O dólar enfrenta uma queda significativa, resultado das crescentes especulações sobre cortes de juros nos Estados Unidos, impulsionadas pelo rumor de que o presidente Donald Trump poderá antecipar a escolha do novo presidente do Federal Reserve (Fed).
O índice da Bloomberg que acompanha o desempenho da moeda americana em relação a outras divisas alcançou seu menor patamar em três anos, uma reação clara ao artigo do Wall Street Journal, que sugere que Trump pode nomear o novo mandatário do Fed a tempo de antes de setembro ou outubro. Para os investidores, tal notícia é uma clara indicação de que cortes nos juros estão se tornando cada vez mais prováveis, uma vez que Trump tem pressionado Powell a alavancar a redução nas taxas de juros.
“Se Trump avançar com sua nomeação, isso não só aumentará a pressão sobre Powell, mas também poderá resultar em termos de um ‘presidente sombra’ do Fed antes mesmo do término do mandato de Powell em maio do próximo ano”, explicou Rodrigo Catril, estrategista do National Australia Bank baseado em Sydney. “É justo concluir que a pressão para cortes de juros vai intensificar, e isso está gerando um movimento de venda do dólar.”
As notícias recentes em torno de Powell geram um risco adicional para o dólar e os títulos da dívida americana, que já enfrentam desafios devido a incertezas relacionadas às tarifas comerciais e ao crescente déficit fiscal.
O índice do dólar da Bloomberg caiu até 0,2%, estabelecendo um novo marco mais baixo desde abril de 2022. Este ano, o índice já acumula uma queda superior a 8%. Nas últimas semanas, operadores começaram a ampliar suas apostas em cortes de juros pelo Fed ainda em 2023, com uma nova precificação prevendo 66 pontos-base de afrouxamento até dezembro, um aumento frente aos 51 pontos-base no final da semana passada, de acordo com dados de swaps indexados à taxa overnight.
“Claramente, isso está impactando negativamente o dólar de forma mais abrangente”, analisa Ignatius Pang, chefe de vendas e operações de câmbio na região da Ásia do Union Bancaire Privée, que aponta que momentos de valorização do dólar americano são “oportunidades para diversificar reservas em moeda americana”.
Entre os candidatos cotados para substituir Powell, estão o ex-diretor do Fed Kevin Warsh e o atual diretor do Conselho Econômico Nacional, Kevin Hassett, como indicado pelo Wall Street Journal.
As análises dos estrategistas da Bloomberg…
“Os investidores consideram a possibilidade de Trump nomear um novo presidente do Fed até outubro um sinal de que cortes antecipados nos juros são mais prováveis. O mercado já está prevendo um corte em setembro, mas essa nova dinâmica reforça as chances de mais ação em julho, incluindo uma redução de 25 pontos-base.”
— Mark Cranfield, estrategista do Markets Live
Trump afirmou na quarta-feira que tem de três a quatro nomes em mente para suceder Powell, cujo mandato se estende até maio de 2026. Ele expressou críticas ao Fed por manter os juros em níveis estáveis, defendendo cortes e argumentando que o banco central está elevando os custos de financiamento do governo federal.
“Isso, na prática, diminui a influência de Powell, já que todos começam a se concentrar no futuro presidente”, comenta Matthew Haupt, gestor da Wilson Asset Management em Sydney. “É evidente que existe uma inclinação mais dovish (favorável a juros baixos).”

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