O presidente Donald Trump voltou ao cenário político com promessas audaciosas de resolver problemas históricos, desde a mediação imediata da paz na Ucrânia e no Oriente Médio até a reforma do governo federal e a reestruturação do comércio global. No entanto, a realidade da última semana revelou o quão distante ele está de cumprir essas promessas.
O presidente russo Vladimir Putin desconsiderou os apelos de Trump por um cessar-fogo na Ucrânia. Após criticar os esforços do ex-presidente Joe Biden em conter a ação militar de Israel, Trump se viu na posição de persuadir o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu a evitar um ataque ao Irã.
Na ala oeste da Casa Branca, o bilionário Elon Musk está deixando seu cargo, no meio de rumores sobre conflitos internos e questões com substâncias controladas, apresentando resultados aquém do esperado.
Um golpe considerável contra suas pretensões ocorreu quando o Tribunal de Comércio Internacional dos EUA decidiu que Trump não poderia invocar a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional para justificar muitas de suas tarifas — um atalho que ele pretendia usar para firmar acordos rapidamente, sem demoras na análise das políticas comerciais de outros países ou a necessidade de consultar o Congresso.
Atualmente, Trump enfrenta derrotas em 128 dos muitos processos legais que contestam suas ordens executivas, com apenas 43 decisões a seu favor, segundo análise da Bloomberg. Ele frequentemente se lamenta que os procedimentos normais do governo são lentos e ineficazes.
Quando um tribunal determinou que ele deveria permitir que milhares de deportados tivessem um processo justo para contestar sua remoção, Trump expressou a frustração com a duração dos julgamentos. Ele também critica o trabalho com o Congresso, alegando que isso resulta em obstáculos legislativos.
A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, fez duras críticas às decisões judiciais contrárias a Trump, ressaltando que, em seu mandato anterior, o número de liminares judiciais contra suas políticas “representa mais da metade das liminares emitidas neste país desde 1963”.
Ela acrescentou que, em seu atual mandato, Trump já enfrentou mais liminares em um único mês do que Biden em três anos. “Há um esforço desta administração para confrontar esses juízes descontrolados e as liminares que enfrentamos diante de um sistema judicial falho”, afirmou ela.
As políticas comerciais de Trump geram incertezas para países e empresas, enquanto a House White busca um posicionamento da Suprema Corte sobre o assunto, mesmo antes de um tribunal de apelações permitir que suas tarifas continuem a vigorar enquanto o caso avança.
Em vez de ceder ou reestruturar suas políticas para enfrentar — ou evitar — desafios judiciais, Trump opta pela ofensiva, criticando excessos judiciais e as políticas de Biden enquanto tenta promover outras iniciativas.
“O presidente Trump cumpriu rapidamente as promessas de campanha: os preços do combustível caíram, a fronteira nacional está segura, imigrantes criminosos estão sendo deportados e a América é forte na visão global”, afirmou Anna Kelly, vice-secretária de imprensa da Casa Branca.
Elaine Kamarck, pesquisadora sênior em Estudos de Governança no Brookings Institution, afirmou que as declarações de Trump sobre tarifas, Oriente Médio e Rússia o faziam parecer “forte e poderoso”, mas agora ele encara a dura realidade e terá que descobrir como transpor essa nova fase.
Guerras em Dois Continentes
Com um regime tarifário e políticas de imigração em desaceleração, Trump também se vê frustrado por duas guerras que prometeu resolver facilmente. Ele não conseguiu garantir um acordo de paz rápido na Ucrânia que esperava obter após uma ligação com Putin, que revela uma crescente irritação por parte de Trump.
“Não estou satisfeito com o que Putin está fazendo”, declarou Trump a repórteres no fim de semana, acrescentando que está considerando novas sanções contra a Rússia.
A frustração aumenta à medida que Moscou intensifica seus ataques à Ucrânia, com os bombardeios mais severos da guerra de três anos ocorrendo neste mês.
No Oriente Médio, Trump tenta o que muitos de seus predecessores tentaram, mas falharam — garantir uma paz duradoura entre Israel e os palestinos. Defensor fervoroso de Israel, Trump viu Netanyahu e o Hamas ignorarem seus apelos para cessar ataques ou liberar reféns israelenses.
Tarifas e Impostos
A mais recente decisão sobre tarifas levanta questionamentos sobre a viabilidade do projeto de lei tributária de Trump, que foca em cortes de impostos para os mais ricos e redução de despesas, culminando em dúvidas se irá gerar receita suficiente sem as receitas prometidas das tarifas.
A proposta da Câmara dos Deputados segue para o Senado, onde alguns integrantes do Partido Republicano pressionam por mudanças significativas.

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