O Signal, aplicativo de mensagens utilizado por autoridades da administração Trump para discutir estratégias militares contra os rebeldes Houthis no Iêmen, foi criado por um ex-anarquista com a missão de proteger a comunicação de ativistas e jornalistas da vigilância do governo.
Lançado em 2014 por Moxie Marlinspike, o Signal adota criptografia ponta a ponta, assegurando a privacidade dos usuários e não armazenando dados sobre as mensagens trocadas. Isso o tornou a escolha preferida para quem busca escapar da vigilância estatal e corporativa, consagrando-se como o aplicativo de mensagens mais seguro disponível no mercado.
Embora seja comumente utilizado também por funcionários do governo para comunicações gerais, o uso do Signal para informações sensíveis ou classificadas é expressamente proibido pelo Departamento de Defesa dos EUA.
Escândalo da Cúpula de Trump
Recentemente, a revista Atlantic trouxe à tona que altos membros do governo de Donald Trump, como o secretário de Defesa Pete Hegseth e o vice-presidente JD Vance, usaram o Signal para planejar um ataque no Iêmen. O escândalo se desenrolou quando o editor da Atlantic, Jeffrey Goldberg, entrou acidentalmente no grupo, revelando planos militares que deveriam ser sigilosos.
A polêmica explodiu em Washington, levantando preocupações sobre a falta de segurança nas comunicações. Em resposta, parlamentares norte-americanos pressionaram o diretor da CIA, John Ratcliffe, e a diretora de Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard, que, entretanto, negaram qualquer irregularidade e alegaram que não discutiram informações classificadas.
No entanto, Goldberg relatou que Hegseth compartilhou dentro do grupo detalhes sobre armamentos e cronogramas do ataque, o que provocou uma onda de indignação.
Reações de Indignação
Senadores, incluindo Mark Warner do Comitê de Inteligência, expressaram profunda indignação. “É inacreditável que altos funcionários não tenham verificado quem poderia acessar essas informações”, disse Warner.
O senador republicano Kevin Cramer também criticou a falta de prudência e chamou a situação de “embaraçosa”. Ele ressaltou a importância de uma responsabilidade clara, afirmando que algo semelhante não pode acontecer novamente.
“Adultos responsáveis reconhecem erros e tomam medidas para garantir que não se repitam,” afirmou Cramer.
É Seguro Usar o Signal?
Apesar da reputação de segurança, os aplicativos como o Signal não atendem os critérios exigidos pelas agências de defesa dos EUA para lidar com informações confidenciais. O governo prioriza sistemas próprios, como o SIPRNET, para troca de informações sensíveis.
Regras recentes do Pentágono proíbem o uso de aplicativos de mensagens como o Signal para informações não públicas, reforçando a importância de sistemas seguros no manejo de dados militares.
A polêmica em torno do uso impróprio do Signal trouxe uma nova onda de atenção ao aplicativo, que, apesar de ter menos de 100 milhões de usuários em comparação aos 2 bilhões de usuários do WhatsApp, continua sendo uma escolha para aqueles que priorizam a privacidade.
Ainda assim, um representante do Signal não respondeu sobre as recentes controvérsias.
Quem Está por Trás do Signal?
O Signal se destaca por ser operado por uma organização sem fins lucrativos, que recebe doações dos usuários e se posiciona como uma alternativa aos aplicativos que coletam dados para fins publicitários.
Marlinspike, que se afastou da liderança do Signal em 2022, também não deu declarações sobre a situação, mas compartilhou uma ironia em sua rede social, destacando as inusitadas razões para se juntar ao Signal, que agora incluem ser adicionado a um grupo em meio a discussões de operações militares sensíveis.

You must be logged in to post a comment Login