma estratégia clara e direcionada, mas agora se expandiram para ameaçar uma tarifa de 50% sobre o Brasil, pressionando o governo a recuar em processos judiciais. Isso demonstra o uso de poderes comerciais em disputas que não têm relação direta com o comércio.
As tarifas ao Canadá, uma nação parceira comercial considerável, são um golpe inesperado. Contudo, os produtos energéticos e vários bens sob o novo acordo comercial USMCA estarão isentos.
Trump também deixou claro que poderia aumentar tarifas gerais de 10% para valores significativamente mais altos, ampliando a incerteza sobre como isso realmente se desenrolará.
Acordos ainda incertos
Apesar das promessas de 90 acordos em 90 dias, Trump revelou que poucos foram fechados até agora: Reino Unido, Vietnã e uma trégua com a China. Essas concessões são cercadas de incertezas, especialmente sobre tarifas sobre metais e a recente tarifa mais elevada aplicada ao Vietnã.
Michael Strain, diretor do American Enterprise Institute, expressou preocupações sobre um possível cenário onde Trump não está apenas blefando. A acumulação de tensões comerciais pode culminar em um prazo real, colocando economias em risco.
O cenário permanece conturbado, com uma sombra crescente de tarifas ameaçando o comércio global enquanto os países tentam navegar nessa nova realidade. A urgência e a imprevisibilidade da abordagem de Trump estabelecem condições incertas para as negociações futuras.

You must be logged in to post a comment Login