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Revolução na Síria: Governo Assad Cai Após Rebeldes Tomarem Homs e Damasco

Bashar al-Assad deixou a Síria após a vitória dos rebeldes que dominaram Damasco e Homs. O que vem a seguir para o futuro do país?

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O governo de Bashar al-Assad, presidente sírio por mais de duas décadas, sofreu um colapso sem precedentes após um avanço surpreendente dos grupos de oposição.

No último domingo (8), a televisão estatal proclamou o “triunfo da grande revolução síria e a derrubada do regime criminoso de Assad”.

Essa queda impactante está reverberando por todo o Oriente Médio, representando um sério golpe para a Rússia e o Irã, aliados principais do regime Assad.

O grupo Hayat Tahrir Al-Sham (HTS), líder da ofensiva contra Assad, tomou Damasco na noite de sábado (7) e conquistou a-chave cidade de Homs, situada a cerca de 160 quilômetros da capital, simultaneamente. Outras regiões do país, incluindo o norte e o sul, também foram dominadas por outras facções rebeldes.

Moradores de Damasco foram vistos celebrando efusivamente o fim de um regime amplamente odiado.

People make their way as they attempt to cross into Syria after Syrian rebels announced that they have ousted President Bashar al-Assad, near Masnaa Border Crossing
Um ativista erguendo a bandeira da oposição na fronteira de Masnaa celebra a destituição de Assad em 8 de dezembro de 2024 (Foto: REUTERS/Amr Abdallah Dalsh)

O líder do HTS, Ahmed Al-Sharaa, conhecido como Abu Mohammed Al-Jolani, exortou as forças do governo a se entregarem na capital. Ele anunciou que o primeiro-ministro Mohammad Ghazi al-Jalali permanecerá no cargo até a ocorrência de uma transferência formal de poder.

Al-Jalali, em entrevista à Al Arabiya, afirmou que não sabia do paradeiro de Assad. Fontes do Observatório Sírio para os Direitos Humanos sugerem que Assad pegou um voo de Damasco e saiu do país.

Assad, que se tornou presidente em 2000, após a morte de seu pai Hafez, fez uma desesperada tentativa de se manter no poder, buscando diálogo com os EUA e o presidente eleito Donald Trump, conforme reportado pela Bloomberg. Em um claro sinal de sua fraqueza militar, ele ordenou que suas tropas se retirassem para Damasco, entregando assim vastas áreas para os insurgentes, incluindo Homs.

Trump: “Essa luta não é nossa”

Em suas redes sociais, Trump deixou clara a posição dos EUA, afirmando que o país não deveria se envolver nos eventos sírios. “Esta não é nossa luta”, declarou. “Deixe que aconteça. Não se envolva!” Ele acrescentou em outra postagem que Assad havia abandonado a Síria e que a Rússia “não demonstrava mais interesse em protegê-lo”.

A administração Biden, que assumirá em breve, passou uma mensagem de apatia em relação à rebelião do HTS, afirmando que os EUA não se envolverão.

Os EUA e Israel, vizinhos da Síria, estão monitorando a situação com muita cautela. Assad nunca foi um aliado para eles, e Washington já impôs severas sanções ao regime sírio. Ao mesmo tempo, o HTS é classificado como uma organização terrorista pelos EUA e outras nações ocidentais.

Na manhã de domingo, Israel anunciou o envio de forças para formar uma zona de amortecimento em suas Colinas de Golã, visando proteger suas comunidades. O exército israelense, entretanto, enfatizou que não está interferindo na situação interna da Síria.

“Esses rebeldes não são nossos amigos”, alertou Danny Danon, embaixador israelense na ONU, em entrevista ao canal 14 israelense. “Para muitos, o enfraquecimento do Irã é visto como algo positivo, mas temos receios de que facções ligadas ao terrorismo possam usar o armamento de Assad contra Israel.”

Uma Síria “instável e fragmentada”

O HTS, que se distanciou da al-Qaeda em 2016, tenta se apresentar como uma alternativa mais moderada. Em entrevista à CNN no dia 5 de dezembro, Al-Sharaa assegurou que não muçulmanos e minorias estariam seguros nas áreas sob controle do HTS.

Em suas observações, ele atribui o êxito dos rebeldes a um aumento na disciplina e unidade entre eles. “A revolução evoluiu de um estado caótico para um modelo de ordem”, ressaltou.

A situação política na Síria deve continuar em fluxos à medida que diversos grupos lutam para consolidar suas posições, segundo análise da consultoria RANE.

Freddy Khoueiry, analista de segurança global da RANE, previu que “o colapso abrirá espaço para um disputado processo político entre facções rebeldes em busca de um governo provisório”.

“Este processo será lento e suscetível à violência, com potências estrangeiras tentando influenciar o cenário de poder pós-guerra, resultando em uma Síria instável e fragmentada em um futuro próximo.”

Aliados foram pegos de surpresa

Assad já havia perdido extensas áreas no noroeste do país em novembro, quando combatentes da oposição realizaram um avanço repentino da província de Idlib, capturando primeiramente Aleppo, uma das maiores cidades da Síria, e então avançando em direção a Hama.

A derrocada relâmpago do governo sírio pegou de surpresa tanto a Rússia quanto o Irã, além dos EUA. Em 2015, esses países intervieram para apoiar Assad e reverter a maré na guerra, que se arrasta desde 2011.

Contudo, a situação atual sobrecarregou tanto Teerã quanto Moscou, que mantém uma base naval em Tartus, pela pressão de conflitos na região do Oriente Médio e na Ucrânia. O Irã até tentou mobilizar apoio a Assad entre nações árabes, prometendo enviar tropas se necessário, mas essa possibilidade não se concretizou.

Além disso, o Hezbollah, grupo paramilitar iraniano e aliado de Assad, sofreu grandes perdas na luta contra Israel, especialmente desde setembro, complicando ainda mais a situação da Síria.

“O conflito sírio resultou na morte de 300.000 a 500.000 pessoas e deslocou mais de 10 milhões, conforme relatado por agências da ONU e organizações sírias.”

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