Mercados
Golden Goose adia IPO devido a temores de mercado
Preocupações com o desempenho das ações levaram a Golden Goose a adiar sua estreia na bolsa de Milão, mesmo com ajustes no valuation.
A Golden Goose Group decidiu, em um movimento inesperado, adiar sua listagem na bolsa de Milão à última hora, temendo que as ações não corressem bem em sua estreia. Essa decisão vem apesar da empresa já ter ajustado suas expectativas de valuation.
Embora houvesse uma demanda considerável pelas ações, a etiqueta de preço estava fixada em € 9,75 — o que é quase o limite inferior da faixa que varia entre € 9,50 e € 10,50. Junto a isso, a crescente volatilidade dos mercados de ações na Europa gerou receios de que as ações enfrentariam uma queda logo após o lançamento, de acordo com fontes próximas ao negócio.
A escolha de adiar o IPO ocorre em um contexto onde as ações de luxo já enfrentam um cenário complicado, com meses de queda devido a incertezas sobre lucros e a demanda no mercado chinês. Adicionalmente, o retorno de riscos políticos após as recentes eleições na União Europeia aumentou a sensação de instabilidade. A Golden Goose mencionou essas condições desafiadoras ao justificar sua decisão de atrasar a listagem.
Assumindo um papel cauteloso, a Permira, apoiadora da marca, pode ter se lembrado do fracasso da estreia da britânica Dr. Martens em 2021, onde as ações desvalorizaram 78% desde sua listagem em Londres, após várias revisões de lucro.
“Não parecia o momento ideal”, comentou Mark Nelson, analista sênior da Killik & Co., em relação ao IPO adiado da Golden Goose. “Eles operam em um segmento diferente, focado em tênis, sem a mesma força de grandes nomes como Hermes ou Brunello Cucinelli”, ele observou. “Claramente, eles têm desafios em comparação com essas marcas de prestígio”.
O atraso na listagem da Golden Goose destaca as dificuldades que empresas de private equity enfrentam para realizar saídas de seus investimentos. Apesar da pressão crescente dos investidores para que essas companhias ofereçam retorno financeiro, as saídas — via vendas ou IPOs — continuam a ser um grande desafio, em meio a um mercado que luta para equilibrar a diferença entre compradores e vendedores.
Além disso, a fraqueza no mercado de luxo é amplamente conhecida, com algumas marcas oferecendo descontos sem precedentes na China. Um índice que reflete o desempenho de gigantes como LVMH e Moncler viu sua avaliação desvalorizar quase 13% nos últimos três meses, com múltiplos caindo para 26 vezes os lucros futuros, um número bem abaixo das 34 vezes registradas em 2021.
A Golden Goose, com sede em Milão, pretendia colocar no mercado cerca de 10,5 milhões de ações, enquanto sua acionista majoritária, a Permira, planejava oferecer 43,6 milhões de ações existentes, com a sua estreia na bolsa inicialmente programada para o dia 21 de junho.
Se o IPO ocorresse no topo da faixa de preço, ele poderia levantar até € 595,7 milhões (aproximadamente US$ 640 milhões) e avaliar a empresa em € 1,7 bilhão, caso os subscritores escolhessem a opção de lote suplementar, conforme cálculos da Bloomberg. A Invesco estava definida para comprar € 100 milhões das ações como investidor âncora, segundo o comunicado divulgado.
Vale ressaltar que, caso o IPO tivesse ocorrido, seria a maior listagem em Milão desde a venda de € 599 milhões da operadora de jogos Lottomatica, realizada em maio do ano passado.
No cenário atual, outras empresas também estão adiando seus IPOs, como a Flix, que recentemente cancelou seus planos de listagem em Frankfurt para junho, segundo a Bloomberg News.
Entretanto, algumas companhias continuam determinadas a seguir seus caminhos. Na terça-feira, a empresa de panificação Europastry anunciou sua intenção de realizar uma oferta pública inicial nas bolsas espanholas. Além disso, a CVC Capital Partners está se preparando para listar a varejista polonesa Zabka Polska em setembro, com avaliações que estimam o negócio entre US$ 7,5 bilhões a US$ 8 bilhões, também segundo informações da Bloomberg News.
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