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Troca histórica de prisioneiros traz americanos de volta aos EUA
Joe Biden e Kamala Harris celebram a libertação de cidadãos na maior troca de prisioneiros desde a Guerra Fria. Entenda todos os detalhes!
Na noite de ontem, o presidente dos EUA, Joe Biden, e a vice-presidente Kamala Harris, realizaram uma recepção calorosa e cheia de emoção para o repórter do Wall Street Journal, Evan Gershkovich, e o ex-fuzileiro naval Paul Whelan, que retornaram ao país após uma troca de prisioneiros com a Rússia. Este evento marca a maior troca de prisioneiros desde a Guerra Fria.
Biden, em um gesto de respeito, prestou continência a Whelan antes de envolvê-lo em um abraço caloroso. O presidente também segurou as mãos de Gershkovich e de sua colega jornalista, Alsu Kurmasheva, que possui cidadania russa e americana, logo após o aterrissagem do avião na Base Conjunta Andrews, em Maryland. Este acordo com a Rússia incluía a libertação de um assassino notório procurado pelo presidente Vladimir Putin.
A transação ocorreu nas pistas de um aeroporto em Ancara, envolvendo 24 indivíduos: 16 em direção ao Ocidente e oito retornando à Rússia. No meio desse grupo estavam outros cidadãos americanos, além de russos condenados por crimes e cumprindo penas em diversos países, como EUA, Alemanha, Polônia, Noruega e Eslovênia.
“A decisão mais complicada neste caso para outros países foi que eu pedi a eles para fazerem coisas que contrariavam seus interesses imediatos”, afirmou Biden após a troca, reconhecendo a dificuldade dessa negociação, especialmente para países como Alemanha e Eslovênia.
A chave para essa libertação foi a soltura de Vadim Krasikov, condenado a prisão perpétua na Alemanha por um assassinato audacioso em 2019. As autoridades alemãs hesitaram em incluí-lo em qualquer acordo, considerando a gravidade de seu crime, mas Putin fez questão de torná-lo uma prioridade.
Além de Gershkovich, libertado após ser preso em março do ano passado e condenado por espionagem — acusações que ele e o Journal negam — também foi solto Whelan, que recebeu uma pena de espionagem em 2018, a qual também nega. Ambos foram classificados pelo governo dos EUA como detidos de maneira ilegal, e sua libertação era uma demanda constante das autoridades americanas.
“O sofrimento brutal deles acabou e agora estão finalmente livres”, celebrou Biden em uma aparição na Casa Branca ao lado de familiares de alguns dos libertados. “Esse acordo é um triunfo da diplomacia e da amizade.”
Kurmasheva, que enfrentou uma condenação sob as rigorosas leis de censura do Kremlin, foi outra beneficiada pela troca.
Essas trocas são uma das raras áreas em que ainda há alguma cooperação entre os EUA e a Rússia desde a invasão da Ucrânia, que tensionou as relações bilaterais. Autoridades americanas acusam o Kremlin de sequestrar cidadãos como forma de barganhar pela libertação de agentes russos e outros detidos. Moscou, por sua vez, nega essas alegações.
“Desde a Guerra Fria, nunca houve uma troca em tamanha escala, envolvendo tantos países”, disse o conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan. “Esse resultado é fruto de longas e complexas negociações.”
Os EUA descrevem essa troca como um marco em seus contínuos esforços para resgatar cidadãos injustamente detidos no exterior. Moscou exigiu a liberação de Krasikov em troca de Gershkovich e Kurmasheva, conforme relatado pelos EUA.
Steffen Hebestreit, porta-voz do chanceler Olaf Scholz, declarou que o governo alemão não tomou a decisão de libertar Krasikov levianamente, ponderando entre o interesse estatal em manter a condenação e a segurança das vidas de cidadãos inocentes detidos na Rússia.
A troca representa uma importante vitória para Putin, que pressionou insistentemente pela liberação de Krasikov. Ao garantir essa troca, Putin reforçou sua imagem para os agentes de segurança, mostrando que não abandonará seus aliados, mesmo durante a maior crise desde a Guerra Fria com o Ocidente.
Tatiana Stanovaya, fundadora da consultoria R.Politik, comentou: “Putin queria um acordo antes das eleições, pois, após isso, todo o trabalho feito poderia se perder.” Ela sugere que este acordo sinaliza que os americanos podem ser flexíveis quando precisam de algo específico.
Vale lembrar que Putin já havia demonstrado sua intenção de resgatar seus agentes ao negociar a libertação do traficante de armas Viktor Bout em 2022, o que ocorreu em troca da atleta Brittney Griner, capturada por acusações de posse de drogas.
Putin também confirmou que os serviços de inteligência dos EUA mantiveram contato regular sobre a situação de Gershkovich. Em meio a isso, Donald Trump, o ex-presidente, criticou o acordo, alegando que favoreceu demais a Rússia e questionando a capacidade de negociação da administração Biden.
“Nossos ‘negociadores’ são sempre um embaraço para nós!” disparou Trump em sua rede social.
Ao ser questionado sobre a crítica de Trump, Biden respondeu indagando: “Por que ele não fez isso quando era presidente?”
A recente troca, que também envolveu o retorno de vários opositores russos, trouxe à tona discussões sobre as relativas facilidades que existem no ambiente diplomático entre os EUA e a Rússia. No entanto, um notório caso é o de Marc Fogel, um professor de história que permanece detido na Rússia por contrabando de cannabis, condenado a 14 anos em 2022. Autoridades americanas continuam a buscar sua libertação.
Além dos americanos, o acordo contempla a libertação de Kevin Lik, um cidadão europeu preso por traição, e na Bielorrússia, Alexander Lukashenko também perdoou um cidadão alemão, Rico Krieger, condenado à morte por suposta atividade mercenária em favor da Ucrânia.
Os EUA, por sua vez, liberaram vários russos com condenações diversas, incluindo um consultor de tecnologia ligado ao Kremlin e outros acusados de crimes cibernéticos e violação de sanções. Além disso, autoridades polonesas e norueguesas também participaram da troca, liberando seus respectivos cidadãos presos.
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