À medida que as tarifas mais elevadas dos EUA se aproximam da realidade, o que a China aprendeu na primeira guerra comercial com Donald Trump revelará muitas lições para o futuro.
Desde que Trump anunciou uma tarifa de 10% sobre todas as exportações chinesas, a resposta de Pequim tem sido, até agora, relativamente cautelosa. Isso parece seguir um padrão do passado, onde a China normalmente revida com medidas aduaneiras apenas após a implementação das tarifas.
No entanto, o cenário atual é diferente. Um embate prolongado pode agravar a já fragilizada economia da China. O país observa uma diminuição nas exportações diretas para os EUA, enquanto recorre a nações como o Brasil para suprir suas necessidades agrícolas anteriormente atendidas pelos Estados Unidos. Além disso, a China conta agora com um arsenal mais amplo de ferramentas para intensificar sua resposta.
As novas tarifas devem entrar em vigor na terça-feira, coincidentemente no último dia do feriado do Ano Novo Chinês, trazendo mais incerteza à estratégia de resposta de Pequim.
Diante da pressão da opinião pública, o governo chinês pode achar desafiador não retaliar de alguma forma ao primeiro movimento de Trump. Contudo, como destacou o ex-governador do banco central da China, Yi Gang, em dezembro, uma guerra de retaliações pode não ser o caminho mais sábio. O silêncio pode muito bem ser uma resposta eficaz às ameaças tarifárias e restrições de exportação de Washington.
A linha do tempo da última guerra comercial:
23 de março de 2018: Os EUA impõem uma tarifa de 25% sobre as importações de aço e 10% sobre as de alumínio, excluindo alguns países.
Resposta: A China anuncia tarifas de 15 a 25% sobre US$ 20 bilhões em produtos dos EUA, aplicando-as em 2 de abril.
3 de abril de 2018: Os EUA divulgam uma lista de produtos de US$ 50 bilhões que ficarão sujeitos a tarifas de 25%.
Resposta: Um dia depois, a China leva o caso à OMC e promete “medidas recíprocas”. A proposta de tarifas de 25% em produtos americanos é feita e implementada.
16 de abril de 2018: Os EUA proíbem a ZTE de fazer negócios com empresas americanas.
Resposta: A China instaurou medidas antidumping sobre as importações de sorgo dos EUA.
1º de agosto de 2018: Os EUA consideram aumentar uma tarifa de 10% para 25% sobre US$ 200 bilhões em commodities chinesas.
Resposta: O Ministério do Comércio da China responde que estava pronto para retaliar, propondo tarifas de 5% a 25% sobre US$ 60 bilhões em produtos dos EUA.
23 de agosto de 2018: Os EUA implementam uma segunda rodada de tarifas, de 25%, sobre US$ 16 bilhões em importações.
Resposta: A China aplica uma tarifa adicional de 25% sobre US$ 16 bilhões em exportações dos EUA.
18 de setembro de 2018: Na terceira rodada de tarifas, os EUA anunciam uma tarifa de 10% sobre US$ 200 bilhões em produtos chineses, com previsão de aumento para 25% em janeiro de 2019.
Resposta: A China informa que terá que tomar contramedidas e anuncia tarifas sobre US$ 60 bilhões em produtos dos EUA, cancelando as negociações comerciais planejadas.
10 de maio de 2019: As tarifas da terceira rodada dos EUA sobem de 10% para 25% devido a um impasse nas negociações comerciais.
Resposta: A China anuncia que tomará as contramedidas necessárias.
16 de maio de 2019: EUA colocam a Huawei em sua lista de entidades restritas.
Resposta: A China planeja desenvolver sua própria versão dessa lista até o final do mês.
1º de agosto de 2019: Trump anuncia tarifas adicionais de 10% sobre outros US$ 300 bilhões em produtos.
Resposta: A China desvaloriza sua moeda para o nível mais baixo em 11 anos.
6 de agosto de 2019: O Tesouro americano declara a China como manipuladora de moeda.
Resposta: A China suspende compras de produtos agrícolas nos EUA, respondendo à declaração.
13 de agosto de 2019: Os EUA anunciam tarifas sobre mais US$ 300 bilhões em produtos chineses.
Resposta: Pequim anuncia seus próprios impostos em 23 de agosto.

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