Menos de dois anos após sua chegada nos EUA, a Temu, uma plataforma chinesa de comércio eletrônico, está superando o eBay, um gigante do setor há quase 30 anos, em número de consumidores recorrentes. Uma pesquisa realizada em abril com 1.000 consumidores revelou que 34% dos entrevistados realizam compras na Temu ao menos uma vez por mês, contra 29% que compram no eBay. Enquanto isso, a Amazon (AMZO34) permanece na liderança, com mais de 75% dos participantes a escolhendo como sua plataforma de compras mensal, segundo dados da Omnisend, uma empresa de marketing digital de Londres.
A Temu, que faz parte da PDD Holdings (P1DD34), tem se destacado através de grandes promoções e descontos atraentes, oferecendo produtos diretamente da China, com prazos de envio que podem chegar a uma semana ou mais. A estratégia de marketing da empresa inclui anúncios impactantes durante o Super Bowl, sob o lema “Compre como um bilionário”, além de uma forte presença nas redes sociais. Contudo, a abordagem de queimar dinheiro com marketing e descontos pode ser arriscada e, frequentemente, não resulta em lucros sustentáveis. O verdadeiro desafio é transformar novos compradores em clientes leais e, por ora, a Temu está atingindo esse objetivo.
“Isso demonstra claramente a eficácia do marketing agressivo da Temu – como os comerciais do Super Bowl e as campanhas em mídias sociais”, afirmou Greg Zakowicz, especialista sênior em comércio eletrônico da Omnisend. Ele conduziu a pesquisa que comparou a percepção de iniciativas consolidadas como Amazon e Walmart com startups chinesas como Temu e Shein. A margem de erro deste estudo foi de mais ou menos 3 pontos percentuais.
Os recentes aumentos de preços pós-pandemia impactaram significativamente o comportamento do consumidor, sinalizando uma janela de oportunidade para novos players. Em 2022, mais da metade das compras nos EUA iniciaram-se em plataformas online como a Amazon, mas este número caiu para 40% no ano passado. A busca por ofertas em motores de busca, como Google, aumentou para quase 30% dos consumidores, em contraste com os 25% do ano anterior. Isso indica um desejo crescente de comparação de preços entre diferentes sites, criando espaço para novas startups que oferecem descontos.
Controle de qualidade
Um representante da Temu comentou: “Estamos satisfeitos que nosso modelo direto da fábrica é confiável para os consumidores dos EUA, oferecendo produtos acessíveis”. Ele também mencionou que a empresa realiza verificações regulares para garantir a qualidade. Em contraste, um porta-voz da Amazon afirmou que a companhia continua a inovar para proporcionar “a melhor seleção, valor e conveniência, com preços competitivos e entrega rápida”, lembrando que a Amazon tem sido classificada como a que oferece os preços mais baixos entre os principais varejistas dos EUA por sete anos consecutivos, de acordo com um estudo independente. O eBay, por sua vez, não respondeu a um pedido de comentário.
A pesquisa da Omnisend também questionou os consumidores sobre suas principais fontes de insatisfação com as plataformas, abordando aspectos como preços, qualidade do produto e tempo de entrega. As respostas revelaram diferenças notáveis, com a Amazon recebendo críticas em relação aos preços, enquanto a Temu enfrentou desafios relacionados à qualidade do produto e à velocidade de entrega.
Os preços altos foram apontados como a maior fonte de descontentamento com a Amazon, indicando que, para uma parte significativa dos consumidores, o custo se tornou mais relevante do que a entrega rápida. Essa informação pode ser preocupante para uma empresa que investiu dezenas de bilhões de dólares para garantir entregas eficientes e pontuais.
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