O presidente Donald Trump declarou que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, estará nos EUA nesta sexta-feira para assinar um pacto preliminar que permitirá aos EUA acessarem a receita dos recursos naturais ucranianos. Entretanto, Zelensky alertou que o acordo ainda não está completamente definido.
“Teremos um acordo que será de suma importância”, afirmou Trump a repórteres durante a sua primeira reunião de gabinete em seu segundo mandato. O impacto desta declaração é significativo, dado o cenário geopolítico atual.
Em um discurso via vídeo na quarta-feira à noite, Zelensky enfatizou: “Vou me encontrar com o presidente Trump. É vital que a ajuda dos EUA não cesse.” Contudo, ele não se aprofundou, reiterando que precisa de mais tempo para estudar o rascunho do acordo e consultar seus aliados na Europa.
Zelensky indicou que o rascunho atual é aceitável, pois não condenaria a Ucrânia a uma posição de “nação devedora”, uma vez que alguns dos requerimentos iniciais da equipe de Trump foram removidos.
“Esse acordo pode ser um grandioso êxito ou simplesmente passar despercebido”, disse Zelensky. “O resultado positivo dependerá do presidente Donald Trump.”
É importante notar que a realização do encontro entre Trump e Zelensky só ocorrerá se Kiev reconhecer o acordo como definitivo, conforme um funcionário da Casa Branca. Este mesmo funcionário comentou que há discrepâncias entre as declarações públicas de Zelensky e o que seus negociadores expressaram em particular.
Uma cúpula entre os dois líderes pode ser a chave para acalmar Trump, que recentemente criticou Zelensky, enquanto se preparava para um encontro com o presidente russo Vladimir Putin, buscando um cessar-fogo na guerra que se arrasta desde a invasão russa em larga escala há três anos. Zelensky deixou claro que desejava um encontro com Trump antes de qualquer conversa com a Rússia.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que um acordo sobre os recursos naturais estava “próximo de ser finalizado.”
Garantias de Segurança
A equipe de Zelensky havia anteriormente rejeitado um rascunho que oferecia aos EUA 50% da receita da futura extração de recursos — incluindo minerais, petróleo e gás, além de infraestrutura relacionada aos recursos — por não incluir garantias de segurança.
O rascunho revisado, conforme reportado pela Bloomberg, não prevê tais garantias ainda, mas sim uma “parceria duradoura” através de laços econômicos. Os EUA revogaram uma exigência inicial que exigia que Kiev se comprometesse a pagar US$ 500 bilhões provenientes da extração de recursos como forma de compensação pela assistência americana anterior, segundo uma fonte.
Trump reiterou na quarta-feira: “Não irei oferecer garantias de segurança, pois a Europa está logo ao lado, mas garantiremos que tudo funcione bem.” Ele também apontou que é uma “coisa boa” que o Reino Unido e a França tenham demonstrado interesse em enviar “pacificadores” para a região.
“É um excelente negócio para a Ucrânia, já que estaremos lá, trabalhando junto,” disse Trump. “Estamos presentes no território, e isso, de certa forma, oferece uma segurança automática, pois ninguém ousará atacar nosso pessoal enquanto estivermos lá.”
Zelensky, que planeja se reunir com líderes europeus em Londres após o encontro com Trump, comentou que mais negociações serão necessárias para definir os detalhes de um fundo conjunto, conforme descreve o texto, e reafirmou sua exigência por um acordo sobre garantias de segurança.
“Um cessar-fogo sem garantias de segurança não será eficaz”, disse Zelensky. “A única solução para acabar com a guerra é garantir que ela não recomece amanhã.”
Este acordo representa um esforço diplomático de Trump para cumprir sua promessa de resolver rapidamente o conflito. Aliados da OTAN mostraram-se surpresos com o desejo de Trump de se aproximar de Moscou, ao mesmo tempo em que se afastava de Kiev, incluindo discussões com Zelensky enquanto cedia à demanda do Kremlin por eleições na Ucrânia durante o conflito, algo que é proibido pela lei marcial ucraniana.
Além disso, o foco de Trump na obtenção de recursos minerais levanta questionamentos. Apesar dos relatos sobre depósitos minerais avaliados em US$ 10 trilhões, as reservas de terras raras na Ucrânia são consideradas inviáveis economicamente em grande escala. A maioria dos depósitos reconhecidos é resultado da produção de materiais como fosfatos, e muitos ficam em áreas sob ocupação russa.
Este acordo pode ser a maneira de Trump buscar apoio dos seus eleitores para manter a assistência à Ucrânia, especialmente se a administração precisar do Congresso para aprovar ajuda adicional, à medida que as negociações com a Rússia se prolongam. A Ucrânia ainda defende seu apoio contínuo de aliados dos EUA e da Europa para armamentos e munições. Trump mencionou na terça-feira que o acordo daria a Kiev “o direito de persistir na luta.”

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