Os mercados financeiros estão em um momento decisivo. Após uma aparente insensibilidade às ameaças tarifárias dos EUA, o anúncio do presidente Donald Trump, realizado no último fim de semana, de que implementará uma tarifa de 30% sobre produtos da União Europeia e do México, válida a partir de 1º de agosto, traz um novo desafio.
Trump não apenas reforçou suas medidas comerciais, mas também deixou claro que outras tarifas podem surgir, afetando nações de diversos continentes, de Canadá a Brasil e até Argélia. Isso eleva as tensões e pressiona parceiros comerciais a negociações urgentes.
Apesar de advertências sobre a necessidade de cautela por líderes como Jamie Dimon, CEO do JPMorgan, a reação dos investidores até agora tem sido de confiança em um recuo da administração de Trump, muito por conta de reviravoltas anteriores.
Brian Jacobsen, economista-chefe da Annex Wealth Management, expressou isso de maneira enfática: “Os investidores não devem apostar que Trump está apenas blefando com a ameaça da tarifa de 30% sobre produtos da UE. Esse nível de tarifas é punitivo, mas provavelmente prejudica mais eles do que os EUA, então o relógio está correndo.”
O Bitcoin, que registrou máximas recentemente, não apresentou grandes movimentações após as declarações de Trump. Assim, a atenção agora se volta para os mercados cambiais que reabrirão às 5h, horário de Sydney, fornecendo indícios sobre o apetite por risco global.
O euro, que alcançou seu ponto mais forte contra o dólar em dois anos, oferece um contrapeso diante da adversidade provocada pelas novas tarifas, com investidores ponderando as chances de crescimento econômico na região.
A União Europeia procura um acordo provisório com os EUA para evitar a escalada das tarifas, mas a carta de Trump desfez o otimismo que começava a crescer em Bruxelas. Contudo, há uma janela aberta para novas negociações, conforme apontado por Jacobsen: “Como de costume, há muitas condições e cláusulas que podem reduzir essas tarifas. Provavelmente é por isso que o mercado pode não gostar das conversas sobre tarifas, mas também não está entrando em pânico.”
A volatilidade continua a ser um tema central, já que os mercados encontram dificuldades em precificar a campanha tarifária que Trump iniciou em seu segundo mandato. Embora as reações iniciais a anúncios como o do “Dia da Libertação” em abril tenham sido de venda generalizada de ativos de risco, a maioria desses movimentos foi revertida pelo fator de incerteza, que gira em torno das decisões de Trump.
Complicando a dinâmica, mesmo com o presidente insistindo que 1º de agosto é uma data que não pode ser ignorada, os mercados se comportaram como se o prazo ainda fosse flexível. Na última sexta-feira, houve uma queda das ações que, até então, atingiam máximas históricas, refletindo a pressão de Trump em sua ofensiva comercial, enquanto o dólar conquistava sua melhor semana desde fevereiro.
Em uma carta direcionada à presidente mexicana Claudia Sheinbaum, Trump destacou que o México “ajudou a garantir a fronteira”, mas sugeriu que isso não foi suficiente. Contudo, um funcionário da Casa Branca garantiu que os EUA não aplicarão a nova tarifa a produtos que estejam em conformidade com o USMCA.
Recentemente, o peso mexicano alcançou uma cotação de 18,5525 por dólar, a mais forte em um ano, no dia 9 de julho.

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