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Papa Francisco marca presença histórica no G-7 amid polêmica sobre direitos LGBTQIA+

Italianos pressionam para remover referências ao aborto em declaração final do G-7, afetando direitos LGBTQIA+. Francisco se une ao debate com forte influência.

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A chefe de governo italiana, Giorgia Meloni, saúda o Papa Francisco durante sua presença na Cúpula do G7, na Itália (Mídia do Vaticano)

A bordo de um helicóptero branco, o papa Francisco fez sua estreia nesta sexta-feira (14) na cúpula anual do Grupo dos Sete, tornando-se o primeiro pontífice a participar deste evento crucial.

A presença do líder da Igreja Católica trouxe um toque de religiosidade a uma reunião habitualmente voltada para questões geopolíticas. Nos bastidores, a Itália está causando desconforto ao pressionar por uma diminuição das referências ao aborto e aos direitos LGBTQIA+ no comunicado final da cúpula.

Seu papel será participar de discussões sobre a regulamentação da inteligência artificial — um tema que o preocupa profundamente, fazendo-o soar o alerta sobre os riscos de uma “ditadura tecnológica”. Vale lembrar que uma imagem do papa com um casaco branco viralizou no ano passado, mas depois revelou-se uma falsificação.

Giorgia Meloni, a primeira-ministra italiana e mãe solo, também atribui um significado sagrado a sua agenda política, defendendo os valores tradicionais de forma ardente. “Sou uma mulher, sou italiana, sou cristã – você não vai tirar isso de mim”, afirmou em ocasiões anteriores.

Com certeza, ela não hesita em flertar com o “profano” e frequentemente se refere à sua educação romana como o “sal da terra”, enquanto se permite usar gírias coloridas. Essa capacidade de navegar entre os dois mundos alavanca seu apelo eleitoral, especialmente entre os eleitores de direita.

A primeira-ministra já reconheceu publicamente o apoio do Papa em suas políticas, como seu esforço para incentivar os italianos a terem mais filhos, desafiando a tradicional divisão entre Igreja e Estado. Além disso, ela se mantém firme em sua posição de negar direitos iguais de casamento e paternidade às pessoas LGBTQIA+.

O papa Francisco, por sua vez, poderá se encontrar com o presidente dos EUA, Joe Biden, um católico devoto que frequentemente menciona sua conexão calorosa com o pontífice. Mesmo antes de sua chegada, a influência do Papa já era notada nas discussões e negociações que aconteciam nos bastidores.

Como anfitriões do G-7, os italianos decidiram agir de forma contundente, exigindo a retirada de referências ao aborto da declaração final — uma inclusão habitual e que estava presente no documento do ano anterior, que também contou com a presença de Meloni.

Finalmente, foi alcançada uma “solução cosmética”. Sob pressão de alianças com os EUA e outros países, o comunicado final reiterará um compromisso baseado na versão do ano anterior, omitindo qualquer referência explícita ao aborto, embora mantendo sua essência.

Além disso, o projeto parece ter suavizado as proteções para pessoas LGBTQIA+, eliminando menções a identidade de gênero e orientação sexual. Uma fonte dos EUA, que preferiu permanecer anônima, relatou que o comunicado continuará a proteger e promover os direitos das pessoas LGBTQIA+ globalmente, focando nas ameaças que elas enfrentam, com compromisso inalterado.

Na quinta-feira (13), o presidente francês, Emmanuel Macron, lamentou a omissão de uma referência ao aborto, expressando seu descontentamento aos repórteres.

Na Itália, Meloni enfrentou a ira de grupos que apoiam os direitos reprodutivos das mulheres ao inflamarem o debate antiaborto, embora sem alterar a legislação vigente.

Diferente de Meloni — que exibe um controle forte sobre a política externa —, o papa Francisco demonstra uma grande falta de respeito às normas diplomáticas, frequentemente quebrando o protocolo em contextos como o da Ucrânia e nas disputas entre Israel e Hamas.

Isso torna sua participação no G-7 bastante complexa. Assessores religiosos do governo em Roma descreveram-no como um “pavio curto”, propenso a deslizes. As autoridades ucranianas criticaram duramente o papa após ele elogiar os “czares russos” e sugerir que a Ucrânia se rendesse.

No último mês, o Papa foi obrigado a se desculpar após suas supostas declarações sobre a presença de homossexuais entre os aspirantes a padres, um assunto que revela a intrincada relação da Igreja com a comunidade LGBTQIA+.

Contudo, nesta semana, ele demonstrou pouco arrependimento, comentando que “havia um ar de bicha” no Vaticano, enquanto desqualificava a influência dos “lobbies LGBTQIA+”. Curiosamente, o Vaticano se preparou com um comunicado que carecia de um pedido de desculpas.

A Casa Branca, por sua vez, minimizou os comentários feitos pelo Papa, reiterando que “todos, incluindo pessoas LGBTQIA+, merecem dignidade e não devem ser discriminados”.

Resta a pergunta se Biden confrontará pessoalmente o papa Francisco. O relacionamento deles já enfrentou desafios, como quando o Papa criticou o apoio de Biden ao direito ao aborto como uma “incoerência”.

No entanto, a fé compartilhada entre eles promove um apoio mútuo que frequentemente ofusca as diferenças. “Este é um homem de grande empatia”, declarou Biden em 2021 sobre o Papa. “Ele entende que parte de seu cristianismo é estender a mão e perdoar. Eu realmente valorizo minha relação com ele, pois é uma conexão verdadeira e genuína”.

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