O Nasdaq 100 encerrou a terça-feira (24) com um feito impressionante: alcançou seu primeiro recorde desde fevereiro. Essa alta vertiginosa é impulsionada por fundamentos robustos e pela diminuição das incertezas geopolíticas, tornando o índice ainda mais atraente, com forte concentração em empresas de crescimento.
Essa recuperação é digna de nota, especialmente considerando que o índice caiu até 23% em relação a seu pico mais recente. As ações de empresas como Microchip, Micron e Palantir dispararam, com altas de pelo menos 80% desde a mínima registrada em 8 de abril.
Nesta terça-feira, o Nasdaq 100 avançou 1,5%, fechando a 22.190,52 pontos. O recente acordo de cessar-fogo entre Irã e Israel foi um fator-chave para a diminuição do risco político, gerando um otimismo generalizado nas bolsas de valores.
Desde a mínima de 8 de abril, o índice já acumula uma impressionante alta de 30%, superando, assim, o desempenho do S&P 500. As maiores empresas do mercado desempenharam um papel crucial na recuperação do índice, compensando ganhos mais modestos registrados entre as empresas de menor valor de mercado. Um índice do Nasdaq 100 com pesos iguais subiu 26% desde abril, enquanto um índice de ações com média capitalização avançou 20%, e o Russell 2000, 23%.
A recente trégua nas tensões do Oriente Médio, combinada com pausas e isenções tarifárias, também contribuiu para essa alta. Contudo, o principal motor dessa recuperação são os resultados robustos das gigantes da tecnologia, que trouxeram alívio aos investidores em relação aos fundamentos e às perspectivas de crescimento do setor, mesmo em meio a um cenário macroeconômico desafiador.
Dan Eye, diretor de investimentos da Fort Pitt Capital Group, ressaltou que a solidez dos fundamentos das big techs, juntamente com tendências como a inteligência artificial, faz desse setor um verdadeiro porto seguro. “Os grandes motores estruturais de crescimento de longo prazo são suficientes para superar qualquer questão macro ou geopolítica”, afirmou. “Desde o auge da queda em abril, já prevíamos que a tecnologia lideraria a recuperação. Embora as avaliações não sejam mais as mesmas de início de abril, enquanto não voltarmos às tarifas do Dia da Libertação, o setor deve continuar se saindo bem.”
O otimismo em relação à inteligência artificial permanece como um fator crucial. A Microsoft tem quebrado recordes sucessivos, impulsionada pela empolgação com IA, enquanto Broadcom e Oracle também se beneficiaram desse movimento. Recentemente, a Nvidia divulgou resultados excepcionais que consolidam essa tendência.
O Bloomberg Magnificent 7 Total Return Index subiu 0,8% nesta terça-feira. Embora tenha avançado 34% desde sua mínima de abril, ainda está 6% abaixo do pico de dezembro.
Brian Belski, estrategista-chefe de investimentos do BMO Capital Markets, observou: “Apesar de a força da recuperação ter sido um pouquinho surpreendente, não nos chocou que o setor conseguiu se recuperar”. Ele continua a prever que a tecnologia superará o mercado nos próximos 12 a 18 meses.
A política comercial continua a ser uma incerteza, mas a maioria dos especialistas concorda que o risco diminuiu. Um tribunal federal de apelações decidiu que o presidente dos EUA, Donald Trump, poderá continuar a impor suas tarifas, após decisões conflitantes do Tribunal de Comércio Internacional dos EUA. A situação gerou o chamado “TACO trade” — sigla para “Trump Always Chickens Out” (Trump Sempre Desiste).
No entanto, nem todas as ações se recuperaram uniformemente. A Apple Inc. mostra uma queda de 20% no ano, ainda enfrentando incertezas geopolíticas e sendo vista como atrasada na corrida da IA, enquanto a Tesla sofre volatilidade, especialmente após um confronto público entre seu CEO Elon Musk e Trump, resultando em rebaixamentos nas perspectivas da empresa.
Michael Mullaney, diretor de pesquisa de mercado global da Boston Partners, comentou: “Houve alívio no front tarifário, e o CPI foi um número benigno, sugerindo que a economia está indo bem. As pessoas estão voltando para o trade que tinha funcionado até agora, que são os Magnificent Seven, ou a maioria deles.”
Ele destacou: “Embora as ações tenham se mantido bem, acredito que há uma certa complacência entre os investidores”, adiantando que o Banco Mundial recentemente reduziu sua previsão de crescimento global para este ano. “Ainda temos um longo caminho a percorrer para entender o verdadeiro impacto das tarifas, então riscos permanecem no horizonte.”

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