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Rali Mille Miglia: Atração italiana invade as estradas da Flórida!
O prestigiado rali Mille Miglia, fundado em 1927, desembarca nos EUA; descubra o que vem por aí!
No dia 11 de junho, Caroline Cassini e seu esposo, Jakob Greisen, embarcaram em uma verdadeira aventura sobre rodas, capturando a essência do automobilismo clássico. Eles se acomodaram em um deslumbrante Fiat 508 S Balilla Coppa d’Oro de 1934 e cruzaram 1.600 quilômetros pelas estradas icônicas da Itália durante cinco dias de pura emoção.
Esse não é apenas mais um passeio de fim de semana. O casal de Los Angeles se uniu a outros 400 competidores no famoso 1000 Miglia, reavivando um rali que remonta a 1927. Originalmente marcado por altas velocidades e tragédias, a corrida moderna, que voltou em 1977, promete a mesma adrenalina – sem as graves consequências do passado. (Vale lembrar que Enzo Ferrari enfrentou acusações após um trágico acidente em 1957 condenado em seu filme de 2023, Ferrari.)
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Um sonho para qualquer entusiasta de automóveis, o 1000 Miglia atrai renomados patrocinadores, como Chopard e J.P. Morgan Private Bank, além de milhares de inscrições a cada edição, superando as vagas disponíveis. A competição exige que todos os veículos sejam de fabricação anterior a 1958, o último ano do rali original. Cidades energizadas pagam altos valores para acolher os clássicos Mercedes-Benz Gullwings e Ferrari Spyders, e aplaudem animados enquanto os pilotos percorrem as ruas sob uma chuva de adoração: “Andiamo! Vai, vai, vai!”
Em um movimento que promete expandir as fronteiras do automobilismo, o 1000 Miglia vai acontecer na Flórida no próximo ano. Este é o impulso dos organizadores para levar a tradição italiana às estradas dos Estados Unidos.
“Estamos orgulhosos do crescimento da nossa marca na América”, declarou Alberto Piantoni, CEO da 1000 Miglia Srl, durante o anúncio da nova etapa.
O evento, agendado para 22 de fevereiro, percorrerá um trajeto espetacular de Coral Gables, atravessando Everglades, até Nápoles, São Petersburgo, Cabo Canaveral e West Palm Beach, para retornar a Miami. Serão 1.600 milhas limitadas a apenas 120 veículos, com uma taxa de inscrição de US$ 12.000 por carro. Os vencedores têm ainda a oportunidade de garantir sua participação nas 1000 Miglia de 2026 na Itália.
A emoção do rali
Com uma trajetória quase tão antiga quanto a própria paixão pelos carros, os ralis oferecem aos aficionados uma experiência inigualável de aventura, camaradagem e competição. Enquanto alguns são dirigidos por profissionais, outros reúnem amadores. Apenas mencionar seus nomes provoca entusiasmo: Le Rallye Aïcha des Gazelles; o Rally Paris-Dakar; o Rally Rebelle; e muitos outros.
“Sou uma pessoa que não viaja muito, então essas competições são a minha chance de explorar boas estradas”, conta Paul Kramer, fundador da Auto Kennel, loja de carros de luxo na Califórnia. Ele já participou de mais de 100 ralis, acumulando mais de 30.000 milhas no ano passado. “Quando fiz meu primeiro rali, foi como um diabético se empanturrar de doces. Fiquei maravilhado. Parecia que eu tinha encontrado um clube escondido.”
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O 1000 Miglia é um rali TSD (tempo, velocidade, distância). Em vez de simplesmente correr para a linha de chegada, os competidores precisam ser precisos, cumprindo horários específicos e percorrendo etapas a velocidades controladas. Nos EUA, existem dezenas de ralis TSD realizados por clubes de proprietários locais ao longo de décadas, de Alasca a Nova York.
Desde 1999, um novo estilo de rali tem capturado atenção nos EUA, impulsionado pelo Gumball 3000, fundado pelo empresário britânico Maximillion Cooper. Com 3.000 milhas de pura adrenalina abrindo espaço para reunir um público jovem e endinheirado, o evento traz ícones como Lewis Hamilton e Kate Moss, além de muitos supercarros. Em 2003, Burt Reynolds deu vida ao Gumball no filme de longa-metragem.
“O Gumball realmente acendeu a paixão por corridas nos EUA”, argui Alex Roy, que já participou de diversas edições. Em 2007, ele estabeleceu um recorde incrível ao atravessar os EUA em 31 horas e 4 minutos, um feito que foi documentado no filme APEX de 2019.
Com prêmios itinerantes como “melhor carro” e “melhor estilo” e taxas de inscrição que chegam a quase US$ 100 mil, o Gumball se tornou sinônimo de extravagância. Ralis semelhantes, como o Gold Rush Rally (US$ 25.000) e o extinto BullRun, também seguiram sua tendência, cobrindo rotas de Los Angeles a Miami. “O que tornei o Gumball atraente são aqueles que acreditam que é uma corrida cheia de adrenalina”, complementa Roy. “Isso deu origem a uma explosão de eventos do gênero.”
A maioria das competições nos EUA equilibra o espírito do Gumball com uma abordagem mais formal. Muitas têm um intuito beneficente, e algumas têm restrições quanto ao tipo de carro aceito. O Texas Hill Country Rallye, por exemplo, é exclusivo para Porsches refrigerados a ar de 1949 a 1989. Outras competições simplificam a matemática ou priorizam belas paisagens e socialização.
“Essas competições reúnem pessoas que amam dirigir e explorar juntos”, diz Steve Pelletier, um morador do Oregon, que participou do Overcrest Rally a bordo de seu Porsche 911 de 1986. “Fiz muitas novas amizades.”
Três grandes ralis nos EUA têm sido tradição ao longo das décadas: o Copperstate 1000 (US$ 10.500), o Colorado Grand (US$ 9.500) e o California Mille da Hagerty Inc. (US$ 15 mil). Este ano, o California Mille incluiu 73 clássicos pelo sul da Califórnia, passando por pontos icônicos como La Jolla e Pasadena. O valor de entrada cobre tudo, desde refeições e hospedagem até serviços exclusivos e entretenimento.
A divisão de eventos da Hagerty explodiu em popularidade desde o início da pandemia.
“Após 2020, vivenciamos um crescimento monumental na paixão por dirigir e a cultura de carros antigos”, afirmou McKeel Hagerty, CEO da empresa. “Uma tendência crescente é o desejo por mais liberdade na condução e capacidade de rastejar em direção a novas aventuras.”
Um novo espaço para ralis nos EUA
A 1000 Miglia Srl pretende aproveitar esse entusiasmo com a nova corrida na Flórida, criada para acolher tanto veteranos como novatos apaixonados pela cultura automotiva italiana.
“A 1000 Miglia é uma marca icônica, capaz de estabelecer conexão mundial”, disse Mario Liguori, VP da 1000 Miglia Experience Florida. O contrato com a Flórida tem cinco anos, e a expectativa é que o evento atinja o equilíbrio financeiro já no primeiro ano. “Há um enorme potencial”, afirma.
Registros anteriores de ralis “Experience” já ocorreram no Japão e Emirados Árabes Unidos, ambos em 2023. Em setembro, haverá um na Áustria, e a inaugural “Experience” na China será em novembro. Um quinto Warm Up USA também ocorrerá perto de Washington, DC, em outubro, com a esperança de expandir para a Costa Oeste no futuro.
Os organizadores afirmam que esses eventos atraem um público que aprecia o estilo de vida ‘la dolce vita’, amando o automobilismo italiano e despertando interesse em patrocinadores desbravando novos mercados. “É uma plataforma extremamente atraente para os apaixonados pela Itália”, destaca Liguori.
O mercado está receptivo para um evento que flutue entre o glamour do Gumball e a elegância dos ralis clássicos. No entanto, com a produção estimada em US$ 1 milhão, é um desafio arriscado na busca de participantes dispostos a sediar e manter carros clássicos, como o BMW 328 de 1938, que pode aparecer no percurso Brescia-Roma.
“O que permanece incerto é se a marca 1000 Miglia é atraente o bastante para magnetizar esses entusiastas”, questiona Roy, o recordista do Cannonball. “É crucial encontrar uma figura carismática que possa unir essas pessoas.”
Kramer, veterano do rali, acrescenta: “Os americanos competem muito para mostrar que o seu carro é o melhor, o que pode ser cansativo. Estamos ansiosos por novas experiências e pessoas.”
Por fim, traçar o percurso ideal parece um desafio – considerando as autoestradas monótonas da Flórida em comparação com as majestosas rotas europeias. “Desenvolver um percurso é um desafio”, admite Liguori. E, enquanto muitos esperam hotéis cinco estrelas pela taxa elevada, encontrar acomodações de primeira linha fora de Miami continua complicado.
Apesar disso, se feito corretamente, pode ser que a hospitalidade não seja um problema. Um rali bem-sucedido é sobre as interações e conexões entre os participantes, que não podem ser organizadas apenas com boas localizações ou cardápios elaborados, sintetiza Roy. “A verdadeira essência é social.”
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