A situação no Irã ficou ainda mais crítica com a saída dos inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). A retirada dos especialistas ocorreu após a aprovação de uma lei em Teerã que ameaça criminalizar a fiscalização nuclear internacional, aprofundando o apagão sobre o programa nuclear iraniano.
Nesta última sexta-feira (4), um diplomata ocidental, que pediu anonimato, confirmou que os inspetores deixaram o país, o que deve gerar reações rápidas das potências ocidentais. Desde o cessar-fogo entre Israel e Irã, os governos têm pressionado Teerã a permitir a continuidade das visitas da AIEA.
Recentemente, Israel intensificou suas ações, bombardando instalações nucleares e militares em um esforço para criar uma barreira à supervisão internacional, o que encerrou a capacidade de monitoramento do potencial militar iraniano.
Em um comunicado, a AIEA destacou a “importância crucial” de retomar as negociações com o Irã o mais breve possível, ressaltando as implicações de sua retirada. A saída dos inspetores para Viena causou um novo ponto de tensão, especialmente após declarações do ministro das Relações Exteriores iraniano, que garantiu a continuidade da cooperação.
A nova legislação aprovada por Teerã suspende a cooperação com a AIEA, criando incertezas sobre as futuras inspeções e a situação do urânio quase apto para a fabricação de armas. A deterioração da relação entre o Irã e a AIEA, além das acusações de conivência com os ataques israelenses, indica um cenário cada vez mais complexo.
Desde o início dos ataques, a segurança dos poucos inspetores que permaneciam no Irã tornou-se uma preocupação crescente. Com a saída dos inspetores, a localização dos 409 quilos de urânio quase armamentício permanece desconhecida, representando um risco significativo à segurança regional.
Vale ressaltar que é a primeira vez em duas décadas que os inspetores da AIEA são obrigados a deixar o Irã, o que causou impacto no Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP). O enviado iraniano em Viena afirmou que os ataques americanos e israelenses causaram danos irreparáveis a este acordo fundamental, que garante acesso a tecnologias nucleares em troca de inspeções internacionais.
Se o Irã decidir suspender a fiscalização com base no direito internacional, isso poderá influenciar a continuidade do cessar-fogo com Israel. A incerteza sobre o paradeiro do urânio altamente enriquecido pode servir como uma ferramenta estratégica para o Irã, que aposta em negociações para garantir acesso e evitar novos ataques.

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