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Putin Visita a Coreia do Norte Após 24 Anos: Elogios e Acordos em Foco
Putin e Kim Jong-un se reúnem para discutir segurança e cooperação econômica; visitas estratégicas moldam a política na região.
Vladimir Putin, o presidente da Rússia, chegou à Coreia do Norte para sua primeira visita em impressionantes 24 anos, e o motivo? Elogiar o regime de Kim Jong-un por seu apoio à guerra russa na Ucrânia.
Desembarcando no Aeroporto Internacional de Sunan em Pyongyang na manhã de quarta-feira (18), Putin foi calorosamente cumprimentado e abraçado por Kim. As câmeras capturaram o momento em que os dois líderes partiram juntos na limusine de Putin, conforme relatado pela TASS, a agência de notícias estatal russa.
Em cada poste ao longo de sua rota, a imagem de Putin era uma constante, cercado por uma impressionante comitiva de veículos e motocicletas, com seguranças alinhados e prontos para qualquer eventualidade. Esta viagem acontece após a visita de Kim à Rússia em setembro, que, segundo imagens de satélite, levou a um aumento significativo nas transferências de armamentos.
Esta é a primeira vez que Putin pisa em solo norte-coreano desde seu mandato presidencial em 2000. Durante a visita, os líderes discutirão assuntos bilaterais cruciais e assinarão acordos focados em segurança e cooperação econômica.
Os dois líderes também farão declarações à imprensa, como informou a Interfax, citando assessores próximos a Putin. Após a reunião, o presidente russo seguirá para o Vietnã na noite de quarta-feira.
A comunidade internacional, especialmente os Estados Unidos e seus aliados, estarão atentos à profundidade da colaboração militar entre Moscou e Pyongyang, especialmente após anúncios sobre um novo acordo de parceria estratégica que substituirá os que vigoram desde 1961, na época da União Soviética.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, comentou que a Rússia está tentando “desesperadamente” reforçar alianças com países que possam fornecer recursos cruciais para sua guerra na Ucrânia, destacando que Pyongyang tem oferecido “munições significativas” a Moscou.
Em concordância, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, expressou preocupações sobre um possível suporte russo aos programas de armamentos nucleares e de mísseis da Coreia do Norte.
Nos últimos meses, Kim intensificou suas atividades ao visitar fábricas de munições e supervisionar testes de armamentos que, segundo a Coreia do Sul, poderiam ser enviados à Rússia. Entre os armamentos testados estão lança-foguetes e mísseis balísticos que apresentam ameaças reais na região.
“O objetivo central da visita será a cooperação econômica e técnica, além da segurança, embora os detalhes possam não ser revelados publicamente,” apontou Victor Cha, autoridade do Center for Strategic and International Studies.
A Coreia do Norte, com seus vastos estoques de armamentos compatíveis com sistemas soviéticos, continua a ser uma preocupação estratégica, enquanto tanto Moscou quanto Pyongyang negam qualquer transferência desses materiais.
Putin expressou sua gratidão pelo apoio da Coreia do Norte em relação à “operação militar especial” russa na Ucrânia, destacando a solidariedade nas questões internacionais e a defesa conjunta de suas prioridades nas Nações Unidas.
Em troca das munições que podem totalizar quase 5 milhões de projéteis, a Rússia está disponibilizando tecnologia para o regime de Kim, permitindo que ele avance em seus planos de desplegar satélites espiões, segundo o ministro da Defesa da Coreia do Sul.
Esse intercâmbio pode aumentar a ameaça que Pyongyang representa para a região, especialmente com a expectativa de novos pedidos de mísseis e munições por parte de Putin.
A visita de Putin ocorre logo após as primeiras negociações de segurança de alto nível entre China e Coreia do Sul em quase uma década. Após a queda da União Soviética, a China passou a ser o principal apoiador de Pyongyang, mas essa nova aliança entre Kim e Putin pode sinalizar um realinhamento nas relações regionais.
“A preferência da Coreia do Norte por estreitar laços com a Rússia pode estar prejudicando sua relação com a China,” afirmou Rachel Minyoung Lee, especialista da 38 North Program no Stimson Center.
“Contudo, se a RPDC e a Rússia conseguirem conter a agenda dos EUA sem impactar os interesses centrais da China, isso pode, a longo prazo, não ser tão negativo para Pequim,” concluiu ela.
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