A promotora interina dos EUA em Manhattan, Danielle Sassoon, tomou uma decisão drástica e renunciou ao cargo de principal procuradora federal da cidade. Isso aconteceu após receber uma ordem direta do Departamento de Justiça para arquivar um caso de corrupção que envolve o prefeito de Nova York, Eric Adams.
De acordo com um porta-voz do escritório do promotor dos EUA para o Distrito Sul de Nova York, essa renúncia ocorreu na quinta-feira (13). Sassoon se viu em uma encruzilhada: renunciar ou obedecer a uma ordem que comprometeria a tradicional independência do escritório, o mesmo que lida com alguns dos casos de corrupção política e crimes de colarinho branco mais notórios do país.
Em uma reviravolta notável, o Bloomberg Law informou que dois altos funcionários do Departamento de Justiça em Washington também se demitiram, revelando um possível clima de descontentamento dentro do governo federal após uma ordem que demandava o arquivamento do caso.
Essas movimentações ocorreram logo após o procurador-geral adjunto em exercício, Emil Bove, ter determinado o arquivamento do caso contra Adams. Bove alegou que não havia avaliado a força das evidências, mas ressaltou as declarações do prefeito de que havia sido alvo de perseguição política por criticar as políticas de imigração do ex-presidente Joe Biden. O ex-presidente Donald Trump reforçou essas acusações.
Trump, em sua crítica, enfatizou que o Departamento de Justiça deveria focar em prioridades reais, e seus indicados rapidamente tomaram medidas para remover ou realocar procuradores federais. Contudo, o Distrito Sul é notoriamente respeitado, sendo frequentemente referido como o “Distrito Soberano” pela sua tradição de autonomia em relação a Washington.
Sassoon, aos 38 anos, foi escolhida como promotora interina logo após a posse de Trump. Com vasta experiência, ela também trazia credenciais conservadoras impressionantes, sendo membro da Federalist Society e ex-assessora do falecido juiz da Suprema Corte Antonin Scalia. Sua permanência no cargo estava prevista até que o indicado do novo presidente, Jay Clayton, ex-presidente da Comissão de Valores Mobiliários, fosse confirmado pelo Senado.
A renúncia de Sassoon pode abrir caminho para uma onda de demissões, caso mais procuradores decidam se opor à diretiva de Bove.
O Departamento de Justiça optou por não comentar a situação.
A acusação contra Adams é histórica, pois representa a primeira vez que um prefeito de Nova York em exercício enfrenta acusações de crimes federais. O prefeito, de 64 anos, foi acusado de aceitar doações de campanha ilegais e de obter upgrades de viagem luxuosos em troca de pressionar oficiais de incêndio da cidade a permitir a abertura de uma nova torre de escritório do consulado turco.
Ele se declarou inocente e resiste a renunciar. Recentemente, Adams buscou um relacionamento mais próximo com Trump, inclusive se encontrando com o ex-presidente em sua residência em Mar-a-Lago e participando do Dia da Posse. Em coletiva de imprensa na terça-feira, ele reiterou sua inocência, afirmando que é o momento de “deixar este cruel episódio para trás”.

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