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Houthi usa drone e afunda navio, aumentando risco no Mar Vermelho
Ataque de militantes houthis afunda navio de carvão, elevando os custos de seguro e ameaçando a navegação na região. Impacto sobre o comércio global é significativo!
O recente afundamento de um navio cargueiro, envolvendo um drone marítimo, colocou a navegação pelo crucial estreito de Bab el-Mandeb em um nível elevado de perigo, gerando um aumento alarmante nos custos de seguro.
A Marinha britânica reportou que a última posição conhecida do navio graneleiro Tutor era marcada apenas por destroços e manchas de óleo, após os militantes houthis do Iêmen realizarem um ataque mortal, deixando um membro da tripulação morto e outros feridos.
Os custos de seguro para transitar nesta região, calculados como uma porcentagem do valor do navio, saltaram para 0,6%, uma inquietante alta em comparação com os 0,3% a 0,4% que eram praticados antes do ataque. Para um navio avaliado em US$ 50 milhões, isso significa um desembolso de US$ 300 mil apenas para atravessar. Mesmo assim, essa taxa ainda está abaixo do pico registrado no início deste ano, quando os ataques se intensificaram.
Este incidente serve como um contundente lembrete da crescente ameaça que os grupos militantes representam para a navegação na região. Os bombardeios dos Estados Unidos e do Reino Unido contra os houthis, iniciados em janeiro, não conseguiram sufocar os ataques; ao contrário, tornaram navios associados a essas nações alvos diretos, assim como cargueiros ligados a Israel. Os houthis, em uma postura agressiva em apoio aos palestinos em Gaza, alertaram sobre uma expansão de suas operações, potencialmente afetando até o Mediterrâneo.
Dirk Siebels, analista sênior da Risk Intelligence, enfatizou que “isso é mais um indicativo de como os houthis estão intensificando seus ataques contra navios que foram avisados a evitar o Mar Vermelho.”
Curiosamente, nem todos os navios são afetados pelos altos prêmios de seguro; os navios chineses ainda recebem consideráveis descontos, possivelmente por serem menos frequentemente alvo de ataques.
O Tutor representa a primeira vez que um navio foi atingido com sucesso por um que os militares classificam como uma embarcação de superfície não tripulada (USV), ou seja, um pequeno barco carregado de explosivos. Este navio estava sob a operação de uma empresa que já havia enviado outro navio a Israel, o que o tornava um alvo vulnerável, segundo análises de segurança.
Recentemente construído no final de 2022, o Tutor tinha capacidade para transportar cerca de 80 mil toneladas de carvão e, se novo, seria avaliado em US$ 37,5 milhões, conforme informações da Clarkson Research Services. Esse valor é significativamente superior ao único outro navio, o Rubymar (de 1997), que foi completamente afundado pelos houthis durante a atual Onda de ataques.
Essa série de incidentes, somada à morte de um integrante da tripulação, destaca o impacto severo sobre os marinheiros que jogam um papel crucial na manutenção do comércio global. Em 2022, aproximadamente 9% do comércio marítimo global trafegou pelo estreito de Bab el-Mandeb, segundo dados da Clarkson Research, e essa taxa pode cair em 2024.
Além disso, um ataque separado na semana passada resultou no resgate de um marinheiro gravemente ferido de outro navio, o Verbena, que também foi atacado por um drone.
Em um comunicado, 14 grupos comerciais do setor de transporte marítimo, incluindo a BIMCO, declararam: “Essa situação é inaceitável e esses ataques precisam cessar imediatamente.” O grupo enfatizou a urgência de ações práticas para pôr fim a esses atos de violência contra trabalhadores essenciais e uma indústria vital para a economia global.
Agora, o Tutor descansa no fundo do mar carregado de carvão, e a grande questão será o que acontecerá com ele. Os compartimentos de carga são projetados para resistir e podem manter seus produtos a bordo por décadas, enquanto os destroços provavelmente permanecerão intocados.
A seguradora responsável por riscos como derrames de óleo, a Gard, maior provedora do mundo nesse segmento, provavelmente se verá lidando com a situação, já que o navio foi atingido em uma zona de conflito designada, indicando que o seguro de guerra deverá se tornar a principal forma de cobertura.
Até o momento, a Evalend Shipping, empresa grega que é proprietária do navio, não se manifestou sobre o ocorrido, com llamadas para informações resultando em avisos de que os responsáveis estavam ocupados em reuniões, deixando mensagens sem retorno.
O Comando Central dos Estados Unidos se manifestou afirmando que mais embarcações drones foram destruídas, destacando que essas ameaças permanecem vigentes na região. “A gravidade da questão depende da quantidade de barcos que eles conseguem produzir,” afirmou Samuel Cranny-Evans, do RUSI, centro de estudos em Londres. “Se forem drones de controle em primeira pessoa, poderão ser bem difíceis de interceptar. Ao contrário de um míssil balístico, onde há mais tempo para detectar a ameaça, pode ser que não houvesse embarcações próximas o suficiente para lidarem com a situação de forma eficaz.”
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