O cenário do mercado global de cobre foi abalado por uma decisão bombástica do presidente Donald Trump, que anunciou a implementação de tarifas de 50% sobre as importações da commodity, deixando os metais refinados de fora. Essa medida gerou um impacto devastador nos preços, ocasionando o maior colapso do ano no comércio internacional.
Após essa decisão, os preços do cobre nos EUA caíram em um ritmo alarmante, marcando uma queda recorde nas cotações. Traders que se anteciparam à medida, enviando grandes volumes de metal para o país, agora enfrentam uma verdadeira crise. O prêmio que antes favorecia os contratos futuros em Nova York em relação a Londres evaporou rapidamente, evidenciando o abalo na confiança do mercado.
“Isso fugiu completamente das expectativas do mercado”, declarou Li Xuezhi, chefe de pesquisa da Chaos Ternary Futures Co. em Xangai. Ele destacou que aqueles que apostaram em uma alta dos preços nos EUA “desperdiçaram todo o esforço” e prevê que a normalidade dos fluxos globais de cobre seja restaurada em breve.
As cotações na Comex, em Nova York, desabaram mais de 22% — um feito sem precedentes. Os operadores do mercado ajustaram rapidamente o valor do cobre, com o contrato da Comex que antes tinha um prêmio de 30% sobre Londres, agora sendo negociado com desconto. Tal descompasso revela a desordem provocada por essas novas tarifas.
Esta decisão de isentar o cobre refinado pode ter consequências sérias para o comércio global, uma vez que o cobre é fundamental para a economia mundial, especialmente em aplicações de fiação elétrica. A crescente acumulação de cobre nos EUA já levanta questões sobre potenciais reexportações.
A corrida desesperada pelo cobre
No início deste ano, quando Trump sinalizou a possibilidade de novas tarifas, os preços do cobre dispararam, levando traders a apressar o envio de cargas para os EUA. Essa movimentação foi classificada por veteranos do setor como a maior de suas carreiras.
Após o anúncio da tarifa de 50%, que superou as expectativas, a corrida para abastecer o mercado americano se intensificou, com navios de cobre sendo enviados para portos, incluindo uma carga a caminho do Havaí que deve chegar até o final do mês.
“Houve muitos participantes vendendo a diferença entre Comex e LME”, comentou Zhou Xiaoou, analista da Zijin Tianfeng Futures Co., refletindo o desespero no mercado.
Equipes de análise do Goldman Sachs expressaram surpresa com a isenção, mas afirmaram que não há riscos relevantes que prejudiquem os fundamentos do mercado ou que resultem em reexportações em larga escala a partir dos EUA. As previsões apontam para uma estabilização dos preços da Comex, alinhando-se aos da LME.
Na manhã de quinta-feira, em Londres, o preço do cobre na LME caiu 0,6%, cotado a US$ 9.642 por tonelada, enquanto na Comex, a queda foi de 22%, atingindo US$ 4,37 por libra.
Desafios para a segurança de abastecimento
O anúncio de Trump, realizado a menos de 48 horas da aplicação das tarifas, exemplifica seu estilo agressivo de negociação e as dificuldades em revitalizar a indústria de metais nos EUA. Partes do setor de cobre americano apontam que o país enfrenta limitações em substituições rápidas das importações.
A tarifa de 50% incluirá produtos semielaborados, como tubos, fios e chapas, além de bens que consomem quantidades significativas de cobre. No entanto, produtos menos processados, como minério e cátodos, foram isentados.
Apesar disso, as tarifas sobre cobre refinado não foram completamente descartadas. O Departamento de Comércio propôs um adiamento, com uma tarifa de 15% começando em 2027, elevada para 30% em 2028. Trump pediu uma nova avaliação do mercado até junho de 2026.
“Embora tenhamos ficado surpresos com a quase total reversão das tarifas propostas, isso demonstra que o governo Trump permanece focado na segurança de abastecimento”, disseram analistas do Goldman Sachs.

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