Mercados
Oferta da Couche-Tard pela 7-Eleven pode redefinir mercado de conveniência
A fusão formaria a maior operadora global de lojas de conveniência, com cerca de 100 mil unidades ao redor do mundo.
A Alimentation Couche-Tard, conhecida por sua rede de lojas de conveniência Circle K, está em negociações para adquirir a Seven & i Holdings, dono da famosa rede 7-Eleven, o que pode se tornar a maior aquisição de uma empresa japonesa por um grupo estrangeiro na história. Se concretizada, essa fusão não apenas mudará o panorama das lojas de conveniência, mas também criará um gigante com cerca de 100 mil unidades mundo afora.
Atualmente, a Seven & i está avaliada em aproximadamente US$ 31 bilhões (cerca de R$ 168 bilhões) e, ao longo do dia, suas ações dispararam 23% após o anúncio da proposta. A empresa japonesa, ao informar sobre a negociação, declarou que a oferta é preliminar e não vinculativa, e que um comitê especial irá realizar uma avaliação cuidadosa da proposta.
A Couche-Tard confirmou estar fazendo uma “proposta amigável e não vinculativa”, sem, no entanto, especificar os detalhes. É importante ressaltar que a possibilidade de um acordo não é garantida.
Embora a Couche-Tard possua menos lojas (cerca de 14 mil) em comparação com as mais de 85 mil da Seven & i, sua avaliação é impressionante, totalizando cerca de US$ 58,5 bilhões. Aquisições de empresas japonesas por estrangeiros são uma raridade; no entanto, as recentes mudanças nas regras de fusões e aquisições, assim como a pressão de investidores ativistas, podem facilitar essa transação, representando um impacto significativo no setor de conveniência.
Amir Anvarzadeh, estrategista da Asymmetric Advisors, comentou: “A decisão está atrelada ao preço, e considerando a fraqueza do iene, qualquer oferta acima de ¥ 7 trilhões seria difícil de recusar para a administração da Seven & i.” Ele observou que, caso a oferta fique abaixo deste valor, a resistência será forte.
Após o reconhecimento da proposta pela Seven & i, suas ações passaram por uma valorização histórica. Isso é particularmente interessante, pois as ações haviam experimentado uma queda de 21% desde o final de fevereiro, tornando a empresa mais interessante para potenciais compradores.
A Seven & i tem enfrentado pressão do fundo ativista ValueAct Capital Management, que analisa a possibilidade de que seus ativos e lojas 7-Eleven possam valer bem mais. Recentemente, os analistas sugeriram que, como uma empresa listada de forma independente, seus negócios poderiam alcançar até ¥ 8.500 por ação. No fechamento da última segunda-feira, as ações estavam a ¥ 2.161.
Em resposta a essa pressão, a Seven & i implementou uma série de reestruturações e começou a recompra de ações, após resistir a tentativas de destituir seu CEO, Ryuichi Isaka. Apesar de ter sede em Tóquio, a maior parte da receita da Seven & i provém do exterior, com 74% das vendas no último ano fiscal originando-se da América do Norte.
Por sua vez, a Couche-Tard, a varejista mais valiosa do Canadá, opera globalmente sob sua própria marca e sob os nomes Circle K e Ingo. Sua trajetória de expansão internacional inclui a aquisição de quase 2.200 postos de gasolina na Europa da TotalEnergies, por um valor de € 3,1 bilhões. No passado, a empresa também tentou uma compra do Carrefour, que foi barrada pelo governo francês.
No entanto, analistas como Mio Kato expressam preocupação sobre se o balanço da Couche-Tard é robusto o suficiente para suportar uma oferta substancial em dinheiro. Kato observa que “a Seven & i não estará disposta a vender sem um valor atrativo, e a probabilidade de um acordo efetivo é bastante baixa.”
Qualquer fusão entre estas duas potências no setor de lojas de conveniência na América do Norte certamente chamaria a atenção das autoridades regulatórias. Afinal, a Seven & i conta com mais de 13 mil unidades nos EUA e no Canadá, enquanto a Couche-Tard possui quase 9.000 lojas.
Embora seja amplamente reconhecida por suas lojas 7-Eleven, a empresa também abrange operações notáveis, como os restaurantes Denny’s Corp. no Japão e a rede de supermercados Ito-Yokado, além de sua própria instituição bancária.
O conceito de loja de conveniência, apesar de sua origem americana, se tornou um marco para a Seven & i, que consolidou completamente a rede nos EUA em 2005, integrando esse modelo à sua identidade. Ao longo dos anos, a 7-Eleven se transformou em uma franquia que disponibiliza alimentos acessíveis, bebidas e produtos do dia a dia, além de serviços municipais e entrega de produtos.
Isaka já investiu mais de US$ 25 bilhões para expandir a presença global da Seven & i, especialmente nos EUA, onde adquiriu redes de postos de gasolina como Speedways e Sunoco. Recentemente, em uma entrevista à Bloomberg News, ele reiterou que a Seven & i está aberta à possibilidade de novas aquisições.
Ele afirmou: “Se surgir uma oportunidade, estaremos prontos para considerar fusões e aquisições proativamente.”
É um momento decisivo que pode revolucionar o setor de conveniência. Fiquemos atentos às próximas movimentações.
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