Centenas de milhares de apoiadores se reuniram no domingo para prestar homenagens a Hassan Nasrallah, ex-líder do Hezbollah, e a seu sucessor, Hashem Safieddine, enquanto Israel intensificava seus ataques aéreos no Líbano. Essa foi a maior ofensiva do governo israelense na região desde o cessar-fogo de novembro.
A morte de Nasrallah e Safieddine em setembro representou um duro golpe para o Hezbollah, o grupo militante mais poderoso do Irã, num dos momentos mais críticos do atual conflito com Israel. Após seus assassinatos, as forças israelenses intensificaram suas operações militares no Líbano, incluindo uma incursão terrestre.
No dia 27 de setembro, Nasrallah, que evitou aparições públicas por anos e havia se tornado alvo de Israel, foi gravemente ferido durante um ataque aéreo israelense enquanto se reunia com outros líderes do Hezbollah em um bunker subterrâneo. No total, cerca de 30 pessoas perderam a vida nesse ataque.
No último domingo, as Forças de Defesa de Israel confirmaram ataques direcionados a locais militares do Hezbollah em resposta a ameaças representadas pelos armamentos do grupo. Enquanto isso, o apoio popular ao Hezbollah se manifestou com pessoas se dirigindo a Beirute para o funeral, mesmo com os bombardeios em curso.
Os voos rasantes de caças israelenses sobre Beirute durante o funeral serviram como um lembrete sombrio das tensões que envolvem a região. O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, deixou claro que a mensagem era uma advertência: ameaçar Israel terá consequências fatais.
Durante o evento, o novo líder do Hezbollah, Naim Qasem, convocou seus apoiadores a comparecerem ao funeral no estádio nacional como um sinal de força do grupo. Do Irã, uma delegação de alto nível, incluindo o ministro das Relações Exteriores, Abbas Araghchi, enviou suas condolências.
Email Qasem reforçou a resiliência do Hezbollah, afirmando que a resistência continua forte e unida.
Embora o presidente libanês, Joseph Aoun, e o primeiro-ministro, Nawaf Salam, tenham sido convidados, ambos não estiveram presentes. O primeiro-ministro enviou um representante, o ministro do Trabalho, sublinhando a hesitação do governo em se alinhar fortemente com o Hezbollah.
O funeral foi adiado devido a preocupações de segurança, mas a necessidade de prestar homenagem a Nasrallah prevaleceu. Em meio ao tenso clima de segurança, Israel recuou suas tropas, exceto por cinco postos avançados ao longo da fronteira com o Líbano.
Multidões de enlutados no estádio mostraram demonstrar ao mesmo tempo tristeza e apoio. O caixão de Nasrallah, coberto com a bandeira amarela do partido, foi recebido com aplausos e lágrimas enquanto passava por um ambiente cheio de apoiadores, alguns ostentando fotografias do ex-líder.
O Hezbollah esperava que o funeral fosse mais do que um evento de luto, mas um marco de apoio e unidade. Nasrallah será sepultado em local simbólico entre Beirute e seus subúrbios, enquanto Safieddine será enterrado em sua cidade natal.
Com 32 anos de liderança, Nasrallah foi uma figura central para o Hezbollah, transformando-o em uma das milícias mais influentes do mundo, importante para os interesses do Irã na região.
Firas Maksad, do Middle East Institute, descreveu Nasrallah como o líder mais carismático e influente da história recente do Líbano, moldando políticas e instituições. O Hezbollah construiu uma vasta rede social, política e militar, que sofreu sérios danos devido à campanha militar de Israel.
A ofensiva israelense resultou em milhares de mortes e um deslocamento massivo de pessoas, após o Hezbollah iniciar ataques a Israel em solidariedade ao Hamas em outubro de 2023.
O assassinato de Nasrallah, junto à perda da influência do Hezbollah e o colapso do regime de Assad na Síria, complicou ainda mais o eixo regional do Irã.
O ministro iraniano das Relações Exteriores advertiu que qualquer tentativa de subestimar a força do Hezbollah seria um erro, reafirmando que a resistência permanece firme e comprometida com suas causas, apesar das pressões internacionais.
Tanto o Hezbollah quanto o Hamas são considerados organizações terroristas pelos Estados Unidos e por uma série de outros países.

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