A nova Suprema Corte do México está prestes a ser dominada por uma clara maioria de juízes com vínculos diretos ao ex-presidente de esquerda, Andrés Manuel López Obrador, conhecido como AMLO, e seu partido, o Morena. Os resultados preliminares das eleições, ocorridas no último domingo (1º), indicam que essa configuração pode ter um impacto significativo no cenário político e econômico do país.
No pleito, três dos nove juízes em potencial foram originalmente indicados por AMLO. Outros três candidatos também têm conexões diretas com o ex-presidente ou com o Partido Morena, revelando uma tendência preocupante de alianças estreitas no judiciário. Estes resultados foram oficialmente divulgados nesta terça-feira (3).
Os juízes que deverão manter seus cargos incluem Lenia Batres, Yasmín Esquivel e Loretta Ortiz, que formarão um núcleo alinhado à presidente Claudia Sheinbaum. Eles devem ser acompanhados por Hugo Aguilar e María Estela Ríos, ambos com passagens pela administração de López Obrador, além de Irving Espinosa, cuja experiência inclui assessoramento a legisladores do Morena.
A atuação desses profissionais, cujos vínculos com o partido governante podem gerar questionamentos sobre sua imparcialidade, pode elevar a influência de Sheinbaum na Suprema Corte. Essa possibilidade é alarmante para muitos analistas, que veem riscos de comprometimento da independência judicial em casos politicamente sensíveis.
Guadalupe Taddei, presidente do Instituto Nacional Eleitoral (INE), anunciou os resultados preliminares em um momento histórico, marcando a primeira vez que uma democracia moderna e grande opta por eleger todos os seus juízes de alto escalão. O sistema exigiu que os eleitores escolhessem entre cerca de 3.000 candidatos.
Até o momento, 91% dos votos foram contados, e a participação foi baixa, com cerca de 13% dos 100 milhões de eleitores aptos comparecendo às urnas, em contraste com os 61% da eleição presidencial anterior.
“Esta foi realmente a maior eleição da nossa história”, declarou Taddei, exaltando a transparência de todo o processo eleitoral.
A cédula de votação seguia as normas de paridade de gênero, permitindo que os eleitores escolhessem cinco mulheres e quatro homens. Essa inclusão é um passo importante, mas a eficácia do que se está construindo ainda é uma incógnita.
A atuação de Aguilar, um defensor dos direitos indígenas e ex-funcionário do governo de AMLO, e de Ríos, especialista em direito trabalhista e assessora de López Obrador, provoca uma reflexão sobre como um judiciário que se posiciona tão próximo ao governo pode influenciar as leis que regem a economia mexicana.
Sob a possibilidade de um tribunal que favoreça interesses partidários, o peso mexicano enfrentou uma queda significativa no ano passado, quando a aprovação da reforma constitucional trouxe incertezas sobre futuros investimentos.
O INE prevê divulgar os resultados finais até 10 de junho, incluindo detalhes sobre a composição do novo Tribunal de Disciplina Judicial, que supervisionará os juízes.
A crítica à baixa participação nas urnas levanta questões sobre a legitimidade do novo judiciário, mas Sheinbaum respondeu às preocupações, afirmando que 13 milhões de cidadãos votaram livremente. Para ela, o processo eleitoral foi um grande avanço, embora possa ser aprimorado.
Por fim, Jorge Buendía, da Buendía & Marquez, alertou que a baixa participação não necessariamente reflete a qualidade dos juízes eleitos, que poderão surpreender ao longo de seus mandatos. “Precisamos observar as decisões que eles tomarão

You must be logged in to post a comment Login