Uma nova era se inicia no mercado global: o ouro ultrapassou o euro e se tornou o segundo maior ativo de reserva nos bancos centrais de todo o mundo. Os dados recentes do Banco Central Europeu (BCE) revelam que, no final de 2024, a participação do ouro nas reservas internacionais atingiu impressionantes 20%, enquanto o euro ficou para trás com apenas 16%.
O que está por trás dessa ascensão meteórica? Os preços do ouro praticamente dobraram desde o final de 2022, impulsionados por compras recordes das instituições financeiras. Nos últimos três anos, os bancos centrais adquiriram mais de 1.000 toneladas de ouro anualmente, quase o dobro da média que víamos antes de 2022. Para se ter uma ideia, esses níveis de compra não eram vistos desde o final da década de 1970.
O BCE destaca que a demanda por ouro cresceu significativamente após a invasão da Rússia à Ucrânia, ocorrida em 2022. Esse evento geopolítico fez com que muitos países repensassem suas estratégias de reserva. O relatório afirma que “a demanda por reservas monetárias disparou e se manteve alta” desde então.
A desvalorização das reservas em
moedas do Grupo dos Sete e a crescente inflação elevaram a cautela. Com isso, muitos bancos reduziram a exposição ao sistema financeiro ocidental, levando à valorização do ouro como uma segurança.
Historicamente, existe uma relação inversa entre o preço do ouro e os rendimentos reais; quando os rendimentos aumentam, os investidores tendem a se afastar do metal precioso. Entretanto, essa lógica se inverteu em 2022, quando bancos centrais passaram a acumular ouro como uma proteção contra sanções, mesmo diante do aumento das taxas de juros globais.
Além disso, países com vínculos geopolíticos mais próximos da China e da Rússia têm visto um aumento acentuado em suas participações de ouro nas reservas oficiais desde o final de 2021. Os sinais são claros: a revolução do patrimônio financeiro está em andamento.

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