O renomado cofundador da Oaktree Capital, Howard Marks, levantou um ponto crucial: vivemos em tempos de profunda incerteza – quase tudo é incerto, exceto a inflação. Isso, sem dúvida, representa um desafio monumental para as previsões financeiras na era do que chamamos de Trump 2.0.
“Sabemos muito menos hoje do que o normal” quando se trata de decidir sobre preços em investimentos, após uma economia global abalada por eventos tumultuados dos últimos dias”, afirmou Marks em uma entrevista na Bloomberg TV. É um alerta que todos devemos ouvir.
Com quase 50 anos de experiência nos mercados financeiros, Marks, um líder em investimentos em dívidas inadimplentes, destacou que as tarifas impostas pelo presidente Trump desencadearam uma série de fatores desconhecidos que os investidores devem considerar antes de decidir onde aplicar seu capital.
Essa situação se torna ainda mais complexa devido à imprevisibilidade futura das políticas fiscais dos EUA e a forma como outros países irão reagir a essas mudanças. Isso é especialmente relevante, considerando a política externa volátil e as negociações comerciais picantes.
“Se nos disserem quais serão nossas próprias regras daqui a seis meses, eu apostaria que estarão erradas”, declarou Marks, subestimando as muitas mudanças que podem ocorrer.
Além disso, Marks expos um cenário preocupante: “Se as pessoas perderem a confiança no dólar, se não quiserem investir nos EUA ou acumular um número infinito de títulos do tesouro, estaremos em uma situação fiscal muito complicada”, disse ele. Essa é uma preocupação legítima.
Trump já é conhecido por mudar e recuar em suas políticas, e ele indicou que revisaria as tarifas conforme necessário em função das negociações com outros países.
Ainda que as previsões financeiras em geral sejam um campo repleto de suposições, Marks enfatizou que tornou-se “excessivamente difícil” fazer previsões com tantas variáveis em constante mudança — um alerta que os investidores não podem ignorar.
Em meio a essa incerteza, Marks se mostrou convicto de que as tarifas provavelmente provocarão um aumento na inflação. Ele se referiu ao último período de 25 anos, onde o custo dos bens duráveis caíram, em termos ajustados pela inflação, o que mantinha a inflação sob controle e tornava produtos acessíveis a todos os americanos.
“Sem comércio global, perderemos essa vantagem”, acrescentou ele, uma observação que deve fazer todos pensarem.
Marks também se distanciou de sua antiga crença de que os EUA eram o melhor lugar do mundo para investidores em busca de retornos confiáveis. Com a previsibilidade de resultados e um forte estado de direito em constante desgaste, seu status como paraíso dos investidores está em declínio. “Ainda acredito que provavelmente seja o melhor lugar”, afirmou Marks, “mas é pior do que costumava ser.” Essa é uma reflexão inquietante.

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