A gigante do setor de papel e celulose, Suzano (SUZB3), está explorando a possibilidade de assumir dívidas consideráveis em busca de uma nova proposta pela International Paper, conforme informações de fontes que preferiram permanecer anônimas devido à natureza delicada das discussões.
Com a capacidade de contrair até US$ 19 bilhões em empréstimos, a Suzano poderia manter sua dívida líquida combinada em torno de cinco vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda). Essa alavancagem é um patamar que a Suzano, a maior produtora de celulose do mundo, já atingiu em ocasiões anteriores, desde que conquistou sua classificação de grau de investimento em 2018.
Ainda não se sabe se a Suzano realmente está disposta a emprender essa jornada pela International Paper. Contudo, a análise financeira sugere que a empresa, controlada pela influente família Feffer, tem espaço para incrementar sua proposta. A Suzano acredita que a fusão com a International Paper, baseada em Memphis, Tennessee, criaria uma potência global capaz de gerar capital suficiente para rapidamente reduzir um balanço patrimonial que apresenta altos níveis de endividamento.
Embora a empresa tenha se recusado a comentar sobre a situação na última sexta-feira, as ações da International Paper registraram um aumento de até 4,3%, alcançando US$ 46,34, após a divulgação da notícia. Já os papéis da Suzano passaram de um ganho anterior para uma negociação quase estável.
Atualmente, a Suzano possui cerca de US$ 12 bilhões em dívidas líquidas e garantiu aos investidores que não realizará ofertas que possam ameaçar sua classificação de grau de investimento, conforme relatos de fontes internas. A International Paper já rejeitou uma proposta inicial de US$ 42 por ação, avaliando a companhia em quase US$ 15 bilhões. Espera-se que a fabricante de embalagens também recuse qualquer oferta inferior ao patamar de US$ 50 por ação, totalizando US$ 17,3 bilhões, de acordo com fontes a par da situação.
Além do montante de dívidas, a Suzano está considerando utilizar ações e parte de seu montante disponível de US$ 3,7 bilhões para financiar uma nova proposta, conforme informações de insiders.
Se concretizada, a fusão entre Suzano e International Paper poderia gerar lucros combinados de impressionantes US$ 7,2 bilhões em um ano, excluindo economias e sinergias adicionais, segundo análises atuais compiladas pela Bloomberg. A Suzano está também próxima de finalizar um projeto de US$ 4,2 bilhões, que aumentará sua capacidade produtiva de celulose de fibra curta em 20%, ampliando assim sua geração de caixa.
No entanto, o plano de aquisição da Suzano enfrenta desafios significativos, incluindo altos custos de financiamento. O retorno exigido pelos investidores para as notas de US$ 1,75 bilhão, com vencimento em 2029, disparou para 6,2%, em comparação com 5,1% registrado em dezembro. A desvalorização das ações da Suzano é notável, já que sua capitalização de mercado caiu mais de 20% desde 6 de maio, data em que a Reuters fez a primeira revelação sobre a abordagem da empresa brasileira à International Paper, passando para US$ 12 bilhões. Enquanto isso, as ações da International Paper registraram um aumento superior a 20%, elevando seu valor para quase US$ 16 bilhões.
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