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Geórgia: Conflitos intensificam com polícia usando canhões de água em protestos

Protestos eclodiram após anúncio do governo adiando negociações para adesão à UE até 2028.

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A presidente da Geórgia, Salome Zourabichvili, está determinada a lutar contra a tentativa do partido no poder de substituí-la. Na segunda noite de protestos em Tbilisi, a polícia de choque utilizou gás lacrimogêneo e canhões de água para dispersar manifestantes que contestavam as ações do governo.

A agitação tomou conta das ruas enquanto milhares se reuniam em frente ao parlamento. Quando a polícia tentou controlar a situação, motoristas de táxi formaram um cordão de proteção entre os cidadãos e as forças de segurança.

Esses protestos foram desencadeados por uma recente decisão do partido no poder: adiar as negociações para a adesão à União Europeia até 2028. Zourabichvili, apesar de seu papel cerimonial, se posicionou abertamente contra o que chamou de “operação especial russa”, alertando que tal estratégia enfraquece a árdua luta da Geórgia pela integração à UE e à Otan.

Kaja Kallas, recém-nomeada como a principal diplomata da UE, deixou claro em um post na plataforma X que as decisões do governo de Tbilisi terão “consequências diretas” nas relações com a União Europeia.

Enquanto isso, os Estados Unidos suspenderam sua parceria estratégica com a Geórgia, citando “ações antidemocráticas” do partido Georgian Dream. O porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, enfatizou que o afastamento do país das relações com a Europa o torna “mais vulnerável ao Kremlin”.

O primeiro-ministro Irakli Kobakhidze, em uma mensagem no Facebook, classificou as ações dos EUA como “temporárias” e argumentou que a administração Biden estava deixando questões difíceis para o futuro presidente Donald Trump. “Vamos esperar pela nova administração e discutir tudo com eles”, afirmou.

Em resposta às mudanças de direção, vários embaixadores da Geórgia na Europa renunciaram em protesto, deixando claro o descontentamento com as políticas atuais do governo.

Embora Zourabichvili tenha culpado as forças de segurança pelo aumento da violência, Kobakhidze responsabilizou “radicais e seus líderes estrangeiros”, chamando a comunidade internacional a interromper o incentivo a protestos inflacionados que fomentam o ressentimento anti-europeu na Geórgia. “A Geórgia é um país com instituições fortes que avança em direção à integração europeia”, enfatizou.

O Georgian Dream, que é liderado pelo bilionário Bidzina Ivanishvili, venceu as eleições parlamentares de outubro, garantindo seu governo por mais quatro anos. Porém, legisladores da oposição se recusam a reconhecer a legitimidade do novo parlamento, alegando fraude nas eleições.

Vale lembrar que a Geórgia fez um pedido formal de adesão à UE em 2022, juntamente com a Ucrânia e a Moldávia, mas até o momento não abriu oficialmente o processo de negociação, que pode se estender por anos.

Na última semana, o partido no poder selecionou Mikheil Kavelashvili, ex-jogador de futebol e atual legislador, como seu candidato à presidência nas eleições de 14 de dezembro, numa tentativa de substituir a pró-europeia Zourabichvili. O novo presidente será eleito por um Colégio Eleitoral, composto por 300 pessoas, incluindo todos os membros do parlamento, sob novas regras constitucionais que entrarão em vigor este ano.

Zourabichvili, em um discurso televisionado, denunciou as eleições de outubro como ilegítimas, declarando ser “a única instituição independente e legítima” restante na Geórgia. “Sem um parlamento legítimo, não há presidente legítimo ou cerimônia de inauguração. Por isso, continuo a exercer minhas funções como presidente”, afirmou a líder em meio à turbulência política.

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