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Gigantes da tecnologia desiludem em balanços: e agora, IA?

A Amazon, Microsoft e Alphabet decepcionaram investidores, mostrando que investimentos em IA ainda não geraram retornos reais.

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A temporada de balanços trouxe à tona uma realidade desconcertante para algumas das maiores companhias de tecnologia do planeta. A Amazon, a Microsoft e a Alphabet, proprietária do Google, tinham uma missão crítica: provar que seus investimentos massivos em inteligência artificial (IA) estariam se transformando em resultados financeiros concretos. No entanto, a resposta de Wall Street foi um claro sinal de descontentamento.

As ações da Alphabet despencaram 6,1% desde a divulgação de seus resultados na semana passada. A Microsoft viu suas ações caírem logo após a apresentação, enquanto a Amazon, que apresentou seus números na quinta-feira, registrou uma queda alarmante de mais de 8% nas trocas em Nova York nesta sexta-feira (2).

O Vale do Silício havia projetado 2024 como o ano em que a IA generativa, capaz de criar textos, imagens e vídeos a partir de simples comandos, seria implementada em larga escala, gerando lucros significativos para empresas como Gemini do Google e a Copilot da Microsoft. Porém, a realidade é que esses retornos ainda permanecem distantes, despertando uma preocupação crescente sobre a verdadeira aplicabilidade da IA no mercado.

Entretanto, nem todos os relatórios foram negativos. As três gigantes da tecnologia relataram um crescimento robusto em suas divisões de computação em nuvem, o segmento mais propenso a se beneficiar da IA generativa dado o seu elevado consumo de recursos computacionais.

No entanto, o crescimento da nuvem não foi suficiente para acalmar um mercado ansioso por resultados palpáveis após esses gigantes investirem fortemente em data centers e outras infraestruturas relacionadas à IA. A Amazon, por exemplo, projetou uma receita operacional para o terceiro trimestre abaixo das expectativas dos analistas em seu anúncio na quinta-feira (1). O CEO Andy Jassy tem liderado uma estratégia de cortes de custos para liberar capital para os investimentos em IA. “É realmente um sinal positivo quando ampliamos nossos gastos de capital”, destacou o CFO da Amazon, Brian Olsavsky.

As despesas de capital da empresa alcançaram a impressionante cifra de US$ 30,5 bilhões no primeiro semestre, principalmente direcionados à sua unidade de nuvem, a AWS.

Jassy enfatizou que a Amazon desenvolveu algoritmos avançados para guiar suas escolhas de investimento, visando garantir capacidade de atender à demanda sem comprometer os lucros. Ele garantiu que os gastos se justificarão ao projetar um “negócio de receita multibilionária” no futuro.

No que tange à Alphabet, o prognóstico para o crescimento da IA foi considerado vago. A diretora de investimentos, Ruth Porat, afirmou em uma teleconferência com analistas que a empresa está colhendo os frutos de sua presença em IA, infraestrutura e soluções de IA generativas para clientes de nuvem, porém sem esclarecer detalhes sobre o impacto dessas iniciativas sobre o crescimento da nuvem.

As apreensões do mercado em relação às despesas de capital, que totalizaram US$ 13,2 bilhões no último trimestre, ofuscaram vendas que superaram as expectativas, resultando em uma queda de 5% nas ações no dia seguinte ao anúncio.

A Microsoft também não ficou imune a críticas, com o crescimento das vendas de seu serviço de computação em nuvem, o Azure, desacelerando em comparação ao período anterior. Durante uma teleconferência, analistas questionaram os executivos sobre a sustentação do crescimento das vendas frente aos altos investimentos. O CEO Satya Nadella defendeu os gastos, atribuindo-os à demanda dos consumidores.

Em contraposição a essa tendência de desilusão, a Meta, controladora do Facebook, conseguiu superar as previsões de gastos de capital, citando investimentos em IA que resultaram em receitas acima do esperado no segundo trimestre. O CEO Mark Zuckerberg correlacionou os gastos em IA a melhorias significativas em anúncios e recomendações de conteúdo, classificando-os como um sacrifício imediato com vistas a retornos futuros.

Além disso, a Apple, em sua divulgação de resultados na quinta-feira (1), afirmou que os novos recursos de IA poderiam impulsionar atualizações do iPhone, ajudando a minimizar os efeitos de uma desaceleração nas vendas que principalmente afetou suas operações na China.

Desafios para fabricantes de chips

A reação aos elevados gastos levantou preocupações também para as empresas que se beneficiaram do crescimento da IA: as fabricantes de chips. As ações da Nvidia (NVDA) caíram 6,7% na quinta-feira e seguiam com uma queda de cerca de 3% na sexta. A SK Hynix, principal fornecedora de chips de memória para IA, caiu 10% nas negociações em Seul na sexta-feira, parte de uma tendência de queda mais ampla nas ações de semicondutores na Ásia, incluindo Taiwan Semiconductor Manufacturing e Samsung.

Empresas que fornecem equipamentos para a indústria de chips, como ASML Holding NV e Tokyo Electron, também enfrentaram perdas.

Além disso, a Intel teve um de seus piores dias na bolsa, visto que perdeu participação de mercado para líderes em IA, como a Nvidia. Para justificar o colossal montante de US$ 1 trilhão a ser gasto em infraestrutura de IA nos próximos anos, as empresas precisam demonstrar que a tecnologia pode resolver desafios cada vez mais complexos.

Essa expectativa vai além das melhorias incrementais que a IA pode oferecer em áreas como programação e publicidade, afirmaram analistas do Goldman Sachs. Jim Covello, chefe de pesquisa sobre ações, previu que a maré poderá voltar contra o rali da IA dentro de um ano e meio, se soluções mais impactantes não começarem a ser apresentadas.

Recentemente, em uma entrevista, Zuckerberg defendeu os investimentos em IA de sua empresa e instou o mercado a manter um olhar otimista sobre o futuro: “Acredito que qualquer empresa investindo agora está fazendo uma escolha racional; as consequências de ficar para trás é não estar preparada para a tecnologia crucial dos próximos 10 a 15 anos”.

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