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Protestos na Venezuela após apoio dos EUA a Edmundo González como vencedor

Com apoio dos EUA, a oposição venezuelana convoca protestos em massa. Pressão sobre Maduro aumenta após confirmação da vitória de Edmundo González nas urnas.

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Maria Corina Machado e Edmundo Gonzalez em um evento político após as eleições na terça-feira (Andrea Hernandez Briceno/Bloomberg)

A líder oposicionista, Maria Corina Machado, fez um chamado para protestos em toda a Venezuela, defendendo o que seu partido considera uma vitória eleitoral legítima, após a declaração do principal diplomata do governo Joe Biden, que afirmou que os EUA estão ao lado de uma transição de poder.

A afirmação de Washington de que Edmundo González, candidato da oposição, claramente derrotou o presidente Nicolás Maduro intensifica a pressão sobre o regime socialista. Ambas as partes estão convocando os seus apoiadores para as ruas neste fim de semana, aumentando o risco de confrontos violentos. O governo Maduro já prendeu centenas de manifestantes, e o escritório de Machado foi saqueado durante a noite.

“Nos reuniremos com nossas famílias, nossos filhos, netos e avós em todas as cidades da Venezuela”, declarou Machado em um vídeo postado na quinta-feira (1) no X.

Os Estados Unidos informaram, durante uma reunião de emergência da Organização dos Estados Americanos na quarta-feira (31), que González venceu Maduro nas eleições do último domingo. O secretário de Estado, Antony Blinken, corroborou essa análise logo após o apelo da oposição para que seus apoiadores fossem às ruas.

“Está claro para os Estados Unidos e, principalmente, para o povo venezuelano que Edmundo González Urrutia venceu a maioria dos votos na eleição presidencial venezuelana de 28 de julho”, afirmou Blinken em um comunicado. Embora não tenha formalmente chamado González de presidente eleito, ele instou os partidos venezuelanos a “iniciar conversações sobre uma transição respeitosa e pacífica”, reiterando o apoio dos EUA à “recuperação das normas democráticas na Venezuela”.

Machado, em um artigo de opinião publicado no Wall Street Journal, revelou que está escondida e teme por sua vida, após Maduro solicitar que ela e González sejam encarcerados por décadas. Não está claro se eles participarão dos protestos, mas o apelo para as manifestações nacionais coincide com o crescente apoio internacional à sua vitória sobre Maduro, que comanda a Venezuela desde 2013.

“Eu posso ser capturada enquanto escrevo estas palavras”, alertou Machado. Um artigo separado do conselho editorial do jornal também informou que o governo já emitiu mandados de prisão contra eles, embora o principal promotor do país não tenha respondido a um pedido de confirmação.

“Nós, venezuelanos, cumprimos nosso dever. Votamos contra o Sr. Maduro”, enfatizou. “Agora, cabe à comunidade internacional decidir se tolera um governo claramente ilegítimo.”

Machado apelou para que a repressão governamental cesse imediatamente, de modo a possibilitar um acordo urgente que facilite a transição democrática.

Logo após a publicação de seu artigo, Maduro se dirigiu à nação por meio da televisão estatal, alertando que duas prisões de segurança máxima em reforma estarão prontas em breve para receber milhares de venezuelanos que protestaram contra os resultados eleitorais.

As instalações de Tocoron e Tocuyito devem estar prontas em 15 dias e acomodarão mais de 1.200 manifestantes que foram detidos desde segunda-feira, além de outros 1.000 que ainda serão presos, afirmou Maduro. Essa foi a postura mais dura que adotou contra os manifestantes, após prometer que eles cumpririam pelo menos 30 anos de prisão.

Diosdado Cabello, chefe do Partido Socialista e aliado próximo de Maduro, convocou os partidários do governo a realizarem contra-manifestações no sábado.

Até agora, pelo menos 11 pessoas perderam a vida desde o início das manifestações em todo o país, enquanto organizações não governamentais registram mais de 560 protestos em todos os 24 estados da Venezuela.

Machado informou que a maioria de sua equipe também está escondida, e seis de seus principais assessores que buscaram refúgio na embaixada argentina em Caracas temem uma invasão iminente. A sede de seu partido no leste de Caracas foi invadida por seis agressores mascarados, conforme uma postagem no X por parte do seu partido.

A embaixada argentina foi colocada sob a custódia do Brasil na quinta-feira de manhã, e Maduro prometeu respeitar sua soberania, segundo um funcionário brasileiro que está a par da situação. O governo de Maduro expulsou a equipe da embaixada argentina e também ordenou a partida dos diplomatas do Chile, Peru, Uruguai, Costa Rica, Panamá e República Dominicana até sexta-feira.

“Em vez de se esconder”, disse Maduro na quarta-feira, “Machado e González deveriam comparecer ao escritório do promotor”, endossando o pedido do legislador Jorge Rodríguez para a prisão dos opositores, que foram às ruas em protesto nesta semana.

Com a especulação sobre suas possíveis detenções, a Costa Rica ofereceu asilo político para Machado, González e outros que estão sendo perseguidos. Após a oferta, feita na terça-feira, Machado expressou gratidão, mas afirmou que seu dever é continuar lutando ao lado do povo venezuelano. Não está claro se ela está disposta a aceitar essa proposta, e sua equipe de comunicação não retornou imediatamente a um pedido de comentário.

A comunidade internacional tem imposto sanções à Venezuela por anos, buscando enfraquecer e potencialmente derrubar Maduro, mas sem sucesso. Desde a eleição de domingo, os EUA e outras nações latino-americanas exigem que Maduro comprove a vitória que se autodeclarou, apresentando as contagens de votos. O Grupo dos Sete fez uma declaração na quinta-feira pedindo a divulgação de dados detalhados da votação e uma “máxima contenção no país, além de uma solução pacífica, democrática e liderada pelos venezuelanos”.

O governo de Maduro também reclamou esta semana que a administração Biden não cumpriu parte de um acordo assinado no Catar no ano passado, que envolvia sanções aplicadas à Venezuela.

Na quinta-feira, a Venezuela divulgou o que disse ser uma cópia desse acordo. O documento afirmava que os EUA deveriam suspender algumas das sanções, caso o país sul-americano convidasse observadores para monitorar suas eleições. Entretanto, as sanções não foram suspensas após o convite feito em março.

O documento também estabelecia que todos os candidatos em conformidade com a lei deveriam ser autorizados a participar das eleições deste ano, sem mencionar nomes.

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