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Macy’s reduz lucro em US$ 150 milhões após erro de ex-funcionário; ações despencam
Após um erro contábil que afetou US$ 79 milhões, a Macy’s ajustou suas metas de lucro e viu suas ações caírem 11%. Entenda os detalhes dessa situação crítica.
A Macy’s (MACY34) enfrentou um impacto significativo em suas previsões de lucro após finalizar uma investigação referente a um esquema elaborado por um ex-funcionário que estava ocultando milhões de dólares em despesas.
A correção das despesas de entrega, que foi atribuída a ações deliberadas de um ex-colaborador da empresa, resultará em um impacto total estimado em US$ 79 milhões na margem bruta e em seus lucros ajustados por ação, conforme anunciado em comunicado nesta quarta-feira (11). O efeito maior está projetado para o quarto trimestre.
Em resposta, a Macy’s revisou para baixo sua expectativa de lucros para US$ 2,25 a US$ 2,50 por ação, contrabalançando a previsão anterior, que estabelecia um valor de até US$ 2,90 em agosto. A companhia também ajustou suas projeções para a taxa de margem bruta.
Como consequência, as ações da Macy’s despencaram 11% ao abrir as negociações em Nova York, marcando a maior queda desde 21 de agosto. Até a última terça-feira, a empresa já havia visto sua valorização cair 17% no acumulado do ano.
O resultado da investigação não indicou “impacto material ou reclassificações” em suas demonstrações financeiras previamente divulgadas. A empresa assegurou que não foram encontradas evidências de dinheiro desaparecido ou fornecedores não pagos, mas houve constatação de erros contábeis por parte do ex-funcionário, responsável pela ocultação de aproximadamente US$ 151 milhões em despesas durante o quarto trimestre de 2021 até o terceiro trimestre deste ano.
A expectativa é que a Macy’s divulgue informações financeiras revisadas para esses períodos fiscais na próxima quarta-feira.
“Finalizamos nossa investigação e estamos intensificando nossos controles existentes, além de implementar mudanças adicionais para evitar que isso ocorra novamente”, declarou o CEO Tony Spring no comunicado. Ele também comentou com analistas durante uma teleconferência que o ex-funcionário atuou de forma isolada e que suas ações não visavam um ganho pessoal.
Nos últimos anos, a Macy’s tem direcionado esforços para diminuir despesas de entrega e outros custos na busca por maior lucratividade. O diretor financeiro mencionou as despesas de entrega em todas, exceto uma das 16 teleconferências de resultados trimestrais participadas desde sua incorporação, em 2020.
De acordo com informações de uma fonte próxima à investigação, o funcionário relatou inicialmente que houve um erro na contabilidade das despesas de entrega. Após isso, houve a adoção deliberada de lançamentos contábeis incorretos. A Macy’s confirmou que o funcionário não faz mais parte de sua equipe.
Ao se dirigir aos analistas na quarta-feira, o CFO Adrian Mitchell enfatizou: “Isso não foi um roubo. Não houve impacto nas receitas, no caixa ou nos estoques, pois todos os fornecedores foram pagos integralmente.”
A Macy’s também informou em um registro regulatório que foram detectadas “fraquezas materiais” em seus controles internos relacionados a lançamentos manuais de custos de entrega e outras despesas. Além disso, a companhia mencionou que o ex-colaborador também falsificou documentos relacionados.
A operadora de lojas de departamento está tomando medidas para fortalecer seus controles internos, incluindo uma reavaliação do risco de manipulação por parte dos funcionários.
Adicionalmente, a Macy’s comunicou que a opinião publicada em março por seu auditor, KPMG, sobre a eficácia dos controles internos de relatórios financeiros “não deve mais ser considerada confiável” devido à fragilidade identificada. O auditor se absteve de fazer comentários sobre a questão.
Por outro lado, a Macy’s aumentou sua previsão de vendas para o ano, estimando agora vendas líquidas entre US$ 22,3 bilhões e US$ 22,5 bilhões, superando a expectativa anterior de US$ 22,1 bilhões a US$ 22,4 bilhões. As vendas em mesmas lojas devem se manter constantes ou apresentar queda de 1% em relação ao ano anterior; anteriormente, a expectativa era de uma queda de até 2%.
“Observo que o consumidor, embora ainda esteja seletivo e busque valor, está interessado em realizar compras”, disse Spring durante a conversa com os analistas.
Recentemente, a Macy’s adiou a divulgação dos resultados do terceiro trimestre após a revelação do problema contábil, optando por divulgar apenas números preliminares.
Pressão de ativistas
A Macy’s enfrenta pressão de ação do Barington Capital Group e da Thor Equities, que estão insistindo na formação de uma unidade imobiliária separada e na redução dos gastos de capital da empresa. Eles também propõem que a Macy’s considere desmembrar suas marcas de alto padrão, Bloomingdale’s e Bluemercury.
Barington e Thor buscam assentos no conselho da Macy’s e incentivam a varejista a criar uma subsidiária interna para seus imóveis, incorporando todas as propriedades, tanto próprias quanto arrendadas, incluindo lojas e centros de distribuição. A Macy’s pagaria aluguel à nova subsidiária, assim estabelecida.
Até 30 de setembro, a Barington possuía 650 mil ações da Macy’s, representando uma participação de 0,2%, um aumento significativo em relação às 100 mil ações detidas em junho.
A Macy’s reafirmou que manterá sua estratégia atual, focando na melhoria dos resultados nas localizações mais lucrativas da empresa.
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