Michael Saylor, o cofundador da MicroStrategy, está desafiando todas as expectativas do mercado ao transformar sua empresa na mais atraente para investidores e hedge funds, aproveitando um apetite voraz por Bitcoin que já atinge bilhões. Isso se deve, em grande parte, à impressionante alta de mais de 500% das ações da MicroStrategy neste ano, o que só aumenta o fascínio dos investidores de varejo. E o que é mais impressionante? Muitos hedge funds estão ignorando completamente o preço das ações ao entrar nesse jogo.
Eli Pars, co-diretor de investimentos da Calamos Advisors LLC, destaca como sua empresa participou da compra de mais de US$ 6 bilhões em notas conversíveis da MicroStrategy, emitidas para financiar a compra de criptomoedas. Esses fundos, como o de Pars, estão utilizando estratégias de arbitragem neutra que aproveitam a volatilidade exacerbada desse ativo.
“As notas conversíveis permitem que os emissores monetize a volatilidade de suas ações, e a MicroStrategy é um exemplo extremo dessa abordagem”, afirma Pars, cuja firma detém mais de US$ 130 milhões em notas da MicroStrategy voltadas para estratégias de longo prazo e arbitragem.
Nos últimos quatro anos, Saylor acumulou uma quantidade impressionante de Bitcoin, agora valendo mais de US$ 40 bilhões, após decidir que a MicroStrategy, uma pequena fabricante de software, precisava mudar de rumo para sobreviver. Em uma jogada audaciosa, ele anunciou em outubro que pretende levantar US$ 42 bilhões nos próximos três anos, misturando ações e títulos de renda fixa. Desde o final de outubro, a MicroStrategy investiu cerca de US$ 13,5 bilhões em Bitcoin e emitiu US$ 3 bilhões em notas conversíveis com juros zerados, somando cinco ofertas de títulos apenas este ano.
Entendendo a Arbitragem Conversível
As notas de longo prazo da MicroStrategy, que somam mais de US$ 7 bilhões atualmente em circulação, se tornam uma escolha popular entre hedge funds, por serem convertíveis em ações quando os preços sobem. Essa estratégia de arbitragem conversível, já utilizada por empresas como AQR Capital Management e Man Group, destaca-se em um mercado cada vez mais competitivo.
A tática de arbitragem permite que traders se protejam de oscilações, tratando a propriedade das notas como uma opção de ações. Quanto mais instáveis as ações, maiores as potencialidades de lucro — e a MicroStrategy definitivamente não é uma ação estável. Este ano, a variabilidade média diária das ações foi de 5,2%, em comparação com apenas 0,6% do índice S&P 500.
A ação da MicroStrategy viu um aumento impressionante, atingindo até US$ 444,95 na quinta-feira (4) em Nova York, enquanto o Bitcoin também ultrapassou pela primeira vez a marca dos US$ 100 mil.
Durante uma teleconferência com investidores, Saylor pontuou que a volatilidade das suas ações supera qualquer membro do S&P 500. Ele atribui essa instabilidade, em parte, às flutuações drásticas do Bitcoin, que mais do que dobrou de valor este ano, além do fato de que a MicroStrategy é negociada a mais de 200% acima do valor do Bitcoin em seu balanço.
O grande interesse também se deve ao preço relativamente baixo das notas conversíveis da MicroStrategy, que oferece oportunidades de lucros de arbitragem atrativas. Além disso, a empresa se destaca como o maior emissor global de títulos conversíveis neste ano.
“O negócio se torna interessante porque a volatilidade das conversíveis está muito abaixo da volatilidade real ou da volatilidade das opções”, explica Pars. Entre o universo das notas conversíveis, a MicroStrategy se apresenta como uma “oportunidade rara”, considerando seu tamanho e o volume de emissões, conclui.
Grandes participantes do mercado, como Linden Advisors, Context Capital, Graham Capital e Millennium Management, também estão entre os principais detentores das notas da MicroStrategy, de acordo com dados da Bloomberg.
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