O Senado da Argentina fez um movimento ousado nesta quinta-feira (10) ao aprovar um projeto de lei que promete elevar significativamente os gastos do governo relacionados a aposentadorias e seguridade social. Esta ação levanta sérias preocupações sobre o cumprimento do programa de austeridade do presidente Javier Milei em um momento crucial, a poucos meses das eleições de meio de mandato em outubro.
Com um resultado de 52 votos a zero, os senadores de partidos de oposição garantiram a aprovação da medida previdenciária, enquanto muitos legisladores, de um total de 72 na casa, não compareceram à votação. As estimativas do governo apontam que, juntamente com outras propostas em tramitação, o impacto financeiro adicional pode alcançar cerca de 2,5% do PIB. Tal aumento comprometeria efetivamente o superávit fiscal que foi arduamente conquistado durante o primeiro ano e meio da administração Milei.
Embora o presidente goze de índices de aprovação relativamente altos, esta votação se apresenta como um obstáculo significativo, tanto no cenário interno quanto no externo, antes das eleições cruciais. Para investidores, esse pleito é visto como um verdadeiro teste de sua presidência. Milei está determinado a ampliar a representação de seu partido no Legislativo para viabilizar reformas econômicas estruturais que possam atrair investimentos estrangeiros.
O presidente já se manifestou decidido a vetar o projeto de lei da previdência, uma ação que exigiria dois terços dos votos em ambas as casas do Congresso para ser derrubada. É importante lembrar que, em junho, a Câmara dos Deputados havia aprovado o projeto, mas com uma votação muito apertada: 111 a favor, 100 contra e 15 abstenções.
Tanto Milei quanto o ministro da Economia, Luis Caputo, emitiram alertas em entrevistas no dia da independência da Argentina, afirmando que essas medidas podem provocar turbulências nos mercados e prejudicar o processo de desinflação antes das eleições. Milei chegou a acusar os 24 governadores do país de tentarem “destruir” seu governo por interesses eleitorais.
Os argentinos irão às urnas em outubro para renovar um terço do Senado e a metade da Câmara dos Deputados. Apesar das expectativas de um bom desempenho para o partido de Milei, ele ainda precisará negociar com seus aliados para conseguir aprovar suas reformas econômicas.

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