O Internal Revenue Service (IRS), a Receita Federal dos EUA, acaba de firmar um acordo polêmico com o Departamento de Segurança Interna que permitirá a divulgação de dados fiscais sobre imigrantes às autoridades que realizam investigações criminais. Essa decisão visa apoiar a promessa do presidente Donald Trump de deportar indivíduos que estejam ilegalmente nos Estados Unidos.
O memorando de entendimento assinado na segunda-feira (7) tem gerado controvérsias, especialmente entre grupos de imigração que já se mobilizaram por meio de processos judiciais para impedir que o IRS compartilhe informações de milhões de não cidadãos que, embora não possuam números de Seguro Social, são obrigados a pagar impostos através dos Números de Identificação de Contribuinte Individual.
Ainda que o governo declare que foram implementadas salvaguardas e que o acordo se limita a questões criminais, muitos afirmam que isso pode prejudicar as políticas de privacidade de longa data do IRS, colocando em risco a segurança de uma quantidade significativa de contribuintes.
Conforme esclarece a divisão tributária do Departamento de Justiça, o memorando de entendimento “apenas permite a troca legal de informações para contribuintes sob investigação criminal”. Essa ação, segundo o governo, visa garantir que todas as solicitações e transferências de informações sejam tratadas de maneira legal e segura.
Por outro lado, os grupos de defesa dos direitos dos imigrantes, como o Centro de Trabajadores Unidos, alertam que essas informações podem ser utilizadas de forma agressiva pelas autoridades de imigração, uma vez que os sistemas do IRS contêm uma vasta base de dados sobre indivíduos sem autorização para permanecer nos EUA.
Um representante do Tesouro afirmou que o acordo estabelece um “processo claro e seguro” para apoiar as ações das autoridades na luta contra a imigração ilegal, mas essa justificativa não apazigua as preocupações levantadas por diversos grupos.
Seção 6103
Os defensores dos direitos dos imigrantes alegam que a Seção 6103 do Código de Receita Interna proíbe explicitamente o compartilhamento de informações fiscais do IRS para fins civis, incluindo ações de imigração. Portanto, uma mudança na interpretação dessa seção se torna necessária para validar o acordo recente.
Históricos indicam que, em 2017, o IRS já tinha afirmado que o compartilhamento de dados fiscais com o Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA não era permitido, o que levanta dúvidas sobre a legalidade da nova proposta.
Advogados do Departamento de Justiça, em uma recente apresentação, defendem que o memorando estruturalmente estabelece protocolos para compartilhar informações fiscais em investigações criminais, especialmente aquelas envolvendo imigração. Citam exemplos de possíveis punições para estrangeiros que permanecem ilegalmente nos EUA ou que reentram após ordem de remoção.
Resolver problemas
O governo enfatiza que esse compartilhamento de informações é crucial para identificar potenciais ameaças à segurança pública e não apenas para a imigração, evidenciando a necessidade de uma colaboração entre agências para manter a segurança do país.
Por outro lado, o Tax Law Center da Universidade de Nova York alertou que essa iniciativa pode prejudicar a conformidade tributária, desestimulando muitos de declarar seus impostos por receio de represálias de imigração. Essa mudança pode resultar em uma considerável perda de receita ao governo, além de quebrar décadas de garantias de confidencialidade dos dados fiscais dos imigrantes.
O caso judicial que envolve essa questão é Centro de Trabajadores Unidos v. Bessent, 25-cv-677, no Tribunal Distrital dos EUA (Distrito de Columbia).

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