A inflação nos EUA passou por uma leve aceleração em junho, um sinal preocupante para a economia global. Após meses de taxas mais modestas, os consumidores americanos provavelmente sentiram um aumento nos preços, uma consequência direta do repasse de custos mais elevados de mercadorias importadas devido às tarifas.
O índice de preços ao consumidor, excluindo alimentos e energia, cresceu 0,3%, a maior alta em cinco meses. Em comparação, em maio, o aumento foi de apenas 0,1%. Este indicador é frequentemente visto como um melhor reflexo da inflação subjacente e, pela primeira vez desde janeiro, deverá acelerar anualmente, alcançando 2,9%.
Apesar das expectativas de apenas um repasse modesto das tarifas de importação, muitos economistas preveem um aumento gradual da inflação ao longo do ano. Os varejistas, por sua vez, estão cautelosos em elevar os preços, uma vez que os consumidores demonstram maior disciplina em seus gastos, em meio a um mercado de trabalho que se arrefece.
Os dados de vendas no varejo que serão divulgados na quinta-feira deverão mostrar apenas um leve aumento em junho, após dois meses de quedas. Essas informações serão cruciais para que os economistas ajustem suas projeções para o crescimento econômico do segundo trimestre.
Embora a demanda do consumidor esteja enfraquecendo, as autoridades do Federal Reserve mantêm a cautela em relação à redução das taxas de juros, temendo que um aumento das tarifas possa impulsionar a inflação. Uma nova reunião do comitê de política monetária está agendada para os dias 29 e 30 de julho.
Uma análise das variações nos preços mostrará que, enquanto algumas categorias, como eletrodomésticos e móveis, apresentam alta, outras, como passagens aéreas e carros usados, enfrentam quedas. Este cenário misto foi observado pelos economistas da Bloomberg, que preveem uma composição de aumento de preços semelhante à do relatório anterior.
Além disso, o Livro Bege do Fed será divulgado na quarta, oferecendo insights sobre as economias regionais. Investidores aguardam também as declarações dos dirigentes do banco central dos EUA na próxima semana, incluindo nomes como Christopher Waller e Lisa Cook.
Agenda Econômica: Foco global
Canadá
O Canadá se prepara para divulgar um relatório de inflação crucial antes da decisão de juros do Banco do Canadá em 30 de julho. O banco central está observando de perto os indicadores de núcleo, que mostraram aceleração, mas recuaram levemente para 3% em maio.
Entre outros riscos, a reunião dos ministros de Finanças do G-20 na África do Sul e dados de inflação do Japão e Reino Unido também estão no radar dos mercados.
Ásia
Na Ásia, um conjunto de dados do Japão e da China será acompanhado com atenção, especialmente indicadores de crescimento e comércio da Malásia à Índia.
A semana começa com a divulgação dos indicadores de comércio exterior da China, que trarão novas informações sobre os efeitos das tarifas dos EUA.
No dia seguinte, a China apresentará dados de vendas de imóveis novos, vendas no varejo e desemprego, enquanto o PIB para o segundo trimestre é esperado para desacelerar para 5,3%.
O Japão também se prepara para reportar dados sobre pedidos de máquinas e produção industrial, com expectativa de que mostrem uma desaceleração.
A inflação japonesa, marcada para ser divulgada na sexta-feira, poderá confirmar o desafio que o banco central enfrenta uma vez que as taxas devem permanecer em 3,3%.
Crescimento e comércio são temas centrais, com dados de exportações da Índia e o PIB da Malásia prometendo iluminar a situação econômica na região.
Europa, Oriente Médio e África
O destaque na região será a reunião do G-20, o segundo encontro sob a presidência rotativa da África do Sul. A insatisfação dos EUA quanto às tarifas e a agenda escolhida pelo anfitrião deve dominar as discussões.
O Reino Unido continuará sob pressão, com dados de inflação mostrando uma taxa acima de 3% e uma desaceleração nas pressões salariais também sendo prevista.
Na zona do euro, a produção industrial e o índice ZEW de confiança dos investidores são aguardados com bastante expectativa, assim como as exportações da região e dados da Suíça.
América Latina
No Brasil, os dados da produção de maio a serem divulgados na segunda-feira devem apontar uma nova desaceleração. Apesar de uma 16ª expansão trimestral consecutiva parecer ao alcance, tarifas de até 50% impostas por Trump podem trazer riscos de recessão no segundo semestre.
Peru e Colômbia também divulgarão relatórios econômicos que, até o momento, mostraram resiliência frente às tensões tarifárias.
Enquanto isso, a Argentina deve registrar o 14º mês de desaceleração na inflação anual, possivelmente abaixo dos 40% — uma indicação de estabilidade em meio a incertezas econômicas.

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