O coletivo de protesto climático Just Stop Oil fez um anúncio que marcará uma nova fase em sua luta: eles não realizarão mais protestos disruptivos. A razão? A demanda inicial para encerrar novas licenças de campos de petróleo e gás se tornou uma política oficial do governo britânico.
Segundo o grupo, os manifestantes “pendurarão os coletes refletivos” no final de abril, conforme declarado em um comunicado à imprensa recentemente. Eles afirmaram que, apesar de encerrar os protestos, continuarão a oferecer apoio legal aos seus membros processados. É o que eles chamam de “o fim da sopa em Van Goghs”, “do amido de milho em Stonehenge” e “das marchas lentas nas ruas”, destacando a transformação das táticas.
Em um último ato simbólico, o Just Stop Oil planeja um “dia de ação” na Parliament Square em Londres no dia 26 de abril. No entanto, o foco não será em confrontos ou prisões, mas sim em afirmar seus valores e mensagem.
Desde sua fundação, três anos atrás, o coletivo se destacou por suas ações provocativas. Um exemplo notável foi o lançamento de sopa sobre a famosa pintura Girassóis de Vincent van Gogh, uma jogada que capturou a atenção da mídia global. Eles também têm sido conhecidos por bloquear o tráfego em Londres na busca por uma mudança mais agressiva nas políticas climáticas.
Após a mudança de governo no Reino Unido, quando o Partido Trabalhista assumiu em julho do ano passado, foi anunciado que novas licenças para exploração de petróleo e gás no Mar do Norte não seriam mais emitidas. Contudo, mesmo com essa promessa, o coletivo manteve suas ações ao pintar painéis em Heathrow e despejar látex em uma loja Tesla, clamando por uma ação global contra a exploração de combustíveis fósseis.
O primeiro-ministro, Keir Starmer, criticou as táticas do grupo, chamando-as de “patéticas” e reafirmando sua recusa em reverter legislações que endureceram as penalidades para protestos. Determinado a não revogar licenças já concedidas, Starmer mostrou que o diálogo com o Just Stop Oil está longe de ser fácil.
Atualmente, sete apoiadores do grupo estão na prisão, enfrentando penas de até quatro anos, com outros 16 aguardando sentença. Enquanto isso, a Extinction Rebellion também anunciou mudanças em suas táticas, embora continue sua luta, apesar das crescentes restrições contra protestos climáticos na Europa.
Recentemente, a Greenpeace foi condenada em um tribunal dos EUA por suas manifestações contra o Dakota Access Pipeline, uma situação que poderia inspirar ações legais similares. Grupos na Europa, como a Letzte Generation na Alemanha, estão sob ataque, enfrentando operações policiais e acusados de formar “organizações criminosas”.
Em resposta à decisão do Just Stop Oil, Will McCallum, co-diretor executivo da Greenpeace UK, enfatizou a importância do direito ao protesto, afirmando que “não devemos permitir que nosso direito arduamente conquistado de protestar seja retirado, porque é o direito do qual todos os outros direitos dependem”.

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