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Fundos Hedge Correm Risco: O Que Está Acontecendo com os Treasuries?
Nervosismo nos EUA cresce com reviravoltas no mercado de treasuries, onde os fundos hedge estão apostando alto e podem se queimar a qualquer momento.
Os fundos hedge estão em alerta máximo! Ao adotarem uma estratégia arriscada e altamente alavancada em títulos do Tesouro, eles enfrentam o perigo iminente de uma mudança drástica na curva de rendimentos das treasuries. A situação se complica com as taxas de curto prazo superando as de longo prazo em até um ponto percentual, sinalizando uma possível inversão prolongada que poderia devastar essa tática de negociação.
A abordagem de negociação de base, que se concentra na diferenciação de preços entre títulos à vista e futuros, ressurgiu após colapsar de forma dramática durante a pandemia em 2020. Seu funcionamento depende de um ambiente de baixa volatilidade, algo que, dados os atuais níveis extremos das taxas nos EUA, é um convite ao desastre.
Se a curva de rendimentos sofrer uma inclinação repentina, seja devido ao aumento das taxas de longo prazo ou à queda das de curto, os operadores poderão se ver forçados a fechar suas posições precipitadamente. James Novotny, da Jupiter Asset Management, descreve essa dinâmica como “pegar centavos na frente de um rolo compressor” — uma estratégia que pode se transformar em um grande risco quando a volatilidade está prestes a subir.
Recentemente, os dados indicam que os operadores alavancados mantêm suas posições em treasuries, impulsionados pela ação de gestores de ativos que buscam proteção contra a volatilidade das taxas de juros. Uma pesquisa do JPMorgan revela que essa análise cohort está com a sua maior posição líquida longa desde 2010, intensificando ainda mais as apostas no mercado.
Detalhes da Estratégia Arriscada
Os fundos hedge que se envolvem em operações alavancadas através de empréstimos comerciais estão explorando a diferença de preço entre futuros do Tesouro e títulos à vista. A experiência de março de 2020, quando o mercado perdeu a confiança e o Federal Reserve precisou intervir com mais de US$ 5 trilhões, permanece fresca na memória dos investidores.
Esse fenômeno não se limita apenas aos títulos do Tesouro dos EUA; investidores no mercado japonês também enfrentaram dificuldades quando mudanças nas políticas de compra de dívida pelo banco central japonês causaram um tumulto semelhante. Agora, todos os olhos estão voltados para o potencial impacto de mudanças rápidas nas taxas dos EUA que podem afetar as curvas de rendimento globalmente.
Andres Sanchez Balcazar, da Pictet Asset Management, destaca que os fundos hedge estão vendendo futuros de treasuries, sinalizando a crença de que os preços estão distorcidos para baixo. Contudo, existe uma preocupação crescente com o que aconteceria em caso de “apertos de liquidez”, especialmente se essas operações falharem.
O nervosismo aumentou depois que a curva de treasuries se tornou mais negativa, e os rendimentos de curto prazo subiram após os comentários do presidente do Fed, Jerome Powell, que insinuou possíveis aumentos nas taxas de juros. Apesar de alguns otimismo ter diminuído, dados da Commodity Futures Trading Commission mostram que os fundos hedge ainda não abandonaram todas as suas expectativas de suporte de política monetária.
Hideo Shimomura, da Fivestar Asset Management, não descarta que um grande ajuste nas taxas dos EUA possa desencadear uma volatilidade intensa, colocando em risco as atuais posições de negociação de base. A situação é crítica, dado que uma correção nos rendimentos poderia forçar liquidações significativas.
Movimentos Potencialmente Explosivos
A inquietação no mercado de Treasuries não é apenas local; ela ressoa globalmente. Leonard Kwan, do T. Rowe Price Group, observa que as negociações de base podem criar um “impulso” que resulta em movimentos explosivos em ambas as direções. Se bem-sucedidos, esses movimentos geralmente indicam dificuldades de financiamento.
No entanto, existem vozes que consideram as preocupações exageradas. A Abrdn apontou que a volatilidade atual do mercado de títulos é substancialmente maior do que antes da pandemia, exigindo choques mais significativos para desencadear flutuações impactantes nas operações de base. Apesar da recente estabilização, essas oscilações ainda estão quase duas vezes maiores do que os níveis vistos no início de 2020.
James Athey, da Abrdn, acredita que os riscos de uma explosão repentina nas operações de base diminuíram em comparação com a situação de março de 2020, quando o mercado estava em um período de maior estabilidade.
O Papel do Aperto Quantitativo
Além das previsões sobre as taxas de juros, o Citigroup sugere que o aperto quantitativo está contribuindo para a capacidade dos fundos hedge de explorarem as diferenças nos preços das negociações de base. À medida que a liquidez diminui, os gestores de ativos estão realocando sua exposição de duração de futuros para títulos à vista, criando novas oportunidades para os fundos hedge.
Os dados da CFTC mostram um posicionamento recorde em futuros por parte de fundos alavancados, enquanto as posições em ativos à vista refletem essa dinâmica de forma quase oposta. Enquanto aguardam uma mudança de taxa do Fed, os analistas ponderam sobre as consequências de um possível colapso das operações de base.
Segundo Hamza Ayub, da Farro Capital, se essas táticas falharem, poderemos testemunhar uma “volatilidade não intencional e desnecessária no mercado do Tesouro”, resultando em riscos sistemáticos e maior participação de fundos hedge nas negociações de base, sem dúvida um assunto de preocupação para os investidores e gestores do mercado.
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