As ações da Tesla (BDR: TSLA34) sofreram uma queda acentuada nesta quinta-feira (5), em meio a um embate público explosivo entre Elon Musk e o ex-presidente Donald Trump, dois dos mais poderosos influenciadores do mundo.
Trump expressou estar “extremamente decepcionado” com as críticas de Musk sobre a proposta de reforma tributária do governo. Em resposta, Musk disparou nas redes sociais, defendendo que era “falso” afirmar que estava ciente de que o plano cancelaria os créditos fiscais para veículos elétricos, um forte incentivo que afeta diretamente os negócios da Tesla.
Não satisfeito, Musk acentuou suas críticas, acusando Trump de ser “ingrato” pelo respaldo que recebeu durante sua presidência.
No auge da tensão durante o pregão, as ações da Tesla chegaram a despencar 17,6%, terminando o dia com um corte de 14,26%. Este episódio deixa claro os riscos associados à política fiscal de Trump e seus aliados republicanos, que podem impactar bilhões de dólares em receitas da Tesla.
A proposta fiscal em questão praticamente elimina, até o final deste ano, um crédito que alcançaria até US$ 7.500 para compradores de veículos elétricos, antecipando a mudança em sete anos. Analistas do JPMorgan projetam que isso poderá reduzir em cerca de US$ 1,2 bilhão o lucro anual da empresa.
Desde sua saída oficial da Casa Branca, Musk tem se mobilizado contra esse projeto, que classificou como “uma aberração inaceitável”. Ele tem buscado apoio entre os republicanos, fazendo apelos diretos ao presidente da Câmara, Mike Johnson, para manter os incentivos ao setor automotivo elétrico.
Ademais, um novo projeto legislativo aprovado pelo Senado, que desafia os mandatos ambientais da Califórnia, pode trazer uma perda adicional de US$ 2 bilhões para a Tesla, segundo o JPMorgan, impactando a venda de créditos regulatórios.
Essas mudanças, somadas, colocam em risco quase metade dos mais de US$ 6 bilhões que o mercado prevê como lucro operacional para a Tesla este ano, conforme análise de Ryan Brinkman.
A companhia não se manifestou formalmente sobre o assunto.
O projeto que avançou na Câmara propõe um desmonte agressivo dos créditos para produção de energia limpa e impõe severas restrições ao uso de componentes chineses, tornando os incentivos pouco viáveis. Além disso, o texto também limita a revenda desses créditos fiscais.
A divisão de energia da Tesla criticou o projeto, argumentando que ele “desmantela” os incentivos à energia limpa e que a interrupção abrupta dessas políticas ameaça tanto a independência energética dos EUA quanto a estabilidade da rede elétrica.
Os incentivos atualmente ameaçados foram instituídos durante a administração do ex-presidente Joe Biden, como parte da Lei de Redução da Inflação, que visava estabelecer uma cadeia produtiva nacional de energia limpa e veículos elétricos. A Tesla possui um vasto complexo industrial no país, incluindo fábricas no Texas e na Califórnia, além de uma refinaria de lítio e plantas de baterias.
Graças a essas políticas, as vendas de veículos elétricos nos EUA cresceram 7,3% no último ano, alcançando a marca recorde de 1,3 milhão de unidades, de acordo com dados da Cox Automotive.

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