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Irã elege novo presidente com planos de renegociar acordos nucleares

Pezeshkian, o novo presidente do Irã, enfrenta um cenário desafiador, tanto em casa quanto no exterior. Mudanças à vista!

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Masoud Pezeshkian, um experiente cirurgião cardíaco de 69 anos e defensor da reativação do acordo nuclear com o Ocidente, foi eleito como o novo presidente do Irã após uma eleição antecipada. Essa votação, que destacou os desafios urgentes enfrentados pela liderança clerical do país, trouxe à tona a insatisfação da população.

Pezeshkian obteve uma vitória expressiva sobre o candidato islâmico linha-dura Saeed Jalili, acumulando quase 3 milhões de votos a mais. O segundo turno viu uma ligeira melhora no comparecimento em relação à primeira rodada da semana anterior, segundo informações das autoridades.

O novo presidente, que já atuou como ministro da Saúde durante o governo reformista de Mohammad Khatami, assumirá o cargo em um ambiente incrivelmente tenso, tanto interna quanto externamente.

Agenção de Revolta: A Crise de Legitimidade no Irã

A República Islâmica está atravessando uma crise de legitimidade que se arrasta há anos, com protestos recorrentes desafiando diretamente o governo religioso e o Líder Supremo, Aiatolá Ali Khamenei.

A probabilidade de um confronto com Israel também aumentou substancialmente nos últimos meses, com os dois países quase entrando em guerra após ataques diretos em abril. As tensões na região permanecem elevadas, enquanto Israel continua sua e se vê envolvido em novas rivalidades com o Hezbollah, respaldado pela República Islâmica.

Além disso, o novo presidente encara a possibilidade do retorno de Donald Trump à Casa Branca após as eleições de novembro. Durante seu primeiro mandato, a política externa de Trump foi marcada pela estratégia de ‘pressão máxima’ sobre o Irã, que não só desestabilizou a região do Golfo Pérsico como também abalou os mercados de petróleo e quase provocou um conflito direto.

Vale lembrar que Trump foi o responsável por romper o acordo nuclear firmado por seu predecessor, Barack Obama.

O comparecimento às urnas na eleição antecipada, aprovada após a morte do clérigo Ebrahim Raisi em maio, foi um dos mais baixos da história das votações presidenciais no Irã, evidenciando o profundo descontentamento com o sistema político vigente sob Khamenei.

A ascensão de Pezeshkian representa uma ruptura evidente em relação ao seu antecessor Raisi. Ele é o primeiro presidente não-clérigo desde Mahmoud Ahmadinejad e sua aparência mais casual, com quase toda a barba aparada, bem como seu estilo direto, o distanciam da elite clerical em meio a um cenário de histórica oposição popular.

Considerado um homem moderno e bem-educado, Pezeshkian é também profundamente religioso. Seu uso frequente de expressões empresariais em inglês em debates, combinado com recitações do Alcorão, lhe rendeu o apoio de eleitores conservadores.

Durante sua campanha, ele não hesitou em prometer a resolução da crescente inflação, o alívio das sanções e uma revitalização do desgastado acordo nuclear com as potências mundiais. Para alcançar esses objetivos, ele cercou-se de moderados e reformistas, incluindo o ex-ministro das Relações Exteriores Mohammad Javad Zarif.

No entanto, Pezeshkian deve ter cuidado, pois enfrentará um parlamento dominado por linha-dura que já sabotou esforços anteriores para reverter o acordo nuclear de 2015 e é firmemente contra a mudança das leis bancárias para atender aos padrões internacionais exigidos pela Força-Tarefa de Ação Financeira.

Outro desafio iminente será lidar com a forte resistência às rígidas leis sobre vestimenta feminina e o tratamento severo a que essas mulheres estão submetidas pelas forças de segurança. Seus antecessores reformistas e moderados não conseguiram fazer avanços significativos nessa questão, devido à predominância de instituições não eleitas, como o judiciário e o próprio Khamenei, que têm a última palavra no rumo das mudanças políticas no país.

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