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Tarifas dos EUA: um desafio crucial para o biocombustível brasileiro

A pressão de Donald Trump pode abrir as portas para o etanol americano, ameaçando a indústria nacional e a segurança do mercado brasileiro.

Uma imagem que mostra a produção de etanol.
<p>Etanol (Imagem: Estadão Conteúdo/J. F. Diorio)</p>

As tarifas impostas pelo presidente Donald Trump podem criar uma situação complicada para o Brasil, cortando o acesso a um mercado vital para o etanol no exterior. Porém, para a maior economia da América Latina, este pode ser o menor dos problemas.

Para evitar impostos recíprocos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria que considerar a redução do imposto de 18% sobre o etanol americano, o que facilitaria a entrada do produto dos EUA em nosso mercado. Esta medida prejudicaria muito mais a indústria nacional do que a perda do mercado cativo na Califórnia.

No último ano, o Brasil exportou aproximadamente 300 milhões de litros de etanol para os EUA, sendo que essa troca comercial é fortemente dependente dos incentivos dados aos combustíveis de baixo carbono na Califórnia. No entanto, essas exportações representam apenas uma fração em comparação ao imenso mercado interno, onde veículos flex-fuel podem funcionar com uma mistura de etanol ou até mesmo 100% etanol.

“Trazer etanol americano para o Brasil seria um verdadeiro desastre”, afirma Edmundo Barbosa, presidente do grupo de produtores Sindalcool-PB, situado na Paraíba.

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Estamos falando de uma indústria que tem mostrado crescimento. O Brasil, que historicamente produz etanol a partir da cana-de-açúcar, está aumentando sua capacidade de gerar biocombustível com milho para atender à demanda crescente da populosa região Nordeste. É exatamente essa região que seria afetada pelo fluxo de etanol americano caso as tarifas fossem cortadas.

Embora ainda não haja uma definição sobre como o governo Lula responderá à pressão das tarifas dos EUA, já se especula que se o Brasil ceder e eliminar seu imposto sobre o etanol americano, o mercado do Nordeste enfrentaria uma verdadeira “inundação” de suprimentos vindos dos Estados Unidos, segundo um relatório da consultoria Datagro.

Em um cenário de tarifas inexistentes, trazer etanol dos EUA poderia sair mais em conta do que transportar o produto do Centro-Sul do Brasil, o principal polo produtivo do país. Isso colocaria em risco uma considerável fatia do mercado de etanol nacional, que é de 32 bilhões de litros.

A possibilidade de tarifas mais baixas surge em um momento em que a demanda doméstica por etanol deve aumentar, pois o governo brasileiro indica a intenção de elevar a mistura de etanol na gasolina para 30%, uma alteração significativa em relação ao atual 27,5%. A nova porcentagem representa um acréscimo de 1,3 bilhão de litros na demanda anual por etanol.

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Nos últimos anos, as importações de etanol para o Nordeste já vêm apresentando queda e essa tendência deve persistir com a entrada de novas usinas em operação.

A Inpasa Agroindustrial SA, a principal fornecedora de etanol de milho, está inaugurando sua primeira fábrica no Maranhão e pretende realizar um investimento similar na Bahia até 2026. Segundo o vice-presidente de trading da empresa, Gustavo Mariano, essas instalações devem produzir mais de 800 milhões de litros, aproximadamente metade do que a região importou em 2017.

Outras empresas, como a cooperativa Pindorama de Alagoas, também anunciaram a inauguração de operações na região. O governo do Piauí, por sua vez, recentemente concedeu licenças para mais uma planta.

Contudo, um cenário onde não existam impostos de importação em ambos os países poderia ser desastroso para os pequenos produtores locais, como alertou Guilherme Nolasco, presidente da associação industrial Unem.

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“A única demanda significativa de etanol no mundo é a do Brasil”, conclui Nolasco.

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